A Câmara Municipal de Fernandópolis recebeu ofício encaminhado pelo prefeito Luiz Vilar de Siqueira (DEM), pedindo o acompanhamento dos vereadores em medição das obras da CDHU, de responsabilidade da empresa Pedreiros Pavimentação e Construção Ltda, medição essa extra-oficial e que teria sido solicitada pelo prefeito ao arquiteto Dario Thomaz Junior, que é seu secretário de Obras.
Os vereadores atenderam ao oficio e se dirigiram até o CDHU para acompanhar a medição, que deverá ser peça de defesa do prefeito. Porém, decidiram ir embora após serem repreendidos por Dario. Do alto de seus indefectíveis óculos escuros, o secretário bradou aos vereadores: “Vocês não podem perguntar nada!”
A Prefeitura pretendia mostrar detalhes nas construções, contestando denúncias formuladas pelo advogado Fausto Pinato e que motivaram a criação de comissões processantes contra a atual administração. Uma dessas comissões trata justamente da construção das 300 casas – na verdade, até agora, somente 253 foram edificadas.
No entanto, já na primeira casa, a moradora afirmou a Dario e aos vereadores Cândida Nogueira, Neide Garcia, Julio Zarola e Rogério Chamel, que sua casa estava com uma série de irregularidades e que nenhum tipo de trabalho havia sido feito na casa após a entrega da chave, no dia em que o governador Geraldo Alckmin inaugurou o conjunto habitacional.
Visivelmente decepcionado, o secretário partiu para a segunda casa, onde a principio a moradora afirmou que a moradia havia sido pintada depois que ela já havia entrado no imóvel. Entretanto, seu marido, que estava sentado na área, discordou da mulher, afirmando que “nenhum serviço foi feito depois que entramos na casa”.
Diante da discórdia o vereador Rogério Chamel repetiu a pergunta ao marido da moradora, mas foi interrompido por Dario. “Chamel, quem está fazendo a medição sou eu ou é você?”, perguntou de forma irônica ao vereador.
Deu-se aí um principio de discussão, onde Dario afirmou que os vereadores estavam ali “apenas para acompanhar os trabalhos”, de forma que eles não estariam aptos a fazer perguntas. “Então é assim: nós não podemos fazer perguntas?”, retrucou o vereador Chamel, ao que Dario recebeu a confirmação do secretário.
Após a discussão, Dario perguntou de forma abrupta à moradora: “A casa foi pintada antes ou depois que vocês entraram na casa?”. A mulher negou o que o marido afirmara e sustentou que a casa havia sido pintada depois que eles entraram na residência.
Revoltado com a interrupção e certo de que essa medição não seria feita de forma idônea, Chamel decidiu abandonar o grupo e foi seguido pelos outros vereadores. “Eu estou vendo aqui que eles irão visitar apenas “casas marcadas”, e eu não vou acompanhar essa farsa”, disse Chamel.
Também revoltados com a situação, os demais vereadores decidiram deixar a comitiva que passava pelas casas e foram embora. “Pelo que eu pude entender, nós não temos nada para fazer aqui. Se nós não podemos perguntar nada, não existe motivo algum para estarmos aqui”, disse Candinha a Dario.
Depois disto, Candinha, Zarola e Neide Garcia – ou seja, todos os vereadores presentes - também foram embora, deixando apenas Dario e os integrantes da empreiteira no local.
Resta indagar: será que algum juiz do planeta aceitaria uma medição feita por um subordinado do denunciado?