Há um ano, transplante renal deu vida nova a “Sabinão”

20 de Agosto de 2025

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Há um ano, transplante renal deu vida nova a “Sabinão”
 Na última quinta-feira, 27, João Sabino Filho, de 54 anos, comemorou o primeiro aniversário do transplante de rim que lhe devolveu a saúde. O órgão foi doado pela irmã mais velha, Tereza, que contava 62 anos no dia da cirurgia. O ato humanitário da irmã estreitou ainda mais o relacionamento dos dois. Tereza conta que, no dia seguinte, os médicos invadiram seu quarto e lhe disseram: “Seu rim é ‘animal’! O João já expeliu 14 litros de urina e até ficou desidratado!”. Nascido em Mirassol, “Sabinão”, como é conhecido, veio morar em Brasitânia com apenas quatro meses de vida, em 1957. Em 1960, a família se mudou para Fernandópolis. Há doze anos, é assessor do deputado Julio Semeghini. Hoje, ele vive com as filhas Ana Carolina (enfermeira do SAMU) e Juliana (estudante de nutrição e responsável por sua alimentação). Ciente de que pode ser um porta-voz das campanhas por doação de órgãos, Sabinão remeteu um emocionante e-mail para os amigos, falando do seu périplo. A cópia desse e-mail, você lê abaixo:
                                    “Lembra dessa mensagem?
 Agora é pra valer, na próxima segunda feira, dia 25/10, vou me internar no Hospital de Base em São José do Rio Preto, para na quarta feira fazer o transplante do Rim, estou com muita fé em Deus que vai dar tudo certo, com certeza estarei aqui em breve para continuarmos esta maravilhosa amizade por nós adquirida, peço que tenha pensamento muito positivo, tanto por mim, quanto pra minha irmã Tereza, que é a doadora do Rim.
Abraços – Sabino
Um ano transplantado, uma nova vida, um presente de Deus
Lembra do anexo anterior? Tá fazendo um ano hoje, com as graças de Deus, da minha irmã Tereza, dos médicos e de todos vocês meus Amigos que fizeram muitas orações, me passaram muitas energias e correntes positivas; Graças a tudo isso, estou muito feliz, com muita saúde, e esperança de vida longa”.
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CIDADÃO: Quando você começou a ter problemas de saúde?
SABINO: Há exatamente seis anos. Um dia acordei com tonturas. Fui ao hospital, a pressão estava 22 por 12. Aí, fui medicado e fiz uma série de exames que constataram a insuficiência renal. Eu tinha 48 anos. A partir daí, o dr. Nilson Abdala iniciou o tratamento à base de medicamentos. Nessa época, eu só tinha 25% dos rins funcionando. O dr. Nilson acreditava que eu ainda conseguiria ficar um ano e meio sem fazer hemodiálise, mas consegui ficar quatro anos, porque me dediquei plenamente ao tratamento: fiz dieta, perdi peso. Fazia os exames regularmente. Depois de quatro anos, porém, o rim só tinha 10% de funcionamento. Aí passei a fazer hemodiálise, o que durou dois anos. Felizmente, a unidade de hemodiálise de Fernandópolis é excelente, uma verdadeira referência no país. Aí, apareceu a possibilidade de fazer o transplante, em outubro do ano passado.
CIDADÃO: A convivência com outros doentes renais durante as sessões de hemodiálise lhe ensinou alguma coisa importante?  
SABINO: Foi uma experiência importante. Antes, não tinha noção do que era o drama da hemodiálise. Via gente passando mal ao meu lado, gente debilitada, gente morrendo de um dia para o outro. Aí começa um processo de valorização e de respeito à vida, como a gente nem imaginava que seria capaz. É impressionante.
CIDADÃO: Alguma coisa mudou em você durante a odisséia da insuficiência renal, com relação à religiosidade?
SABINO: Creio que sim. A gente, que até então acreditava em Deus, mas era um pouco “folgado” em relação à religião, passa a ficar mais apegado a Deus, às questões espirituais. Hoje (quinta-feira) está fazendo um ano da cirurgia. Fui internado no dia 25, fiz um pré-operatório e fui operado em 27 de outubro de 2010, às 7h.
CIDADÃO: Como foi escolhido o doador?
SABINO: É nessas horas que você vê que tem a mão de Deus. A única pessoa que se prontificou a fazer os exames de compatibilidade foi a minha irmã – e foi a única que deu certo. Não teve problema algum com a única doadora.
CIDADÃO: Ela doou o rim esquerdo ou direito?
SABINO: Ela doou o esquerdo, mas no meu caso, não existe esquerdo nem direito. O transplante é do rim. Ele é colocado num local adaptado – aliás, hoje eu tenho três rins, porque não são retirados os outros. O rim foi colocado sobre a bexiga.
CIDADÃO: A recuperação da sua irmã foi rápida?
SABINO: Sim, no terceiro dia ela já voltou para Fernandópolis.
CIDADÃO: Onde foi a cirurgia?
SABINO: No Hospital de Base de São José do Rio Preto. Foi feita pela equipe do Instituto de Urologia de Rio Preto. Tanto que os meus retornos, hoje, não são no HB, e sim no Instituto.   
CIDADÃO: Você me disse que mede 1,96m. Quanto você pesava, antes de ficar doente?
SABINO: Cento e trinta quilos. Com a doença, cheguei a pesar 83. Hoje, estou com 100 quilos. A equipe disse que está bom, mas não posso passar disso. E me mandaram diminuir a comida porque o remédio para evitar rejeição provoca um apetite muito grande.
CIDADÃO: Como você analisa sua recuperação?
SABINO: Foi excelente. Na primeira etapa, fiquei 14 dias internado e tive alta. Depois de três dias, fiz um retorno, onde passei por uma série de exames. Acabei sendo internado por mais três dias porque o potássio tinha subido muito. Tive que passar por uma biópsia para descartar a hipótese de estar ocorrendo uma rejeição. Depois disso, não tive mais problemas.
CIDADÃO: O que você não pode comer?
SABINO: Quando saí do hospital, não podia comer nada cru. Tudo tinha que ser muito bem cozido. Meus talheres tinham que ser individuais e esterilizados, o quarto super-higienizado, eu precisava quase que viver numa “bolha”. A partir dos seis meses, já podia comer saladas cruas, mas muito bem lavadas. Hoje, posso comer praticamente tudo. E não é bom comer alimentos amanhecidos, a não ser que congelados. Tomo hoje 13 comprimidos por dia – já cheguei a tomar 38. Esses remédios acabam baixando a resistência. O transplantado tem baixa resistência a gripes, infecções e tal. Evito lugares fechados e com muita gente. De resto, vida normal.
CIDADÃO: A sua micção hoje é normal?
SABINO: Sim, eu urino muito. A cada 30 dias, faço um exame de urina 24 horas. A média é de 2,5 litros, três litros. Eu bebo uns três litros de água por dia. Isso é bom, porque faz o rim trabalhar.
CIDADÃO: Qual é o significado da sua mensagem na Internet?
SABINO: Minha intenção foi dizer que quem puder deve e precisa doar órgãos. No caso dos rins, só fazendo para saber descrever o inferno da hemodiálise. Dar vida, ou melhor, dar sobrevida às pessoas é algo divino. Nos 18 dias que fiquei no Hospital de Base, convivi com vários tipos de pacientes transplantados e pude ver a felicidade dessas pessoas. A doação de órgãos deve ser feita sem hesitação.