Problema é tão grave que moradores preferiam que as ruas continuassem de terra batida
A dona de casa Luiza Lurdes está desesperada com a perspectiva de novas enchentes em sua casa, com a chegada da estação chuvosa. Seus vizinhos – o casal Maria José e Paulo Barbosa de Siqueira – tentam a utilização de um débil recurso: a colocação de algumas placas de concreto junto à guia de sarjeta em frente da casa.
Eles são moradores da Rua Cenafonte Cecato, no Jardim Rosa Amarela, na região oeste de Fernandópolis. O problema começou em agosto, quando a prefeitura asfaltou a rua. Acontece que não foram feitas as necessárias galerias de captação de águas pluviais, contrariando o que está expresso na Emenda à Lei Orgânica do Município nº 12, de 7 de outubro de 2009.
Essa emenda, que nasceu de um projeto do vereador André Pessuto, estabelece em seu parágrafo 3º: “Fica proibida a execução de obras de pavimentação asfáltica de vias públicas antes da concretização das obras de galerias de captação de águas pluviais consideradas necessárias e imprescindíveis, conforme projeto de engenharia previamente elaborado para essa finalidade”.
GALERIA ZERO
Entretanto, o Departamento de Obras ignorou solenemente o dispositivo legal e asfaltou a rua, num trecho de grande declive. Com isso, as chuvas que caem nas pistas das ruas Paulino Ricardo de Paula e Adelpho Quaiotti formam uma grande enxurrada que vai “bater” diretamente nas casas da Cenafonte Cecato.
Muito muro já caiu por ali, garantem os moradores. Segundo dona Maria José, um grande temporal que desabou em 2000 provocou enorme estrago em sua residência. Agora, ela teme pelo pior: “Naquele tempo, a rua não era asfaltada. Agora, se der uma chuva forte como aquela, não sei o que será de nós”, preocupa-se.
VEREADORES
No início desta semana, os vereadores José Carlos Zambon e Candinha Nogueira visitaram o local. Entre lágrimas, a dona de casa Luiza Lurdes contou-lhes o drama dos moradores. Um amigo da família, o “Robertão da AVCC”, explicou que muitas reclamações já foram feitas inutilmente à administração. “Os políticos fazem asfalto, que aparece e dá voto, mas não fazem as galerias, que ficam escondidas sob a terra e não dão voto”, fulminou.
Candinha Nogueira explicou que encaminhará pedido de informações ao prefeito Luiz Vilar de Siqueira: “Isso não pode ficar assim, é um grande absurdo”, criticou. Zambon, que é engenheiro, criticou a obra, “tecnicamente incorreta e ao arrepio da lei”. Ele prometeu tratar do assunto na próxima sessão ordinária da Câmara de Vereadores.