Quando um grupo de empresários adquiriu uma área de 24.200 m2 encravada entre a SP-320 e a Cohab “Antonio Brandini”, há quase duas décadas, o objetivo principal era fazer do imóvel um polo de desenvolvimento empresarial.
Passados tantos anos, esse polo continua sendo o objetivo de Ariovaldo Luiz Alduíno, um dos integrantes do grupo. Com o início das obras de duplicação da Rodovia Euclides da Cunha, aparentemente, o plano afinal iria vingar.
Contudo, ficou constatado que o projeto de duplicação do DER não previa uma via marginal para a área, situada no perímetro urbano de Fernandópolis. Detalhe: essa via marginal será fundamental não só para a execução do projeto como também para desafogar o trânsito complicado de acesso às Cohabs “Antonio Brandini” e “João Pimenta”.
Na verdade, há anos que esses bairros padecem com a precariedade do acesso. Quem passa sobre o pontilhão da SP-320 em direção à Rodovia Percy Waldir Semeghini sofre com as freadas inesperadas de veículos à frente: são motoristas que querem entrar na Cohab, mas precisam frear sobre a pista porque o acostamento não existe e os buracos são infindos.
“O ideal é que se faça o trecho da marginal da SP-320 e na sequência um trecho de marginal na Percy Semeghini”, sugere Chico Arouca, ex-vereador e líder comunitário no bairro. Morador da Cohab há mais de 30 anos, Chico assegura que isso desencadeará uma onda “formidável” de progresso.
ACESSO
Um rápido passeio pelo local mostra que o ex-vereador tem razão. Desde sua inauguração, por volta de 1980, o sistema viário da Cohab se mostrou ineficiente, principalmente no setor sul. Ali, há uma ligação precária, praticamente improvisada, o que já levou a sérios acidentes.
Além disso, o Córrego do Engenho, que passa no local, precisa de canalização e obras de saneamento básico. O curso d’água passa atrás da Escola Pedro Malavazzi, e o assoreamento já ameaça o muro da escola. Essa obra - orçada em R$ 1,7 milhão pela equipe do prefeito Vilar – se realizada estabelecerá grandes mudanças na região, garante Chico Arouca.
José Carlos Leal é serralheiro e possui imóveis no ponto onde termina o asfalto da Avenida Literio Grecco (os cerca de 500 metros de via marginal reivindicados seriam o prolongamento dessa avenida). A partir dali, tem início um caminho de terra calçado com entulhos. Leal assegura que recebeu promessas da prefeitura de melhoramentos na área, que na verdade não vieram.
‘PATINHO FEIO’
Segundo Ari Alduino, é exatamente ali que deveria, na sua concepção, passar a via marginal. O empresário e os outros quatro proprietários da área pretendem construir, ao todo, 26 galpões para empresas e um posto de gasolina. “O projeto depende totalmente da construção dessa via marginal”, explica.
Ari argumenta que “será bom para todo mundo”, porque serão gerados empregos e divisas para o município. No dia 10, ele esteve em São Paulo com Chico Arouca e Ricardo Saravalli, ex-candidato a deputado. Eles tiveram audiência com o secretário estadual da Gestão Pública, Julio Semeghini.
“Não senti muita ‘firmeza’ no Julio, ele disse que o governador (Alckmin) anda apertando o cinto”, lastimou Chico Arouca. Para Ricardo Saravalli, esse sinal negativo não deve levar ao desânimo: “O Julio sabe que as verbas andam curtas, mas vamos insistir. Fernandópolis está cansada de ser o ‘patinho feio’ da região dentro do governo de São Paulo”, afirmou.