Você talvez conheça o Tião. Ele tem um bar na esquina da Rua Paraíba com a antiga Avenida 12, ponto de encontro de muitos pescadores. Mas a história se passou em outro bar, este na Brasilândia, há muitos anos.
O Tião tem um irmão mais velho que, na época, o ajudava no bar. Certa vez, aproveitando o paradeiro do período da tarde, Tião foi ao centro da cidade para realizar algumas operações bancárias, deixando o estabelecimento aos cuidados do irmão.
Ao voltar, notou que as paredes do bar estavam repletas de coalheiras penduradas. Coalheira – o povão fala “cuaieira” – é o objeto da foto acima, que serve para ser colocado no pescoço dos cavalos. Não sei direito qual é sua função, mas isso não vem ao caso.
“O que é isso?”, perguntou. O irmão explicou que um vendedor passara pelo bar e lhe oferecera as coalheiras, por um preço bem barato. “Resolvi comprar”, disse.
Tião ficou furioso: “Ninguém mais usa coalheiras, mano!” Mas o negócio já estava feito e o que não tem remédio, remediado está. O bar ficou daquele jeito, com dezenas de coalheiras penduradas nas paredes.
O tempo foi passando e as pessoas diziam: “Vamos tomar uma pinga lá no bar das cuaieiras?” O estabelecimento ficou conhecido como “Bar das Cuaieiras”.
Quando o Tião me narrou essa história, perguntei-lhe qual tinha sido o desfecho. “Vendeu muitas coalheiras, Tião?”
O comerciante torceu o grosso bigode e respondeu:
“Fiquei mais 13 anos com o bar, e nesse tempo todo só vendi duas coalheiras!”