Em setembro ou outubro de 2005, salvo engano, eu estive na Escola Estadual Prof. Antônio Tanuri, acompanhado de policiais civis e militares e de conselheiros tutelares. A direção da escola, que nos havia chamado, estava aflita diante de sérios casos de indisciplina e de desrespeito aos professores, acima das possibilidades de controle pela própria escola.
Eu fui muito duro com os alunos. Falei com muita energia, em quase todas as salas de aula. Inclusive, determinei a condução, em viauturas, de alguns alunos, aqueles relacionados pela direção, para a sede do conselho tutelar, onde os pais foram intimados e receberam advertências de que eles, pais, poderiam ser processados, se os filhos não mudassem o comportamento.
Voltei em 2008. Também com a mesma postura. Sem debates ou palestras. Apenas palavras fortes e, novamente, envio de alunos indisciplinados para o conselho tutelar. Num caso, que eu me lembro, cheguei a aplicar medida de internação, com detenção prévia, na cadeia pública, de um aluno que havia agredido o diretor da escola.
E os anos se foram. Retornei ao Tanuri, nesta semana, terça de manhã. Desta vez, uma das alunas do terceiro colegial me fez o convite pelo twitter. Fui sozinho e não sabia o que eu encontraria lá. Ao chegar, deparei-me com alunos uniformizados, numa sala organizada, com uma excelente professora, motivada e referência para seus alunos. Foi uma conversa de igual para igual, muito amistosa. Fui questionado, questionei, e dialogamos com proveito. Nem vi o transcorrer das horas. Ao final, contamos piadas, tiramos fotos e eu recebi flores; precisamente, um vaso com uma bela orquídea, que levei para casa e, cuidadosamente, dediquei-me a cultivá-la.
Ainda não me sai da memória, até agora, a beleza desta planta, a orquídea; um resumo, talvez, do agradável ambiente que encontrei naquela escola. Por isso, ficou em mim, desde terça-feira, um aperto no peito, um sentimento parecido com o remorso, seguido de amor; como aquele do pai bravo que, diante da travessura, castiga o filho que, depois, mais maduro e consciente, vem abraçar o seu pai; um pai que, então, já não consegue mais ver o seu filho de outra maneira, a não ser com ternura e afeto.
Creio eu que os alunos do Tanuri me deram uma enorme prova de que nós, adultos, temos sim que exigir dos jovens respeito aos mais velhos, devoção aos professores, disciplina e, diante de condutas insuportáveis, até aplicar o castigo. Mas, esta experiência que eu vivi também mostra que a nossa rispidez, como adultos, a nossa dureza com os jovens, com o tempo e as mudanças que acontecem, transforma-se em amor, no estado puro.
Oxalá Deus me der a felicidade de construir, em minha casa, um orquidário. Depois de seis anos de intenso trabalho e muita dificuldade, a partir de minha orquídea, uma das mais significativas, começo a contemplar, por meio dela, a exuberância de nossa linda juventude fernandopolense e a experimentar um tipo de amor que jamais imaginaria poder sentir. Obrigado, alunos da Escola Estadual Professor Antônio Tanuri.