Os seres humanos receberam de Deus um dos mais bonitos dons, a liberdade. Ao criar o ser humano Deus o amou tanto que o deixou livre para acolhê-lo ou recusá-lo. Coordenada pela razão e pela vontade a liberdade humana precisa estar voltada para Deus, como referência máxima, o que possibilita fazer e assumir as opções com responsabilidade. Liberdade e responsabilidade precisam caminhar juntas. Sem essa parceria a liberdade passa a ser servidão. “ O progresso na virtude, o conhecimento do bem e a ascese aumentam o domínio da vontade sobre seus atos”(CIC 1734).
O ser humano tem um desejo latente por felicidade, liberdade, paz. Deseja o que já possui, continua buscando fora o que pode encontrar dentro de si mesmo. Dom inerente ao homem é a liberdade, sempre necessária de ser reconquistada com a graça de Deus. Os ambientes e as situações, realidades externas, muitas vezes condicionam a liberdade humana. Apesar das circunstâncias externas, nenhuma situação tem forças para roubar a liberdade, visto que “onde se acha o Espírito do Senhor, ai está a liberdade”( 2 Cor 3,17).
“O exercício da liberdade não implica o direito de dizer e fazer tudo. É falso pretender que o homem, sujeito da liberdade, baste a si mesmo, tendo por fim a satisfação de seu próprio interesse no gozo dos bens terrenos”(CIC 1740). Observando as realidades que cercam o ser humano percebe-se o mau uso da liberdade provocou uma inversão de valores. Criado livre, tornou-se escravo das paixões desordenadas, chamando o que é mau de bom.
Diante das escolhas equivocadas surge a questão se de fato o homem é livre ou tornou-se escravo do pecado de tal modo que não consegue optar por aquilo que o realiza? Não existe outra possibilidade diante da realidade com a qual o ser humano se defronta, o drama da liberdade e das escolhas, a não ser confiar na graça concedida por Deus a seus filhos para que volte a Deus que é a fonte e o fim de toda liberdade, pois “quanto mais dóceis formos aos impulsos da graça, mais crescem nossa liberdade intima e nossa firmeza nas provas e diante das pressões e coações do mundo externo”(CIC 1742).
O poder de decisão foi concedido ao homem ( Cf Eclo 15,14), recebendo a ajuda da graça de Deus para que se decida pelo bem, buscando a essência que é o amor. O ser humano foi feito para viver e experienciar grandes projetos, mas quando usa mal a sua liberdade torna-se um ser diminuído em suas opções.
A liberdade pertence aos filhos, não aos escravos. Na sua ânsia pela liberdade o homem moderno necessita fazer a descoberta que somente em Cristo se encontra a liberdade verdadeira. A liberdade do homem é reflexo da infinita liberdade de Deus. Deus é soberanamente livre, absolutamente livre, enquanto o homem o é de modo relativo. A liberdade de Deus consiste em poder fazer livremente o bem que quer e o homem no uso de sua liberdade, na escolha livre do bem.
O homem só é plenamente livre quanto mais capaz ele for de escolher e fazer o bem. Ferido pelo pecado, com a mente obscurecida, um ser inclinado pelo mal, tornou-se um desafio conhecer a verdade. A perversão da vontade faz o homem inclinar-se para escolher o mal em vez do bem.
Para se libertar dessa situação na qual faz o mal que não quer, deixando de fazer o bem que quer, só resta ao ser humano uma saída, a aceitação da pessoa de Cristo e a salvação que Ele veio trazer, libertando o homem do pecado, restituindo a liberdade como só Jesus pode fazer. Liberto do pecado deve usar a liberdade que Deus lhe deu e Cristo a restituiu para o serviço ao criador e a Cristo por amor. Deus, infinita liberdade, é amor. Livre é o homem na justa medida em que é capaz de amar a Deus e ao próximo: “Vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não abuseis, porém, da liberdade como pretexto para prazeres carnais. Pelo contrário, fazei-vos servos uns dos outros pela caridade” ( Gl 5,13).