Na coluna da semana passada, publiquei uma foto de um dos grandes dourados do Rio Samburá, em Minas Gerais. Ficou a pergunta: como pode um rio estreito, situado a 280 km de Belo Horizonte e a 300 km da paulista Ribeirão Preto, ainda possuir, no século XXI, exemplares tão grandes?
Talvez a pergunta possa ser respondida pelo pescador Arthur Vaz, autor da foto que aparece nesta coluna.
“Há tempos temos notícias de dourados gigantes apanhados no Rio Samburá, afluente do São Francisco que fica a aproximadamente 280 km de Belo Horizonte, entre os municípios de São Roque de Minas e Bambuí. Estive por lá no ano passado para conhecer o local, e trabalhando muito com iscas artificiais não vi nem sinal do Salminus Franciscanus (Dourado), apenas do seu primo menor o Salminus Hilarii (Tabarana).
O rio é de água palha e muito rápido, com várias cachoeiras, muito empedrado, estreito e de relativa dificuldade de navegação, mas de uma beleza imensurável. Corre entre paredões, parecendo estar dentro de um canyon dentre a nossa Serra da Canastra.
Desta vez fomos mais bem preparados, com outras iscas alem das artificiais e munidos de novas informações, principalmente as que me foram dadas pelo amigo Beto, pescador profissional que mora às margens do velho Chiquinho (como eu gosto de chamá-lo) a 15 minutos da boca do Samburá.
Sem rodeios, nosso amigo Beto disse que os dourados, naquela região, são tão fáceis de serem apanhados como de se ganhar um prêmio da Mega Sena: alguém acaba sendo premiado mas nunca se sabe quem, quando e como, portanto o prêmio pode ficar acumulado por muito tempo.
Também nos disse que a melhor época pra se tentar a captura desses peixes é em setembro, o que confirma em parte uma tese que tenho sobre a piracema dos dourados, pois acredito que ela se antecipe às dos outros por pelo menos um mês, com seus primeiros exemplares subindo com dois meses de antecedência, tendo como referencia a legislação, que institui a piracema no início de novembro”.
O Arthur finaliza o texto dizendo que o melhor equipamento para utilizar no Rio samburá não são os grandes anzóis ou artificiais, e sim a filmadora ou a máquina fotográfica, já que as paisagens são fantásticas e a natureza é exuberante. Como diria Pasquale Cipro Neto, é isso.