O horizonte no qual se desenvolve a existência humana é a condição humana, no mundo como lugar de exílio e refúgio para o indivíduo. O momento de confronto definitivo com a sua própria condição humana é, para o indivíduo, a sua própria morte, incontornável e única certeza. O homem é o único ser que tem consciência que carrega dentro de si a realidade da morte, porque ela lhe é conatural, não exterior.
São vários os modos de se posicionar sobre a realidade da condição humana. Os cristãos a enfrentam na perspectiva da entrega, uma aceitação obstinada e cheia de luta, que comporta o sofrimento e a morte. Outros a vêem de forma pessimista, como flagelo, um degredo terrestre, um vale de lágrimas, um tormento que aumenta a cada dia e que não há como evitar.
Alguns têm da condição humana uma visão alegre, outros lutam contra e alguns outros a esquecem. Capital de experiência humana é para o indivíduo o passado, com choques e tensões – individuais e civilizacionais – redundando em uma consciência dual da vivência do homem no mundo e do empreendimento humano no futuro. É a batalha entre a vida e a morte, o indivíduo e o grupo, destino e liberdade, o finito e o que é passível de aperfeiçoamento.
A condição humana não esposa uma visão negativista, exclusiva, mas o posicionamento reflexivo sobre o papel do homem no mundo, no espaço e no tempo. O homem nasce, cresce, vive e morre. A vida é orientada para a morte. Nessa condição algo o faz desafiar a realidade, um desafio à sua condição enquanto homem. Porque é vivente, assegura a manutenção da vida ao comer, beber, aprender, conhecer numa adaptação ao meio e ao grupo.
Condição é genericamente “tudo aquilo de que alguma coisa depende”, depende o homem da vida e outro não pode pensar no seu lugar, a solução, é dar um sentido à existência, moldando a sua condição humana, mesmo que esteja marcado pelo destino. Um ser cultural e solidário, não um ser isolado, necessita de algo para ser, necessita de outros seres como referência para a sua realização humana: “Aprendamos a viver em conjunto como irmãos, se não vamos morrer em conjunto como idiotas”( Martin Luther King).
Capaz de efetuar escolhas por ser livre e responsável, pelas suas atitudes livremente tomadas, sendo senhor do seu destino, o homem é tudo aquilo que deseja ser. Essas escolhas são circunstanciadas porque muitas situações escapam ao seu controle, não dependem dele, não escolhe nascer em determinada época ou lugar, enfrenta uma série de adversidades e contingências, circunstâncias externas, de ordem social ou cultural, que lhe são impostas, fazendo dele um ser dependente em muitas variáveis da vida.
Limitado como ser no espaço e no tempo, erra, falha, é frágil, se engana, sofre, o que faz do ser humano um ser eternamente insatisfeito, lutando contra seus erros, buscando corrigir suas falhas, marcado por uma forte busca pela perfeição. O homem vive a tensão, o partir do finito para o infinito, buscando o aperfeiçoamento.
A condição humana vista na ótica da consciência e tensões, dos conflitos na história do homem – individual o no todo – como a busca para se realizar, um sentido para a vida, ultrapassando as contradições. O homem é um ser metafísico – que transcende o puramente físico, vai além – impulsionado por duas forças antagônicas - o amor e o ódio - que unem e separam.
Na sua história se encontra o individual, o ser, a singularidade, as experiências da vida. Quem somos? De Onde viemos? O que fazemos?O que nos move? O que fazemos? Para onde vamos? São perguntas fundamentais que precisam ser respondidas e, ao serem, manifestam o sentido da vida, o valor da existência na condição humana.