Nas viagens e aventuras que fazemos, somos surpreendidos por fatos que ficam difíceis de contar sem que as pessoas que não presenciaram acreditem.
Nessa história eu não estava presente, mas dela participaram dois dos meus velhos companheiros de pescarias: o Deda e o Capitão Silva. A dupla foi pescar no rancho que o Alicio Pavaneli tinha na Ilha Redonda, um pouco acima do Porto Amaral. Isso deve fazer uns dez ou doze anos.
No barco, enquanto o Silva pescava, o Deda, num esforço de sair lágrima no canto dos olhos, tentava passar a linha no buraco do anzol. Nesse instante o Silva, percebendo a dificuldade do companheiro, disse ao Deda que ele precisava fazer uma consulta com um oculista.
O Deda, admitindo a dificuldade visual, disse que realmente estava precisando fazer uma consulta, uma vez que estava enxergando pouco. O papo no barco rolou por vários minutos sobre esse tema – as limitações que o peso dos anos traz.
De repente, ao sentir um beliscão e tentar ferrar o peixe, o Silva percebeu que seu anzol estava agarrado em algum garrancho e foi forçando até que soltou. Ele recolheu a linha e notou que estava preso no anzol nada mais nada menos do que um par de óculos, que entregou ao Deda.
O “velho Palumbo” lavou os óculos no rio, colocou e sentiu sua visão clarear, como se o artefato tivesse sido feito para ele. É difícil de acreditar, mas a história foi confirmada pelos dois.
O pior é que o Silva garante que, ao retornar da pescaria, os dois foram ao consultório do Dr. Jarbas, oftalmologista, levando as tais lentes. Pois não é que os óculos tinham exatamente a graduação do Deda?!!
