Outro dia, queixei-me ao Capitão Silva de que faz tempo que não vejo o Jaú. Até falei com ele por telefone, no fim do ano passado, mas pessoalmente nem sei quando foi nossa última conversa. Jaú está vivendo num sítio no município de Iturama.
Isso nos fez recordar vários “causos” do velho companheiro de pesca. Atendendo pedido, contarei um deles, que nem sei se já foi ou não publicado.
Muitos anos atrás, existia uma equipe de pesca formada pelo Mandi, Mará, Sirio Sisto, Via e Edson Cueca, entre outros. Era um grupo organizado, que possuía até uma tralha coletiva para as pescarias (panelas, caixas de gelo, fogão de duas bocas, etc).
Por razões que não vêm ao caso, essa turma se dispersou e decidiu dividir os bens da tralha. Escolheram para arbitrar a divisão o Jaú, que é irmão do Mandi e amigo de todos. O que ele decidisse, estaria decidido. Uma coisa bem feita, perfeitamente contemplada pelo ordenamento jurídico brasileiro, que reconhece o instituto da arbitragem.
Deixaram as tralhas na oficina do Jaú, que, depois de pensar a melhor maneira de dividir os objetos, passou a pregar neles pequenas etiquetas com os nomes dos contemplados.
No dia da entrega dos objetos, a turma chegou à oficina e foi lendo as etiquetas. Na panela de pressão, o nome: “Mará”. Na caixa de isopor, “Cueca”. No fogareiro, “Via”. E assim por diante.
Quando chegaram ao lampião, notaram que o Jaú escrevera duas letras maiúsculas: “C.C.”.
“Que diabos significa isso?”, perguntou um deles. O Jaú, com aquela cara que só ele sabe fazer, indignou-se: “Ué, não sabe ler? Tá aí, ué. ‘C.C. – Sirio Sisto’!”.