A filosofia moderna fez do homem o fundamento e o centro de referência absoluta para conhecer a verdade, bem como fazer a experiência ética do bem. Com esses pressupostos dados pela filosofia moderna, tornou-se possível a ruptura entre o homem, Deus e o mundo, tendo como conseqüência essa forma de pensar e agir ser letal para o próprio ser humano. Exaltou-se o modo de ser individualista, a destruição da natureza em nome do progresso sem limites. O retorno de uma religiosidade que manifesta formas selvagens são alguns dos aspectos do que se pode chamar a absolutização do homem, curvado sobre si mesmo – homem enclausurado – que migrou da ágora, praça onde se reuniam os gregos, para os “condomínios modernos e fechados”.
A solução para esse conflito não está no retorno ao pré-moderno. As conquistas legadas pela ciência não são passíveis de retroceder. Existe uma busca, um clamor por uma unidade perdida, unidade de sentido para a experiência humana, tendo como referência a totalidade com o mundo, equilíbrio entre o cuidado com o universo, uma aliança com a natureza e a convivência dos seres humanos entre si – integrar o indivíduo numa consciência maior, o nós – e da humanidade em sua relação com o transcendente, Deus - como referência e horizonte, sentido último do homem como centro do universo, um antropocentrismo positivo.
Notando a complexificação da realidade atual é preciso olhar com atenção e aproximar-se do processo de mutação cultural que se opera no tempo-eixo. A simples mudança de paradigma não explicita a totalidade do processo de crise que se encontra a sociedade moderna e suas profundas raízes. Essa situação repercute profundamente no cristianismo, nas Igrejas e no discurso sobre Deus – Teologia, enquanto expressão teórica da fé cristã. O novo tempo-eixo, ou nova era, segundo a linguagem atual, tem como traço característico do momento histórico presente a aproximação das culturas e religiões com áreas geográficas nas quais se deram à primeira mutação se bem que o enfoque seja diferente. A referência é muito mais no prisma econômico e tecnológico do que na influência política e religiosa. O contexto pelo o qual passa a fusão dos horizontes e o reencontro dos universos simbólicos e religiosos permitem explicar a mudança de época pela qual passa a sociedade atual.