Palavra de honra: nunca vi algo tão parecido com o fim do mundo como o temporal que enfrentamos em Porto Esperança, no Rio Paraguai, em 1998.
Aconteceu logo no segundo dia de pescaria: por volta das 18h, eu e meu parceiro de barco, o Deda, voltávamos com o piloteiro, rio acima, em direção à “Pousada dos Carandás”, onde estávamos hospedados.
O céu ficou inteiramente tomado por nuvens negras. No ar, havia o prenúncio de um grande temporal. “Não vai dar tempo de chegar antes da chuva!”, previu o Deda. Não deu outra: a chuva desabou, pesada. Felizmente, não havia vento.
Chegamos à pousada completamente ensopados e verificamos que éramos apenas o segundo barco a voltar. Faltavam três. Dois deles chegaram logo em seguida. Escureceu de vez, e o último barco não aparecia. Perguntei: “Quem está nesse barco?” Responderam que eram o Jaú e o Assis. “Então não há problema. Do jeito que são ‘fominhas’, devem estar pescando com chuva e tudo”, disse.
Dito e feito: apesar dos protestos do piloteiro deles, a dupla exigiu continuar a pescaria. Só chegaram depois das 19h.
O temporal prosseguiu até por volta das 22h, com muitos relâmpagos e trovões. O Zico filmou tudo, e até hoje essa fita me impressiona. O teto da sala do rancho virou uma goteira só. Tivemos que ficar nos quartos, onde não havia goteiras.
Finalmente, a chuva parou. Ficou só uma noite escura, sem vento, a temperatura bastante agradável. Pois não é que o Capitão Silva “escalou” o piloteiro Edinho para ir com ele pescar pintados?
O duro é que a dupla acabou voltando com três belos pintados (o Silva jura que pegou dois e o Edinho um). Só que, na ocasião, o piloteiro nos disse justamente o contrário.