Um pouco antes de se mudar com a família para o sul maravilha, o Ivan Gomes (que nesse tempo ainda era Erisvan) morava em Barra do Corda, no Maranhão, quando foi encarregado de ir buscar, com sua charretinha, o novo vigário da paróquia.
A estrada de ferro passava a cerca de 10 km da cidade, e lá se foi o Ivan com sua charrete. Ao chegar à estação, não foi difícil identificar o padre: afinal, o homem estava de batina.
Ivan apresentou-se e rapidamente pôs a bagagem do religioso na charrete. No caminho, o padre, que ficara admirado com a vivacidade do garoto, que na época tinha uns 11 anos, mas já era falante como hoje em dia, resolveu pregar-lhe uma peça.
O Ivan não sabia, mas o padre era ventríloquo. Em meio ao trajeto, ele disse ao Ivan: “Deus me deu o poder de conversar com os animais, quer ver?” O menino não acreditou, e o padre se dirigiu ao cavalo da charrete: “Bom dia, ‘seu’ cavalo!” “Bom dia, senhor vigário!”, respondeu o animal – na verdade, era o próprio padre quem falava.
Ivan ficou abismado com aquilo. E assim foi durante todo o percurso. Sempre que passavam por algum animal, o padre “conversava” com ele: “Bom dia, dona vaca!”. “Bom dia, ‘seu’ padre!”.
Já quase chegando à cidade, eles teriam que passar em frente ao sítio onde o Ivan morava. Ali perto pastava uma cabrita que pertencia à família. Rapidamente, o Ivan disse ao padre: “Seu vigário, o senhor não deve acreditar em nada que essa cabrita disser. Ela é muito mentirosa!...”
