Partindo dos pressupostos de que nem só de pão vive o homem e de que as paixões têm que ser cultivadas, o empresário fernandopolense Gilmar Fúria Gavioli criou o torneio de futebol society denominado COPASASP – a junção das primeiras letras de Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo, os grandes times do estado.
A primeira edição aconteceu em 2007, com apenas quarenta participantes. Na verdade, ainda era pouco mais do que a comemoração do dia 16 de julho (data de aniversário de Gilmar) e do dia 19 de julho (Dia Nacional do Futebol).
No ano seguinte, porém, o evento ganhou força. Cerca de 100 pessoas participaram da festa, que contou com jogos de veteranos (categorias Master e Senior) entre mosqueteiros, periquitos, peixes e tricolores. Tudo em paz, em clima de amizade e confraternização. Ah, se os Gaviões da Fiel, a Mancha Verde, a Torcida Jovem e a Independente seguissem esse exemplo!...
Gilmar criou um sistema de homenagens a ex-atletas (profissionais e amadores) que ele sempre guarda a sete chaves – seu único cúmplice é o filho Bruno, que edita os vídeos.
Em 2010, a festa cresceu demais – 180 participantes – e o jeito foi desmembrar o torneio de futebol deste ano, cujas eliminatórias serão jogadas em 13 de julho na chácara do empresário Nicola Facci. No dia 16, um sábado, o aconchegante Sítio Brumon, de Gilmar, sediará como de costume a final da quinta edição da COPASASP, cujo sucesso impressiona a cada ano que passa.
CIDADÃO: O futebol entrou cedo na sua vida?
GILMAR: Sim. Minha família é de origem italiana e gostava muito de futebol. Até o meu nome veio em homenagem ao grande goleiro Gilmar dos Santos Neves. Interessante é que eu contrariei meus tios, todos palmeirenses, e virei são-paulino.
CIDADÃO: Por que você começou a torcer pelo São Paulo?
GILMAR: Não sei, acho que foi só pra contrariar, mesmo (risos). Na verdade, foi um caso de simpatia, identificação.
CIDADÃO: Você nasceu em Fernandópolis?
GILMAR: Nasci em Santa Albertina e vim para Fernandópolis quando era bem pequeno. Foi aqui que comecei a gostar de futebol. Morava na região dos Laticínios Nestlé e tínhamos uma turma grande, chamada de “Turma da Avenida Quatro”. Não víamos a hora de chegar o sábado para jogar futebol.
CIDADÃO: Você já acompanhava o Fefecê?
GILMAR: Sim, eu não perdia os jogos. Nem os treinos, porque eu fazia cobranças na rua e sempre dava um jeitinho de passar no estádio para ver como estava o time. Até por essa paixão que eu tinha, arranjei meu primeiro emprego: foi num jornal, a Gazeta da Região, do José de Freitas. Eu era repórter! Na verdade, tinha o costume de anotar os dados de todos os jogos – renda, público, resultado. Ficava no rádio até tarde da noite, anotando os resultados. Quando não conseguia marcar tudo, ficava na ansiedade da chegada da revista Placar, que vinha ás quartas-feiras. Ia à Agência Caiçara e disfarçadamente anotava os resultados, porque não tinha dinheiro pra comprar a revista.
CIDADÃO: O Mário fingia que não via você folheando a revista?
GILMAR: É, mas o “seu” Osmundo ficava brabo: “Lá vem o cara marcar os resultados!” (risos). Foi uma fase gostosa da minha vida. O duro é que o seu Zé de Freitas nunca publicava as minhas matérias! (risos).
CIDADÃO: De quem você era fã nessa época?
GILMAR: O primeiro ídolo foi o Mirandinha. Nessa época, eu estava na J. Pires, onde também trabalhava o “seu” Davi Gazeta, já falecido, que era palmeirense. A gente discutia muito a rivalidade São Paulo x Palmeiras. Eu me lembro que o Mirandinha ganhou uma aposta do jornalista Geraldo Bretas, que teve que raspar a cabeça. Outro ídolo foi o Serginho Chulapa, que conheci em Campinas, num jogo Ponte Preta x São Paulo. Tirei fotos com ele e sempre torci por ele, mesmo quando estava em outros clubes.
CIDADÃO: Foi na Casa de Portugal que você organizou seu primeiro torneio?
GILMAR: Não, no clube eu sempre atuei mais na parte social. Esse torneio a que você se refere é o Torneio de Futebol Society de Fernandópolis. Naquele tempo, havia muitos mini-campos. Concebi um torneio organizado, com turno e returno. Isso foi em 1995 e teve muito sucesso. Acabei sendo presidente da comissão por cinco anos consecutivos.
CIDADÃO: Como foi que surgiu a COPASASP?
GILMAR: Semanas depois que construí o mini-campo no meu sítio, cheguei à conclusão de que ele estava muito ocioso. Aí pensei: vou convidar meus amigos e fazer uma brincadeira, cada um jogando pelo time que torce. Em 2007, no primeiro evento, corintiano já vestia camisa do Corinthians, santista do Santos, e assim por diante. Foi tão bacana que já no segundo evento, com duas categorias, tinha 100 pessoas. No terceiro, 120, e no ano passado, foram 180 pessoas! Dá um trabalhão, minha família às vezes me pergunta por que eu me dedico tanto ao evento, até deixando de lado minha empresa, mas é a paixão. Faço com amor e porque gosto de fazer bem feito. Depois do evento, muita gente vem me cumprimentar, dá satisfação. Recebo ofícios, e-mails. Além do mais, ter a chance de homenagear os antigos ídolos é muito legal.
CIDADÃO: Você é daqueles que acreditam que homenagem se faz é em vida?
GILMAR: Sem dúvida. Você deve se lembrar da homenagem que fizemos ao Tato. Ele curtiu demais aquilo. O João Cantarela, então, se emociona só de lembrar aquela homenagem: “Puxa, nunca ninguém tinha feito alguma coisa assim para mim...” A loja maçônica me mandou até um ofício de agradecimento pela homenagem ao João. Então, vi a importância que tinha o meu trabalho. Isso faz aumentar a minha dedicação. Outra boa lembrança são as barracas de 2008, montadas cada uma por torcedores de um time. Ficaram maravilhosas, deram um charme especial à festa.
CIDADÃO: Já que você falou em charme: essa festa parece ter uma coisa especial, que deixa todo mundo alegre e em clima de confraternização. Será que isso tem a ver com o perfil dos freqüentadores?
GILMAR: As pessoas que freqüentam a COPASASP são pessoas que, de uma maneira ou outra, estão envolvidas com o futebol e com os clubes e entidades da cidade. Há um critério, afinal a festa é paga. Mas isso não significa que seja elitista – e vem daí o charme da festa, porque lá você não encontra só doutores ou pessoas ricas. Os critérios são o bom relacionamento e o amor pelo futebol. Enfim, é gente educada, e todo mundo procura se comportar bem, porque se houver problema a gente não convida no outro ano (risos). Mas nunca houve qualquer confusão.
CIDADÃO: Quais serão as novidades da festa deste ano?
GILMAR: Em primeiro lugar, o desdobramento do torneio, com as eliminatórias na chácara do Nicola na quarta-feira, 13 de julho. No meu sítio, no sábado, só haverá três partidas: as duas finais e o jogo Celebridades x Veteranos do Fefecê. Além disso, pretendemos fazer uma pequena homenagem ao Fernandópolis Futebol Clube pelo seu cinqüentenário.