No segmento agrícola, uma vantagem importante do Brasil em relação às diversas economias mundiais é a abundância de terra agricultável. São poucos os países em desenvolvimento que possuem território rural a ser aproveitado em larga escala.
Essa também é a realidade na região de Fernandópolis, que engloba mais onze municípios: Estrela D’Oeste, Guarani D’Oeste, Indiaporã, Macedônia, Meridiano, Mira Estrela, Ouroeste, Pedranópolis, Populina, São João das Duas Pontes e Turmalina.
Segundo levantamento realizado pela CATI – Coordenadoria de Assistência Técnica Integral - sobre a produção agropecuária dos municípios da região de Fernandópolis, entre os meses de junho e setembro do último ano, dos 246.423 hectares agricultáveis, 66,24% (163.235 hectares) se destinaram às pastagens e 22,34% (55.054 hectares) ao cultivo da cana-de-açúcar.
Os restantes 11,42% (28.134 hectares) dividem-se principalmente entre o cultivo de algodão, banana maçã, laranja, milho, seringueira e soja.
MAR DE CANA
Segundo Claudemir Antonio Izaias, diretor do Grupo Arakaki, “por uma questão de logística de transportes, a maior parte de cana-de-açúcar plantada na região se localiza próxima às rodovias e estradas vicinais, o que, para muitos, passa a sensação de que existe um “mar de cana”. Porém, como mostram os números levantados pela CATI, as pastagens são a cultura que ocupa a maior parte das terras da região”.
Outro fator que joga a favor da cana é a comprovação científica de que o etanol gerado a partir dessa planta polui menos o ar do que os derivados do petróleo, uma vez que é um combustível mais limpo (não possui certos poluentes, como o benzeno, que são prejudiciais à saúde e ao meio ambiente).
Além disso, sua queima pelos veículos é mais completa, reduzindo a quantidade de poluentes na atmosfera. O processo de produção e uso do etanol de cana-de-açúcar, que se inicia com o plantio da cana e termina com os gases que saem do escapamento dos carros, é responsável pela absorção de cerca de 90% dos gases de efeito estufa durante o ciclo de vida do combustível.
MECANIZAÇÃO
Os produtores de cana-de-açúcar caminham paulatinamente para a mecanização da colheita, que dispensa a queima da palha. Contudo, o processo de mecanização ainda recebe algumas críticas. A colheita mecanizada pode ser economicamente inviável para pequenos produtores, além de ser mais difícil a entrada de maquinário em propriedades pequenas.
As máquinas atualmente disponíveis não comportam a colheita em áreas de declive. O processo também enfrenta críticas no aspecto social, pois a mecanização diminui a necessidade de mão de obra do campo e requer programas de capacitação para realocação parcial dos funcionários em outras funções da agroindústria, compensando com o aumento na demanda para operação de maquinários e na formação de frentes de colheita mecânica, por exemplo.
Tudo isso – pelo menos no que concerne à região de Fernandópolis - é respondido por Fernando José Pereira, diretor da Escola Técnica Estadual de Fernandópolis, a ETEC.
Para Fernando, a questão da declividade não gera problemas na região, porquanto a maior declividade normalmente encontrada – 12% - está dentro do alcance das máquinas.
“Na realidade, o que ocorre é uma crescente diminuição estrutural da procura por mão-de-obra por conta da mecanização, mas adstrita à mão-de-obra não qualificada”, explica Fernando. “O cortador de cana é que fica fora, justamente por falta de qualificação. Por isso, nós promovemos quatro cursos de re-qualificação: básico, auxiliar mecânico, operador de máquinas agrícolas e operador de máquinas especiais”, explicou Fernando.
O diretor da ETEC justifica que a nova realidade cria um passivo laboral que só será preenchido com a re-qualificação, “capaz de atender às novas demandas do mercado de trabalho”.