Clínico quer junta médica para analisar caso da “garota que chora sangue”

20 de Agosto de 2025

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Clínico quer junta médica para analisar caso da “garota que chora sangue”
Há dois meses, Débora Oliveira dos Santos, 17, que é de Maracanaú, cidade da Grande Fortaleza (CE), mudou-se para Meridiano, onde tem familiares, em busca de  solução para um insólito problema de saúde.
 Desde então, ela já passou por três instituições médicas, mas não obteve qualquer diagnóstico sobre o sangramento de seus olhos. Na realidade, Débora “chora sangue”.
 “Fiquei impressionado quando vi o sangue escorrer pelos olhos dela. É um caso diferente, e quero acompanhá-lo até o fim”, diz o clínico geral da UBS de Meridiano, Orlando Cândido Rosa Filho.
AGRESSÃO
 De acordo com a adolescente, tudo começou quando ela tinha 14 anos, depois de sofrer maus-tratos de uma patroa. “Antes, o sangramento era pelo nariz, boca e ouvido. A situação ficou pior quando atingiu os olhos”, diz ela.
 Débora e a mãe, Maria Goreti Oliveira dos Santos, 43,  mudaram-se há dois meses para Meridiano em busca de tratamento, pois segundo a menina, os médicos do Nordeste que conheceram o caso não conseguiram “fechar” o diagnóstico.
 A adolescente fez vários exames e nada foi descoberto. “Os médicos de Fortaleza disseram que o problema dela é emocional”, afirma a mãe.
 Débora diz que teve de parar de estudar por algum tempo porque as escolas de Fortaleza não sabiam conviver com o caso.
 “Eu ficava muito nervosa em dia de prova e chorava tanto que o sangue escorria pelo rosto. Meus colegas tinham medo de mim”, conta Débora, que, hoje morando em Meridiano, encontrou apoio de várias pessoas. Mesmo assim, encontra dificuldades na escola.
 A garota diz que o sangramento nos olhos só ocorre quando ela chora em excesso ou quando fica muito nervosa, caso contrário o choro acontece normalmente, em forma de lágrimas. Até o fechamento desta edição, a última vez que a adolescente havia chorado sangue teria sido na segunda-feira, 20, por causa de uma prova que acontecia na escola em que estuda.
 Recentemente Débora perdeu o pai. Ele morreu afogado no Piauí. “Ela chorou sangue dois dias sem parar. Achei que ela fosse morrer de hemorragia”, diz Diana, enfermeira da UBS de Meridiano, que é prima de Débora e acompanha o caso de perto. A menina afirma ter esperanças de conseguir  tratamento que seja definitivo. “Sonho ser professora de história, mas se  continuar desse jeito, não serei nada”, lamenta Débora. A família e o médico da adolescente pedem ajuda de profissionais da saúde para que o caso seja solucionado.
 “O correto para o caso da Débora é formar uma junta médica”, afirmou Orlando Cândido Rosa Filho, que trabalha no caso.
 O médico de Meridiano trabalha  com duas hipóteses para solucionar o mistério: coagulopatia ou problemas emocionais.
 “Essa menina pode sofrer de algum distúrbio de coagulação sanguínea ou problema emocional que  causaria o rompimento de um vaso sanguíneo. O que me deixou mais impressionado com o caso foi o fato de aparentemente não ter nenhum trauma ocular. Mas, precisamos avaliar os resultados dos exames”, diz o clínico geral.
 Orlando Filho acrescenta que é necessário fazer um exame que se chama mielograma: “É um exame da medula óssea que tem a finalidade de estudar qualitativa e quantitativamente as células germinativas sanguíneas. Não descartamos nenhuma hipótese, principalmente, a de problemas emocionais por causa do histórico da paciente. Seria interessante fazer exames neurológicos, não podemos descartar nada”, afirma. 
 Depois de ser atendida no posto de saúde de Meridiano, Débora foi encaminhada para o AME (Ambulatório Médico de Especialidades) em Votuporanga.
 “Receitei dois remédios para conter o sangramento e a encaminhei para exames específicos em Votuporanga”, explicou o clínico.
 De Votuporanga, a adolescente foi encaminhada para o Hospital de Base de Rio Preto para a realização de exames específicos de coagulopatia, o que poderá estabelecer o diagnóstico.
 “Agora, temos de esperar os resultados dos exames. De todo modo, nós estamos atentos ao quadro clínico da Débora” finalizou Orlando Filho.