A CRISE DOS VALORES

20 de Agosto de 2025

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A CRISE DOS VALORES

2ª Parte

 A crise dos valores afeta a todos individualmente, as religiões, os novos  movimentos religiosos e as   Igrejas tradicionais.  A crise moral é discutida a partir de preceitos que parecem não fazer mais sentido para a realidade atual. Os novos movimentos religiosos, capitaneados por Igrejas que adotam a teologia da prosperidade estão abarrotadas de gente. Cada dia surge uma nova igreja.
 As perguntas que antigamente povoavam as cabeças não perderam a sua atualidade: De onde viemos? Para onde vamos? Qual é o sentido da  presença neste mundo? Um questionamento se forma no inconsciente coletivo e a resposta até o presente momento tem sido a busca de fundamentalismos e radicalismos tanto no Oriente, quanto no Ocidente. Recentemente parece ter havido nos meios de comunicação, notadamente nos diários de grande circulação no Brasil e no exterior, artigos que sugerem a possibilidade de um choque entre fé e razão.
 A crise dos valores passou a ser analisada pelos pensadores a partir da segunda metade do século passado, identificando as causas. O poder político, econômico, a ciência e a tecnologia continuaram em seu caminho sugando as pequenas reservas utópicas – ideais a serem realizados – que ainda restavam. Não só os pesquisadores, membros de renomados institutos de pesquisa acadêmica percebem essa realidade, mas ela é captada pelo senso comum, que mesmo sem ter grandes teorias a respeito da crise de valores, a percebe, porque ela bate à sua porta. O mal-estar causado é percebido, sentido no dia-a-dia, pelo ser humano. Os meios de comunicação mostram a cada dia a crise e suas conseqüências, ninguém mais pode ficar em casa sem tomar cautelas contra os invasores – alarmes, portões altos – estão se tornando a cada dia mais onipresentes, tornando os seus usuários reféns  dos intrusos e da vigilância e de seu aparato. A insegurança é muito mais que uma notícia, ela é companheira do ser humano. A crise de valores afeta a cotidianidade das pessoas, seu dia-a-dia.
 O que demonstra a existência da crise – perda de referência, dos valores, dos modelos – é que se experimenta a falta de argumento, de justificativa, explicação e as condições necessárias para se apreender e compreender os problemas, sua grandeza, a vida pessoal, em conseqüência, o mundo em que vivemos. A sensação é que os argumentos, quando os têm, são descartáveis,  com data para vencer, nada mais são verdades, não existe lugar para o absoluto, tudo é relativo -  a ditadura do relativo, que  se quer  absoluto.  Não existem mais certezas e referências na educação  dos filhos, no relacionamento entre as pessoas, o ensinamento que deve ser dado aos  estudantes. Reconhecer que estamos enfrentando um processo na qual é proposta a “falência de nossas certezas”. É preciso descobrir a fonte da crise dos valores, para redescobrir os parâmetros de verdade e evitar não tirar lições das tentativas, dos acertos e, principalmente, dos erros. Os latinos diziam: “errando é que se aprende”.
 É preciso voltar a fazer perguntas simples, tendo consciência que as respostas não serão  simples. Poderia ser uma atitude desarmada de qualquer certeza, cheia de gratuidade, sentando idosos e crianças juntos, para discutir o futuro, em vez do conflito de gerações, o diálogo das gerações, resgatando um pouco pelos menos, do humanismo que foi perdido. Esse poderia ser o papel da educação e do ensino, não apenas formal, resgatando a capacidade crítica – separar o certo do errado – e a capacidade criativa, inventiva. Que seja essa a lição a ser tirada da tríplice dimensão da crise: o sentido positivo de depurar o que é fictício e deturpado. A crise como ruptura da ordem estabelecida, provocando uma nova orientação. E, finalmente, a crise como de-cisão, superação do momento crítico, de suas tensões, buscando um novo caminho, um novo projeto, uma nova direção. A crise urge uma tomada de posição, provoca uma oportunidade de crescimento, impede a estagnação, faz do ser humano participante de um processo dinâmico, criativo  e purificador.