O tão comentado frigorífico para o abate de ovinos, anunciado em 2009, pelo prefeito Luiz Vilar de Siqueira e pelo empresário e ex-deputado federal Ayres da Cunha, não sairá do papel. O empreendimento seria instalado no Distrito Empresarial V “Ângelo Simonato”, situado à margem da SP-320.
No dia do anúncio – precisamente 19 de fevereiro daquele ano – o empresário disse que o frigorífico ofereceria 200 empregos diretos à população. Vilar, por sua vez, afirmou que “além desses empregos, muitos outros serão gerados em pequenas e médias propriedades produtoras de ovinos na região, investindo na geração de renda”.
O frigorífico, segundo se dizia na época, seria o segundo do setor no país voltado especificamente ao abate de ovinos e caprinos – o outro funciona no Rio Grande do Sul.
PRODUÇÃO
O que teria inviabilizado o projeto, segundo o secretário municipal de Desenvolvimento Sustentável Neoclair Morales, é a baixa oferta de ovinos na região. “Na verdade, 70% das ovelhas consumidas no Brasil vêm do Uruguai. Além disso, é difícil, quase impossível, aumentar a produção nacional em curto prazo. É bem complicado obter matrizes”, explicou.
Morales garante que não faltou boa vontade ao empresário: “O Dr. Ayres da Cunha contratou um engenheiro experiente para fazer o projeto do frigorífico. Ele viajou ao Uruguai e à Austrália para conhecer modelos semelhantes. O problema foi mesmo a baixa oferta de matéria-prima”, garantiu.
Com isso, a doação não teria sido formalizada a Ayres da Cunha e a secretaria onde Morales atuava – ele pediu exoneração na última quarta-feira (veja nesta página), ao lado de Luis Antonio Arakaki, decidiu dividir a área do distrito entre algumas das empresas que postulam imóveis à Secretaria do Desenvolvimento Sustentável.
A documentação está sendo regularizada na Cetesb e a área líquida final disponível às empresas deverá ser de 67 mil m2. Morales acredita que a licença da Cetesb possa sair ainda este mês.
Nos anos 90, empresário prometeu construir hospital
Não é a primeira vez que um projeto do empresário Ayres da Cunha não se consolida em Fernandópolis. Nos anos 90, ele prometeu construir o “Hospital Santa Rita” num imóvel ao lado do terreno onde depois se instalaria o Shopping Center Fernandópolis.
Até pedra fundamental foi lançada, mas o hospital não foi construído. Segundo informações, Ayres da Cunha teria passado o terreno, que estava em nome da Blue Life, para a empresa que adquiriu o plano de saúde.
Segundo o empresário e secretário de desenvolvimento Sustentável Luis Antonio Arakaki, “talvez por um cochilo, a Blue Life passou o terreno à empresa compradora. Ao transferir todo o ativo, ele foi a reboque. À compradora só interessavam a marca e a carteira de clientes”, disse terça-feira na Câmara de Vereadores.
O imóvel está ocioso, numa área que se valorizou muito nos últimos anos. Não se tem notícia de qualquer plano de ocupação daquele espaço.
Agora, com a proposta do frigorífico de ovinos, o empresário “amarrou” por dois anos e quatro meses o Distrito Empresarial V5 – tempo suficiente para que algumas empresas pudessem ter se instalado, contratado funcionários e iniciado a produção.
Menos mal que a doação não tivesse se concretizado: nesse caso, a prefeitura teria que dar início a um processo de reintegração de posse da área, com base no não-cumprimento das condições resolutivas de praxe.
