Zezão leva susto na pescaria noturna

20 de Agosto de 2025

Compartilhe -

Zezão leva susto na pescaria noturna
O táxi fisgado aí da foto – evidentemente, uma montagem – nos faz pensar nos inacreditáveis “causos” que os pescadores costumam contar.
 Um dos maiores contadores de causos que conheci foi o Deda. Em todas as nossas viagens de pescaria, ele desfilava seu repertório, no qual, invariavelmente, ele era o herói: sempre pegava o maior peixe, sempre era o campeão em todas as situações. 
 Outro bom narrador é o Zezão da Dip, de estilo mais modesto, porém de imaginação até mais fértil. O Zé, quando conta um “causo”, o faz nos mínimos detalhes, para que não restem dúvidas ao ouvinte.
 Uma boa história do Zé é a da pescaria noturna. Proprietário de rancho no Pádua Diniz, o Zé foi com o Beppu pescar traíras. Isso mesmo: alguém dissera que estava dando grandes traíras no meio de uns aguapés na margem esquerda do Pádua Diniz. Esse lado, por ser o oposto ao dos ranchos, é bem deserto.
 O informante explicou que a pescaria, para dar bom resultado, teria que ser noturna. Além disso, o Zé e o Beppu teriam que pescar longe um do outro, para evitar conversas e barulhos.
 Era uma noite muito escura, e o Zé instalou um lampião, com a chama baixinha, só o suficiente para enxergar o anzol na hora de colocar a isca.
 Estava lá, meio cabreiro, quando uma voz intensa o fez arrepiar-se todo:
 - Boa noite!
 Virou-se assustado e viu uma linda mulher, de cabelos negros, portando uma vara de pescar. Ela lhe perguntou se poderia pescar ali, ao seu lado. Zé assentiu e a moça arremessou sua isca.
 Até então, Zé não havia fisgado uma traíra sequer. Pois bastou a mulher chegar para que os peixes fizessem fila no seu anzol e no da bela morena.
 Quando deram a pescaria por terminada e a morena já arrumava sua tralha para ir embora, o Zé perguntou:
 - A senhorita não tem medo de pescar assim, à noite?
 - Quando eu era viva, tinha medo, sim!, respondeu a mulher. E desapareceu na picada.