Adriano Andrey Nihi Serantes graduou-se em 1998 pela Universidade de Marília, é especialista em Cirurgia e Implantodontia; atualmente trabalha em São José do Rio Preto, no Instituto da Boca (centro especializado em Implantes e Reabilitação Oral) que é referência na região e no Estado e atende clientes de todo o país e até do exterior. Adriano leciona no curso de cirurgia Oral Menor da Unorp e desenvolve projeto de pesquisa para uma empresa de implantes. Mesmo diante de tantas ocupações, ele não se esqueceu de Fernandópolis, cidade onde vive sua família, e aos sábados atende os clientes em seu consultório da cidade.
CIDADÃO: Por que é possível dizer que, com o advento do implante dentário, o ser humano ganhou a chance de ter uma nova dentição?
ADRIANO: A implantodontia é algo apaixonante, pois temos a oportunidade de, em muitos casos, melhorar a auto-estima dos nossos clientes, podendo dar uma nova oportunidade de função mastigatória e estética, aliada à confiabilidade desse mecanismo que vem cada dia mais sendo estudado e aprimorado. O Brasil é um dos pioneiros nesses estudos e desenvolvimento – a cada dia há mais investimentos no setor. O tratamento é conhecido popularmente como terceira dentição. Eu discordo dessa designação, pois se assim fosse, teríamos estruturas biológicas parecidas com as perdidas anteriormente e isso não acontece com os implantes, onde os princípios mecânicos são diferentes, por isso chamamos de princípios biomecânicos, que é a inclusão de um dispositivo mecânico, respeitando-se o biológico.
CIDADÃO: Os dentes implantados são funcionais como os naturais, no que diz respeito à mastigação?
ADRIANO: Funcionalmente falando sim, mas vale lembrar que se trata de uma prótese, que tem suas limitações como toda e qualquer prótese, porém com muita confiabilidade, se utilizada de forma correta e instalada de forma adequada com componentes corretos.
CIDADÃO: Como se define qual é o “implante ideal” para o paciente?
ADRIANO: Essa é uma pergunta muito complexa de se responder, pois envolve muitos fatores, desde conhecimento anatômico, até alguns princípios de engenharia. Não é simplesmente colocar o implante e pronto; os implantes possuem várias formas e tipos de conexão, e cada uma tem sua respectiva indicação. Para uma melhor explanação, vamos fazer uma comparação grosseira, porém bem ilustrativa: “Comprei um carro, da marca X, mas e o modelo? Quais são seus opcionais? Qual é sua sua garantia? Qual tempo de uso desse produto no mercado? Sua manutenção, quanto custa?”. E assim são os implantes, pois não é tão somente o “parafuso” , mas sim um complexo que envolve: implante, componente e dente. Voltamos aos questionamentos: marca, modelo, opcionais, tempo de uso no mercado, sua manutenção; por mais que seja uma prótese, também requer manutenção. Respondendo ao questionamento inicial, o implante ideal é aquele que o profissional, indica dependendo do caso, pois cada caso é um caso, para sua melhor resolução, aliando função mastigatória e estética.
CIDADÃO: Qual é a capacitação necessária para que o profissional da Odontologia realize implantes com qualidade?
ADRIANO: Hoje temos muitos cursos de capacitação profissional, todo profissional pode realizar implantes, pois desde sua formação acadêmica, estudou essa disciplina, portanto pode fazer. Agora, no que diz questão à qualidade do trabalho, vai do chamado “bom senso”, onde o profissional deve se capacitar e sempre se reciclar, pois essa área, assim como outras, é uma área extremamente dinâmica, onde acordamos com novidades a cada dia.
CIDADÃO: O que é “casuística na implantodontia”?
ADRIANO: Essa é uma expressão bastante utilizada no meio odontológico, onde podemos dar referências com relação à experiência com determinado procedimento. Uma equação envolvendo número de procedimentos, sucesso e insucessos. Na implantodontia podemos dizer que é muito boa, pois o número de insucessos é muito pequeno. Mas vale lembrar que esse é um índice que não depende apenas do cirurgião dentista, depende também de outros fatores, como, por exemplo, fatores sistêmicos.
CIDADÃO: Existem pacientes que não podem receber implantes? Quais?
ADRIANO: A contra-indicação de implantes dentários é muito restrita. O individuo deve ter boa saúde geral, mesmo um diabético, se bem compensado e equilibrado pode ter implantes, um individuo que fez quimioterapia e/ou radioterapia, também pode, basta saber respeitar o organismo e a conduta medica especifica para cada caso, ficando tão somente a questão óssea, que também já não é um problema ou contra-indicação, pois com o advento da enxertia óssea, isso vem desaparecendo, tornando-se acessível a todo individuo saudável.
CIDADÃO: Há alguma orientação especial quanto à “manutenção” das próteses? Qual é a durabilidade delas, em média?
ADRIANO: Assim como os dentes naturais, as próteses sobre implantes requerem manutenção, que vai depender do tipo de prótese envolvida, tendo em vista as opções existentes. Com isso, cabe ao profissional orientar seu cliente da melhor forma, pois a longevidade dos implantes está diretamente ligada ao sucesso e manutenção da prótese.
CIDADÃO: Como é feito o diagnóstico indicando a utilização do implante dentário?
ADRIANO: Primeiramente, com um minucioso exame clinico, associado ao radiográfico, e se necessário se faz uma tomografia computadorizada (odontológica), modelos de estudo, e muito mais do que isso, uma entrevista detalhada com seu cliente, pois é através dessa entrevista que o profissional saberá qual é a expectativa do seu cliente, e se o profissional está à altura de atingi-la com sucesso, pois a odontologia é muito previsível, basta o profissional saber orientar e provisionar o caso de seu cliente.
CIDADÃO: Há alguma limitação a respeitar?
ADRIANO: Dentro da implantodontia a maior de todas as limitações se chama “bom senso”, tanto do profissional para com seu cliente, mas também do cliente para com o profissional, pois deve sempre haver a cumplicidade entre ambos, onde uma documentação é de fundamental importância para ambos, e também mostrando que ambos acordaram o que foi proposto, sabendo dos possíveis resultados apresentados.