Afinal, o que é SAMU? Quais são suas atribuições? Para responder a essas e outras indagações, CIDADÃO ouviu a secretária municipal de saúde, Patricia Moita Garcia Kawakame. O serviço recém-instalado no município representa um grande avanço no atendimento médico de urgência, garante ela. A expectativa de Patrícia, agora, é o advento de Centro de Reabilitação Lucy Montoro, do AME e da UPA, cujas consecuções, somadas aos demais serviços, deixarão Fernandópolis num elevado patamar na área de saúde pública.
CIDADÃO: O que representa a instalação, em Fernandópolis, do Serviço de Atendimento Médico de Urgência?
PATRICIA: Representa um grande avanço para o município, uma vez que a implantação deste serviço pelo governo federal em parceria com os municípios está reduzindo o número de óbitos, o tempo de internação em hospitais e as seqüelas decorrentes da falta de socorro precoce. O SAMU/192 é o principal componente da Política Nacional de Atenção às Urgências, criada em 2003, que tem como finalidade proteger a vida das pessoas e garantir a qualidade no atendimento no SUS. A política tem como foco cinco grandes ações: organizar o atendimento de urgência nos pronto-atendimentos, unidades básicas de saúde e nas equipes do Programa Saúde da Família; estruturar o atendimento pré-hospitalar móvel (SAMU/192); reorganizar as grandes urgências e os pronto-socorros em hospitais; criar a retaguarda hospitalar para os atendidos nas urgências; e estruturar o atendimento pós-hospitalar. Com certeza com o SAMU teremos um aumento significativo da chance de salvar vidas em nosso município, trazendo muita satisfação e proteção a nós que somos filhos da terra e aqueles que escolheram o nosso município para viver, culminando em melhora da qualidade de vida de todos nós.
CIDADÃO: Em quais situações emergenciais a rapidez nos primeiros socorros é primordial para evitar seqüelas?
PATRICIA: São diversas situações, cuja variável tempo de atendimento está diretamente relacionada ao prognóstico da vítima. Com destaque para os casos de morte súbita ou parada cardiopulmonar, uma vez que o início precoce das manobras de Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) efetuadas de maneira eficaz evitam déficits neurológicos que podem se tornar irreversíveis. Também destacamos os casos de atendimentos a vítimas de politraumas e emergências clínicas tais como Acidente Vascular Encefálico Isquêmico / Hemorrágico e Infarto Agudo do Miocárdio.
CIDADÃO: As equipes têm condições de atender a que tipo de situação? Como é o treinamento recebido?
PATRICIA: O serviço funciona 24 horas por dia com equipes de profissionais de saúde, como médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e socorristas que atendem às urgências de natureza traumática, clínica, pediátrica, cirúrgica, gineco-obstétrica e psiquiátricas da população. A equipe de profissionais recebeu Treinamento de Regulação Médica de 20h por meio de curso promovido pelo Ministério da Saúde e Treinamento de Protocolos Operacionais junto a Corporação de Bombeiros de 40 horas.
CIDADÃO: É possível, por exemplo, fazer um parto de emergência na ambulância?
PATRICIA: Sim, é possível fazer um parto, existem todos os recursos humanos e materiais para que isso aconteça. As situações de parto também podem ser orientadas pelo médico regulador por telefone até a chegada da unidade móvel. (ambulância do SAMU)
CIDADÃO: Como se classificam as unidades móveis?
PATRICIA: Classificam-se em Unidade Móvel de Suporte Avançado e de Suporte Básico. A de suporte Avançado atende as urgências de maior complexidade e tem sua equipe formada por um médico, um enfermeiro e um condutor - socorrista e possuem além de material de consumo, uma incubadora para transporte, um aspirador cirúrgico para ambulância, um respirador a volume, um monitor multiparâmetros, um oxímetro digital e bomba de infusão para seringas, além de todo o material para imobilização e medicamentos de cuidados intensivos. Quanto a de Suporte Básico atende as urgências de menor complexidade tendo um técnico de enfermagem e um condutor - socorrista e tem, além de material de consumo onde inclui-se medicações, no mínimo: rede de oxigênio, prancha longa de madeira para imobilização da coluna, colares cervicais, cilindro de O2, talas de imobilização de fraturas e ressuscitador manual adulto e infantil (ambu).
CIDADÃO: No mesmo dia da inauguração do SAMU de Fernandópolis, foi inaugurada a unidade de Ouroeste. Como a região ficou dividida, nesse aspecto?
PATRICIA: O serviço do SAMU é regional, e contempla 13 municípios da nossa Diretoria Regional de Saúde (DRS XV), temos uma Central de Regulação Médica, onde ficam alocados todos os nossos recursos materiais, equipamentos, equipe de profissionais e as unidades móveis que ficou em Fernandópolis e também optamos por deixar uma base no município de Ouroeste que se caracterizou como um pólo do serviço regional, lá ficará uma unidade móvel de Suporte Básico.
CIDADÃO: Se um paciente tiver um quadro grave que exija sua remoção para Rio Preto, por exemplo, ela será feita por uma unidade do SAMU?
PATRICIA: Não, o SAMU transportará a vítima apenas para a nossa Santa Casa que é o nosso serviço de referência regional, o transporte até São José do Rio Preto será realizado pelo serviço de UTI móvel da Santa Casa, que também é custeado pela Prefeitura Municipal. As unidades móveis não podem percorrer grandes distâncias, circulando apenas para os municípios da nossa regional, pois necessitam ficar alocadas ou próximas da Central de Regulação Médica, pois podem ser solicitadas para atender urgências a qualquer momento e se estiver muito distante da base pode gerar transtornos para o serviço.
CIDADÃO: Fernandópolis deverá ter em breve o Centro de Reabilitação Lucy Montoro. Consumada sua instalação, em que grau, de zero a dez, estaremos em matéria de saúde pública?
PATRICIA: De fato, em breve teremos o Centro de Reabilitação Lucy Montoro, o Ambulatório Médico de Especialidades AME e a Unidade de Pronto Atendimento - UPA. Acredito que com todos estes serviços implantados e funcionando ativamente, teremos nota 9. Para atingirmos uma nota 10, teríamos que apenas manter e melhorar todos os serviços de saúde já existentes, incluindo as três Unidades Básicas de Saúde (UBS), o Centro de Atenção as Doenças Infecciosas e Parasitárias (CADIP), Centro de Atenção Psicossocial (CAPS II); Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região de Fernandópolis (CISARF); Centro Integrado da Saúde, Centro de Apoio a Saúde da Mulher, Centro de Referência em Saúde (antigo Postão) que foi municipalizado e as 13 Unidades da Saúde da Família (USF), onde percebemos algumas fragilidades que seriam extintas se conseguirmos melhorar a estrutura física e o processo de trabalho, bem como implantar a estratégia de acolhimento (políticas nacionais de humanização). Temos que melhorar o projeto de enfermeiros nas escolas municipais incrementando a assistência de Enfermagem prestada aos alunos. Ainda estamos com a intenção de implantar um projeto referente a um Centro de Atenção a Saúde da Criança e estamos começando a articular um CAPS AD (álcool e drogas). Dessa maneira, acho que realmente temos grande chance de nos tornar uma referência na área da Saúde Pública. Vale ressaltar o apoio que temos recebido do nosso prefeito Luis Vilar e também estamos comemorando o fato de me tornar representante titular do Conselho de Secretarias Municipais da Saúde COSEMS da nossa região, tendo direito a voto em Assembléias realizadas na Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo em reuniões que serão realizadas na cidade de São Paulo, ganhando com isso oportunidade para pleitear recursos financeiros destinados a área da Saúde provenientes do Estado e do governo Federal para nossa região.