Unicastelo cria núcleo de ovinocultura

20 de Agosto de 2025

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Unicastelo cria núcleo de ovinocultura
A ovinocultura vive um período de agitação no mercado mundial e o reflexo pode ser sentido nas propriedades da região Noroeste de São Paulo.
Ciente da realidade do mercado e de suas novas necessidades, a Unicastelo de Fernandópolis criou o “Núcleo de Ovinos Texel”. Segundo o coordenador de planejamento do campus, Humberto Cáfaro Filho, a proposta do projeto é envolver os alunos e pesquisadores com a atividade produtiva, para que tomem conhecimento dos problemas e busquem soluções práticas e dentro de uma realidade do produtor regional.
O primeiro passo foi a aquisição de matrizes na própria região proveniente da Cabanha Água Dourada, localizada no município de Valentim Gentil. Os animais já são adaptados ao clima e as pastagens da região e o criador é membro da Politexel, entidade que trabalha estritamente com a raça Texel no Estado de São Paulo, aprimorando a divulgando suas qualidades. “Através de parceria com um membro da entidade, estaremos usufruindo da experiência e apoio que este grupo de produtores adquiriu ao longo dos anos em produzir animais de alta genética”, destaca Cáfaro.
Ele explica que a escolha da raça Texel pelo núcleo da Universidade se deve ao fato de ser uma raça que tem se destacado na região como animais resistentes ao calor e a verminoses, além de possuir como principal característica a capacidade de imprime qualidades a carcaça de sabor e textura.
Os trabalhos vêm sendo conduzido sob a orientação do Professor Dr. André da Cruz França Lema, que tem desenvolvido vários trabalhos de pesquisas, orientação de alunos e já escreveu até um livro sobre a ovinocultura, somente com dados levantados na região.
De acordo com o professor, o manejo dos animais contará com técnicas modernas de reprodução como inseminação artificial e transferência de embriões, objetivando melhoramento da raça para produção de reprodutores e matrizes de elite. “Deste modo, a Universidade espera que uma atividade prática de produção e pesquisa poderá disponibilizar à comunidade profissionais, como agrônomos e médicos veterinários, competentes e com experiência, além de animais com qualidade superior a um preço acessível”, conclui Lema.
MERCADO MUNDIAL
Os rebanhos da Europa e Austrália tiveram acentuada diminuição em países tradicionalmente produtores e consumidores de ovinos. A seca prolongada e a desertificação de diversas áreas de pecuária e agricultura na Austrália, por exemplo, obrigaram os ovinocultores a diminuir os seus rebanhos. Na Europa foram os problemas sanitários, especificamente no Reino Unido e Espanha, que tiveram seus rebanhos diminuídos em 12% nos últimos dez anos, e a expectativa é que a produção continue na descendência para os próximos anos. Em contrapartida, a carne do ovino vem caindo no gosto do consumidor europeu. Dados estatísticos tem demonstrado que na ultima década o consumo aumentou 10%.
Neste cenário, o Brasil tem aumentando sua produção na esperança de ocupar o espaço cedido no mercado internacional pela retração de outros países produtores. Segundo o “Diário de Cuiabᔠa atividade que mais cresceu nos últimos anos em Mato Grosso foi a ovinocultura. Estima-se um movimento de R$ 5 milhões somente 2010, e um crescimento de 900% alcançando ao patamar de 500 mil animais no estado.
A expansão da atividade se deve ao fato da descoberta pelos pecuaristas que a criação de ovinos é muito mais rentável que o gado bovino, especialmente no que tange ao custo de produção. O custo de se manter uma vaca no rebanho é alto e, na maioria das vezes, o preço da arroba não chega a compensar o investimento. Em contrapartida, o custo de manutenção de dez ovelhas no mesmo espaço onde é criada uma vaca é bem menor, daí a explicação para o fato de muitos pecuaristas estarem migrando de atividade. Estudos apontam que um boi precisa de um hectare de capim para se alimentar durante um ano e atingir entre 200 a 250 Kg; neste mesmo espaço, cerca 60 ovinos podem pastar e produzir até 900 Kg de carne.
Apesar do crescimento, o Brasil ainda não é capaz de atender a demanda interna. O consumo per capita/ano de carne de ovino no Brasil é de 0,7 quilo, número inexpressivo se comparado ao consumo de 37 quilos da carne bovina e, portanto, com um grande potencial para crescimento.