Foram cenas de faroeste caboclo. Antes que os despertadores soassem na madrugada desta sexta-feira, 15, o bairro Brasilândia, na zona leste de Fernandópolis, era acordado pelos estampidos de tiros.
Passava das 5h quando um carro da polícia suspeitou de dupla que transitava numa motocicleta sem placa, perto da EE Armelindo Ferrari. Os policiais iniciaram a perseguição, que chegou à Praça São Luiz Gonzaga, na Brasilândia. Ali ocorreu a primeira troca de tiros, que feriu gravemente no abdome o cabo Hamilton Agard Bernardo.
Na fuga, o suspeito Ricardo Alves Ferreira passou pelo interior da igreja São Luiz Gonzaga, onde aconteceria uma missa. Ele tomou a direção da padaria existente na esquina da praça. Dali, ele se escondeu numa casa da Rua Mato Grosso, onde, após troca de tiros, foi morto por integrantes da PM. Ricardo levou tiros no queixo e no peito.
Nesse tiroteio, Ricardo ainda baleou os soldados Waldir Binati e Marcos Antonio Medalha, feridos respectivamente na boca e na perna. O policial Agard foi submetido a uma cirurgia de urgência realizada pelo tenente-médico da PM, Mauro Affonso de Albuquerque.
O segundo suspeito, Diego Leison Andrade, o Dieguinho, se escondeu na casa de uma mulher idosa, mas foi detido após perseguição pelos quintais do quarteirão entre as Ruas Mato Grosso e Goiás e as avenidas Catanduva e Antonio Marin. No 2º DP, Dieguinho afirmou que havia saído com o amigo para fumar umas.
Assustada, população abandona casas e vai para a rua
Vic Renesto
Parecia que tudo havia terminado. Os peritos de criminalística faziam seu trabalho nas áreas isoladas pela polícia. Repentinamente, por volta das 7h20, uma informação reservada mobilizou os integrantes da PM: o suspeito que havia fugido estaria escondido na casa de uma sexagenária, a cerca de 200 metros do local do segundo tiroteio.
Rapidamente, seis ou sete policiais se dirigiram ao local, onde a proprietária abandonara a casa toda aberta e se refugiara atrás de uma pilha de tijolos, segurando uma pequena panela.
Outros moradores da quadra, diante do perigo iminente, também abandonaram suas casas. A polícia vasculhava cada lugar onde o fugitivo pudesse se esconder.
Eu e os colegas Ivan Gomes e Eduardo Pavaneli, da Rádio Difusora, e Cauê Bilharvas, da Rádio Alvorada, percorremos quintais e corredores estreitos, onde cães latiam e alguns rádios, esquecidos ligados pelos moradores, davam um toque surrealista à cena.
Policiais saltavam muros, corriam, trocavam informações via celular. Num dado momento, chegou a informação de que o suspeito fora capturado. Corremos para a Rua Goiás, por onde Diego Leison Andrade, de 22 anos, era retirado e engaiolado num carro de polícia.
Ele é fugitivo do presídio de Mongaguá, onde cumpria pena no tráfico de drogas. Dieguinho, como é conhecido, é morador da Avenida Domingos Vidali, na Brasilândia. Logo chegavam ao 2º Distrito Policial, na Avenida Libero de Almeida Silvares, familiares do suspeito e seu advogado, Maurilio Saves.
O delegado titular do 2º DP, José Flávio Guimarães comandou o interrogatório. Os suspeitos portavam uma pistola .40 e um revólver calibre 38. Segundo a polícia, foram disparados cerca de 60 tiros.
O capitão Wilson Cardoso revelou que Dieguinho tem uma extensa folha corrida. A ficha de Ricardo Alves Ferreira estava sendo levantada pela polícia.