Discórdia entre vereadores e Associação de Amigos marca sessão tumultuada

20 de Agosto de 2025

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Discórdia entre vereadores e Associação de Amigos marca sessão tumultuada
“O plenário é soberano. Quem legisla é o vereador”. A afirmação, feita na tribuna, pelo vereador Rogério Chamel (PSC) foi apenas uma entre as muitas frases fortes que se ouviram na noite desta terça-feira, 5, durante a sessão da Câmara de Fernandópolis.
Nessa sessão, deveria acontecer a segunda votação do Projeto de Emenda à Lei Orgânica Municipal nº 01/2011, de autoria de todos os vereadores, o qual, se aprovado, aumentará de dez para 15 as vagas no Legislativo fernandopolense, a partir de 2013.
Muitos integrantes da Associação de Amigos do Município – entidade que, durante todo o dia, havia se manifestado, por escrito ou em programas de rádio, contrária ao aumento de cadeiras – compareceram ao Palácio 22 de Maio.
A associação abriga 16 entidades de Fernandópolis. Em reunião realizada na Loja Maçônica Benjamim Reis, essas entidades selaram a posição contrária ao projeto.
Antes mesmo do início da sessão, havia indícios de que seria uma noite “quente”. Até o vereador situacionista Etore Baroni (PSDB) argumentava com veemência em favor do projeto e garantia que não mudaria seu voto. Baroni se justificava pelo crescimento da cidade, a perspectiva do advento da ZPE e com a necessidade de “maior representatividade no parlamento municipal”. Até a questão das comissões da Câmara foi ventilada pelo tucano, para provar a necessidade do aumento de cadeiras.
André Pessuto (PP) ironizou: “Manifestações desse tipo só acontecem em horas assim. A AAMF deveria estar aqui sempre, para nos ajudar em outros projetos. Muitas decisões que tomamos aqui não têm testemunhas, não há ninguém para observar. Também temos que ser fiscalizados, mas não só agora”, disse.
Pessuto afirmou que aceitava a tese do adiamento da votação para debater o projeto: “É bom, assim a população poderá entender o que representa isso para Fernandópolis”.
Mas o frisson ficou mesmo por conta do pronunciamento de Chamel. Sem se importar com a presença dos integrantes da AAMF – inclusive seu presidente, Toninho Assis – o vereador disse que foi eleito pelo povo e que a este, sim, devia satisfações: “Onde estava a associação quando crianças morriam na Santa Casa por falta de unidade neonatal? Onde ela estava quando o governo virava as costas para a duplicação da Euclides da Cunha e amigos e parentes nossos morriam na estrada, por causa desse descaso?”, indagou.
O longo e virulento discurso prosseguiu, até que a presidente Creusa Nossa declarasse que o tempo estava encerrado. Por unanimidade, os vereadores aceitaram a proposta de André Pessuto e a votação foi adiada por 30 dias. Na próxima quinta-feira, 14, às 18h, o assunto será debatido em audiência pública, no Palácio 22 de Maio. Segundo informações, o presidente da Associação de Amigos teria requisitado a gravação da sessão.