800 dias de governo Vilar

20 de Agosto de 2025

Compartilhe -

800 dias de governo Vilar
Neste sábado, a segunda administração de Luiz Vilar de Siqueira em Fernandópolis completa 800 dias. Nesse período, o prefeito eleito para gerenciar a cidade e solucionar problemas estruturais graves decepcionou aqueles que o levaram ao poder.
Eleito a partir do conceito de ser “bom administrador” e estribado no apoio de 16 entidades da cidade, Vilar esbarrou num obstáculo que não conheceu em sua primeira gestão: a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Na condução do processo político, o prefeito também não tem sido feliz. Algumas crises levaram a cisões importantes, como a renúncia do vice-prefeito Paulo Biroli à presidência da Expô, após a concessão de uma liminar, pelo Tribunal de Justiça, no processo movido pelo Ministério Público contra a “Cia. da Expô”, o prefeito, o vice e a prefeitura.
Outro problema está dentro do partido de Vilar, o DEM. Em meio à campanha eleitoral de 2010, Vilar praticamente abandonou o democrata Rodrigo Garcia para apoiar Julio Semeghini e Devanir Ribeiro. Seu nome virou tabu no seio partidário.
Mas o mais grave de tudo é mesmo a questão financeira: depois de receber uma prefeitura com quase R$ 8 milhões em caixa, o prefeito não soube controlar gastos e isso resultou em falta de recursos até mesmo para as contrapartidas a verbas governamentais.
As fortes chuvas esburacaram a cidade, mas, se quisesse decretar estado de calamidade, o prefeito não teria de onde tirar os recursos da contrapartida.
Moradores da periferia reclamam diariamente do abandono a que estão submetidos vários logradouros públicos – alguns exemplos disso você verá nesta página.
Claro que o prefeito sabe que os brasileiros têm memória curta, e que, se ele assumir com mão firme as rédeas do poder, poderá virar o jogo até outubro do próximo ano. Mas onde estão os recursos para isso?

Obras paradas, impasses, descaso...
Desde que assumiu, a atual administração trata com total descaso o problema existente no Parque Paulistano, na esquina das ruas Pernambuco e Florisbela dos Santos Freitas. Por duas vezes, CIDADÃO publicou matérias revelando o sério problema causado pela enxurrada.
Na última, publicada em 14 de janeiro deste ano, a moradora da casa da esquina, Regina Boari, revelou que várias reclamações foram feitas à prefeitura, sem sucesso. Regina sequer pode usar a garagem de sua casa, porque há uma grande valeta separando-a da rua.
O buraco foi causado por um temporal em 2009, e desde então nada foi feito para resolver a questão definitivamente. “Antes de me mudar para esta casa, quem morou aqui foi minha irmã Joana, que foi embora revoltada com o descaso da administração. A prefeitura culpava a empreiteira, a empreiteira culpava a prefeitura, ficou um jogo de empurra”, diz Regina. “Até paguei um caminhão de terra, mas não adiantou”, diz.
A moradora Maria Aparecida Oliveira desabafa: “Pagamos nossos impostos, cumprimos a lei, e somos tratados como lixo. Enquanto isso, ficam embelezando praças. Isso é uma palhaçada”.

GETULIO VARGAS E RAUL GONÇALVES
Continuam pendentes de solução as obras na Avenida Raul Gonçalves Junior, cujo prolongamento foi moeda de troca nas negociações com a Sabesp em 2008 e onde alguns vereadores apostaram alto.
A empresa aceitou acrescer R$ 1,5 milhão ao valor de R$ 8 milhões proposto para as reformas daquela via e da Avenida Getulio Vargas. Os vereadores aprovaram o projeto. Entretanto, a verba só sairia em 2009 – quando a prefeita Ana Bim já havia saído e Vilar assumira a prefeitura. Observadores da cena política viram nisso uma clara manobra eleitoreira do governo estadual.
Entretanto, enquanto a Getulio Vargas caminha a passos de cágado, a Raul Gonçalves enfrenta impasse com a família Padilha, proprietária de imóvel que deveria ser comprado ou desapropriado na área. Os Padilha alegam que a prefeitura quer pagar um preço vil, e o caso dependerá de solução judicial.

CÓRREGO DA ALDEIA
Outro imblóglio: a ponte sobre o Córrego da Aldeia, que tem como pano de fundo mais uma queda de braço entre Vilar e Ana Bim. CIDADÃO divulgou o caso em edição recente (5 de fevereiro).
Realizada em 2007, a ponte caiu em fevereiro do ano seguinte. Uma comissão nomeada para apurar responsabilidades apontou que a empresa encarregada da construção das cabeceiras deveria refazer o serviço.
Entretanto, esse parecer só foi exarado quando Ana Bim já deixara a prefeitura. Vilar não acolheu o parecer, isentou a empresa e mandou instaurar sindicância administrativa. Enquanto isso, a Avenida Theotonio Vilela continua interditada. O vereador Rogério Chamel (PSC) denunciou o caso ao Ministério Público.

AUGUSTO CAVALIN
A Avenida Augusto Cavalin é outra via pública que padece de um problema crônico: as inundações na baixada da represa, que acontecem sempre que chove forte. A água cobre a pista, porque a vazão é insuficiente. Isso aconteceu, por exemplo, no sábado de carnaval, impedindo a passagem dos veículos, nas duas pistas, por várias horas.
Dentro de dois meses, acontecerá a Expô, e a Avenida Augusto Cavalin é a única ligação com o recinto da festa, já que a Avenida Theotonio Vilela está interditada. Se a administração não correr, não conseguirá tapar os buracos a tempo.