Gutinho: “A Expô de Fernandópolis é motivo de orgulho”

20 de Agosto de 2025

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Gutinho: “A Expô de Fernandópolis é motivo de orgulho”
O jovem empresário Gustavo Martins Sisto, o Gutinho, já trabalha na organização da Expô, que acontecerá de 19 a 29 de maio. Em seu escritório no Bartoshow, ele recebeu a reportagem, em meio ao intenso trabalho da assessoria. Filho de Ana Maria e Sirio Sisto, casado com Idalina e pai de Enzo, Gutinho, que completa hoje 35 anos, revelou que será pai novamente “na época da Exposição”, quando deverá nascer Maria Eduarda. Empresário bem-sucedido do show business, ele considera que “a Expô deve ser motivo de orgulho, não de discussões” e garantiu ter plena confiança no sucesso da festa.
CIDADÃO: Como surgiu a sua vocação de promoter?
GUTINHO: Por volta de quinze anos atrás, eu tinha uma turma aqui em Fernandópolis que promovia festas, em várias chácaras da cidade. Chegou um tempo em que esse pessoal foi embora, estudar fora. Acabei ficando sozinho na promoção das festas. Mexi com boate, tive alguns sócios, mas esse pessoal foi parando. Não havia estudantes de fora como existe hoje, e as festas aconteciam mais em dezembro, janeiro, a época das férias.
CIDADÃO: E a “Vaca Louca”?
GUSTAVO: Naquele tempo, fizemos a “Vaca Louca” porque não tínhamos um local para nos reunirmos na Expô. No primeiro ano, se não me engano a boate tinha 19 donos! Primeiro era uma barraca, depois virou lona de circo, e foi melhorando com o passar do tempo. Quando surgiu o Bartô, foi por causa de alguns problemas entre sócios, coisa normal de qualquer empresa. Mas só mudou o nome, a característica ficou a mesma.
CIDADÃO: Nessa época, qual era a posição da sua família em relação à sua atividade profissional?
GUTINHO: No começo, meu pai não gostou muito, não! (risos). Só que eu tinha ido estudar em Marília e acabei não fazendo o curso de Direito, não gostei, decidi vir embora. Estava gastando o dinheiro dos meus pais à toa, e aquilo me incomodava. Não foi o meu pai quem me trouxe de volta, fui eu mesmo que decidi vir embora. Hoje, meus pais me incentivam e ajudam. Aliás, sozinho você não faz nada. O sucesso que me atribuem como empresário da noite, eu seria louco se dissesse que o conquistei sozinho.
CIDADÃO: Qual foi o maior desafio que você enfrentou na carreira profissional?
GUTINHO: Foi me levantar. Dei uma “quebrada” certa vez que foi difícil. Fiquei devendo na cidade, e para pagar todos esses credores demorou um tempo. Você acaba perdendo um pouco da credibilidade e ficando meio “pra baixo”. Porém, muita gente aqui de Fernandópolis me ajudou a me levantar – ninguém se levanta sozinho, nessas circunstâncias.
CIDADÃO: Particularmente, qual é o seu gênero musical preferido, aquele que sempre está disponível no seu carro ou na sua casa?
GUTINHO: Eu gosto de música sertaneja, isso não é segredo para ninguém. Falam que eu faço muito sertanejo, mas, puxa vida, de quase 20 anos que estou na estrada, só faz quatro anos que comecei a fazer sertanejo! Antes, praticamente não se tocava sertanejo na noite, era quase um tabu. Tanto que as primeiras “Quintanejas” que fizemos no Bartô davam 80 pessoas, 60, tinha dia que não dava ninguém. Agora, algumas pessoas estão dizendo eu vou trazer os meus amigos na Expô. Ora, Jorge e Mateus, hoje, são disparado a maior dupla sertaneja do Brasil, isso é provado em números! É a única dupla que não dá prejuízo para o contratante. Então, essas coisas têm que ser consideradas.
CIDADÃO: E essa idéia de apoiar os “Sonhadores”?
GUTINHO: Um dia, uma pessoa de Fernandópolis, da qual eu gosto muito, só não vou revelar quem é, me apresentou o grupo “Os Sonhadores”. Fui lá, acompanhei de perto, gostei do trabalho, acho que a luta deles é muito difícil. Tempos depois, o Jorge (da dupla Jorge e Mateus) veio a Votuporanga, e eu fui lá, porque sempre que eles vêm à região eles me ligam e pedem para acompanhá-los. Falei então do projeto, que se trata de um projeto social que tem uma parte ligada à música. Contei da falta de instrumentos, e o Jorge me perguntou: “O que eles precisam?” Respondi, e ele falou: “Eu vou dar dez violões, só que você tem que dar outros dez!” Reclamei que ele tinha muito mais recursos do que eu, mas acabei aceitando. Aliás, eu já dei os meus dez violões, e ele vai dar os dele provavelmente no dia do show na Facip de Jales. Devem passar por aqui na parte da manhã. Outros artistas prometeram ajudar, o próprio João Bosco (da dupla João Bosco e Vinicius) é um deles. É uma coisa legal, feita de coração. Não que as outras entidades não sejam dignas de apoio e aplausos. É que esse é um projeto novo, com o qual me identifiquei muito. Nunca fui muito participativo nas entidades, sei que é uma falha minha, mas no caso dos “Sonhadores” aconteceu essa identificação.
CIDADÃO: O que você pensa a respeito do conceito de profissionalização da Expô?
GUTINHO: Acho que a palavra que define isso é: organização. Tudo tem que ter horário, regras, tem que funcionar como um relógio. Podem me criticar por algum erro de estratégia, mas os meus eventos são pontuais. É por aí, é preciso ter regras e não abrir exceções, em todos os setores. É preciso delegar poderes e principalmente saber a quem delegar. A organização tem que funcionar como uma grande engrenagem. Um show pode atrasar 10 minutos, você pode abrir a exceção para a entrada do carro que conduz um cadeirante, mas em regra o mecanismo tem que ser cumprido à risca.
CIDADÃO: E em relação à eterna discussão sobre os tipos de shows que são contratados? Na sua grade, por exemplo, só têm sertanejos, e ainda assim ela foi aprovada pela maioria, segundo uma enquete realizada pelo CIDADÃO...
GUTINHO: Olha, o show do Skank no ano passado foi lindo! Só que tinha pouca gente...Eu gostaria de trazer a cantora Ana Carolina a Fernandópolis, mas será que daria público? A festa precisa de público. Se eu trago um show que não dá público, prejudico o barraqueiro que pagou um espaço lá dentro. Idem para o cara do parque de diversões, o dono do estacionamento. Não é só o presidente que está envolvido na festa, é um círculo complexo. Penso que o sucesso dos artistas sertanejos se deve à sua união, que não existe entre o pessoal do rock, do axé. Estes entraram na curva de descendência no mercado não por culpa da mídia, e sim deles mesmos. Vou falar de dois grupos que gosto: quando você viu o J. Quest gravar uma música do Capital Inicial ou vice-versa? Nunca, é claro. Os sertanejos gravam músicas de duplas desconhecidas, para valorizar, fazer entrar no mercado. Fale-me qual foi a última música de sucesso do Chiclete com Banana? Faz mais de seis anos, eles não tem se renovado. A música sertaneja vem se renovando, a cada semana tem uma música nova. Isso é mercado! Está provado nas bilheterias. Antigamente, no Rio de Janeiro só tinha show de rock e axé. Hoje, o Jorge e Mateus cantam lá, o Cesar e Menotti, o Bruno e Marrone. Se o gênero se tornou forte, foi por causa da união dos sertanejos, gostem ou não.
CIDADÃO: Algumas de suas medidas conquistaram a opinião pública, como os quatro dias gratuitos e o fim do estacionamento interno, com a evidente exceção de ambulâncias, carros de polícia etc. Qual é a sua filosofia para a Expô?
GUTINHO: Tem que ser uma festa da cidade, da qual todo mundo goste. Para que isso aconteça, você tem que criar condições para que todo mundo tenha chance de ir à festa. Por isso os quatro dias gratuitos. Sabemos que há muita gente que não possui recursos para ir á festa. O cidadão só vai defender a Expô de Fernandópolis se ele a freqüentar, senão não terá por que falar bem da festa. Tem muitas famílias sem condições. Mas, ao mesmo tempo, precisamos da ajuda de todos, porque a festa custa caro. Falei na reunião na ACIF que teremos que cortar custos, e teremos mesmo, porque não é fácil. Um rapaz escreveu aqui no Orkut (mostra no computador) que “só o dinheiro dos barraqueiros paga a grade de show”. Ora, é preciso acabar com esse “achismo”, essa coisa de falar besteiras, sobre algo que o sujeito não tem informações. Ele que fosse se informar antes de emitir opinião! Falam que a prefeitura põe dinheiro na Expô. Isso não é possível, é ilegal. Ela apenas cuida do recinto – que é dela, é público – e banca o show de aniversário da cidade. Mais nada! Se der lucro, tem que dar para a prefeitura. Se der prejuízo, quem vai pagar sou eu.
CIDADÃO: Qual é a sua real expectativa em relação ao resultado da festa? Ela vai manter os níveis anteriores?
GUTINHO: Vai, sim, não tenho dúvida. A Expô de Fernandópolis tem público cativo há mais de dez anos. O último sábado da festa, seja qual for o show, enche o recinto. O primeiro sábado também, a não ser que chova. Devem caber umas 35 mil pessoas no recinto, e não podemos ampliar isso, pelo menos em curto prazo. As festas de Barretos, Jaguariúna, Americana, não são festas para as famílias como a nossa: são festas só para jovens, você não vê crianças. A nossa festa é maravilhosa. Ela tem que ser motivo de orgulho, não de discussão.