Cai apreensão de drogas em 2010. Maconha continua na liderança

20 de Agosto de 2025

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Cai apreensão de drogas em 2010. Maconha continua na liderança
Fernandópolis conta com o apoio da iniciativa privada para ajudar jovens dependentes

De acordo com balanço realizado pelo 16º Batalhão de Fernandópolis, a quantidade de drogas apreendidas na cidade em 2010 foi menor do que no ano de 2009. O número caiu quase pela metade: 2,464 quilos de entorpecentes, contra 4,364 no ano anterior.

A maconha, segundo a Polícia Militar, foi a que teve maior apreensão. Cerca de 6,281 da droga foram apreendidos. Crack e cocaína somam 547 gramas.

Segundo o Capitão Wilson, as ações da Polícia Militar, no geral, indiciaram 104 pessoas nos anos de 2009 e 2010, entre adultos e adolescentes.

O registro de jovens envolvidos com drogas faz com que o poder público busque parcerias para o atendimento e tratamento, de maneira rápida e eficiente.

Em Fernandópolis, o juiz da Vara da Infância e Juventude, Evandro Pelarin, tem encontrado apoio significativo da iniciativa privada. “Antes de qualquer coisa realizamos um estudo bem detalhado das condições do adolescente e sua dependência, conversamos com a família e na maioria das vezes decidimos juntos qual é o melhor caminho para recuperar e trazer o jovem de volta ao convívio da sociedade. Nesses casos, contamos com o apoio de vários profissionais como psicólogo e assistente social”, conta o juiz, que explica: “Muitas vezes os adolescentes assistidos precisam até de roupas e produtos de higiene pessoal para começar o tratamento, porque a necessidade é grande. A sorte é poder contar com parceiros, como a Unimed, por exemplo.

O trabalho

A Unimed de Fernandópolis trabalha há quatro anos com projeto de responsabilidade social para tratamento e recuperação de dependentes químicos, em parceria direta com o Poder Judiciário, Vara da Infância e da Juventude e Conselho Tutelar de Fernandópolis. Foram atendidos sete menores em 2007, nove menores em 2008, seis menores em 2009 e oito menores em 2010, totalizando 30 menores atendidos e encaminhados para Comunidades Terapêuticas da Região.

É uma iniciativa que reúne interesses com um único objetivo: aprimoramento das condições de vida na sociedade. O projeto integra várias outras ações como campanhas de saúde e ações sociais em bairros carentes, como coletas de exames de sangue.

O resultado

J.S.N. está às vésperas de completar 19 anos. Ele faz aniversário no dia 7 de fevereiro e de presente gostaria de ganhar a oportunidade de cursar uma faculdade. Sonhos de muitos rapazes de sua idade. A diferença é que, se ele não tivesse recebido ajuda na hora certa, a história poderia ser bem diferente. Ele é ex-dependente químico. Recuperado, se diz arrependido das amizades que fez quando tinha apenas 14 anos.

Desde pequeno, J. já dava trabalho na escola e freqüentava cotidianamente o Conselho Tutelar da cidade por falta de disciplina e por desrespeitar a professora, além de não gostar de freqüentar as aulas. Mas, a situação piorou depois que entrou na adolescência.

J. conta que foi por intermédio das más companhias que experimentou as drogas: “Meu primeiro contato foi com a maconha, depois usei cocaína, mas não gostei. Quando fumei a primeira pedra de crack foi como se tivesse conhecido o grande amor da minha vida. Foi paixão à primeira vista. No começo fumava duas pedras por dia, no final a média era treze”.

Isso aconteceu quando Jacob tinha apenas 14 anos. Já dependente e entregue às drogas, a única maneira de sustentar o vício era praticar o furto. “Todos os delitos que cometi foram pelo artigo 155, que é furto. Nunca machuquei ninguém para conseguir comprar drogas. Entrei em muitas casas da cidade para furtar jóias, relógios e objetos de valor. Hoje me arrependo muito”.

Em uma das audiências com o promotor Rafael Hussein, J. precisou escolher entre a internação para se livrar do vício ou ser transferido para a Fundação Casa, ex-Febem. Ele escolheu o tratamento.

Como a convivência com a família estava desgastada por causa da relação com as drogas, J. foi morar na casa de um colega. Uma de suas exigências para seguir viagem até Araraquara, cidade em que fica a clinica de recuperação, era a companhia do colega. Para evitar que J. desistisse do tratamento, os conselheiros tutelares cederam. “Lembro que viajamos no dia 24 de dezembro de 2008 e um dia antes usei drogas a noite inteira, sem parar. Quando entrei no carro estava com roupa e chinelos velhos. Tinha vendido tudo para comprar crack”, diz J.

Na clínica foram quase nove meses de tratamento. Nesse período, J. tentou fugir, voltou, fez aniversário, passou pela desintoxicação, ressocialização, aprendeu a cozinhar, fez amigos e se fortaleceu.

Quando voltou para casa, encontrou o amor da família, que para o conselheiro tutelar Darci Romão Liberato, é muito importante para o sucesso do tratamento: “quando os jovens chegam em casa não podem encontrar o clima de antes da internação. Tanto o jovem quanto a família precisam mudar”.

Hoje, J. trabalha com servente de pedreiro e leva a vida com mais consciência: “as drogas acabaram com a minha vida. Felizmente, a Justiça, os conselheiros e a Unimed, através do custeio do meu tratamento, trouxeram tudo de volta. Sou muito grato e não vou esquecer jamais dessas pessoas. No começo, quando voltei, às vezes tinha vontade de usar drogas de novo, mas enfrentei os problemas de frente todas as vezes, pensei nas pessoas que me ajudaram, nos meus pais e consegui resistir. Hoje não penso mais em drogas, só em viver”.