Assessoria do prefeito Vilar refuta matéria do Diário da Região, segundo a qual 500 moradores estariam em área de risco
A assessoria de imprensa do prefeito de Fernandópolis, Luiz Vilar de Siqueira, negou a existência de áreas de risco na cidade. Essas áreas seriam as zonas sujeitas a alagamentos ou desbarrancamentos.
A polêmica surgiu com a publicação, na última quinta-feira, de reportagem do Diário da Região, de São José do Rio Preto, segundo a qual na região noroeste paulista haveria 10,2 mil pessoas vivendo em áreas de risco 500 delas em Fernandópolis.
De acordo com Karina Alves, da assessoria de Vilar, não existe nenhum ponto crítico em Fernandópolis e nenhuma família em situação de risco. A jornalista explicou que existe um programa chamado Aluguel Social, através do qual a prefeitura pagaria o aluguel de vítimas de fenômenos telúricos. Não há qualquer registro de solicitação nesse sentido, garantiu Karina.
Depois da publicação da reportagem, muitas pessoas ligaram para a prefeitura, querendo saber onde ficava a área de risco de Fernandópolis. Segundo a jornalista, deve ter havido algum equívoco na apuração da matéria. Entramos em contato até mesmo com a Defesa Civil de São Paulo, e não obtivemos qualquer notícia. Nada consta sobre Fernandópolis, declarou.
CONFUSÃO
Para Tatiana Brandini, diretora de comunicação da prefeitura, deve ter havido uma confusão do repórter: Ele falou diretamente com o seu Luiz (Vilar), que lhe informou que a única área na cidade onde poderia haver algum desabamento seria em frente ao Recanto Tamburi, mas o problema já foi solucionado com as novas e maiores galerias. Não sei de onde saiu esse número de 500 pessoas em risco, disse.
Tatiana explicou que o Aluguel Social só foi acionado em Fernandópolis em alguns casos de destelhamento provocado por ventanias e em situações de risco de violência, como pessoas que foram ameaçadas por desafetos.
Falta Defesa Civil em 46 cidades
A Defesa Civil é ausente ou capenga em praticamente todos os municípios do noroeste paulista. De 74 municípios da região, 46 não contam com o órgão. Um deles é Bady Bassitt. O custo é alto para montar um órgão desses, e o governo estadual não ajuda, afirma o prefeito Edmur Pradela. Outras 27 cidades têm coordenadorias municipais de Defesa Civil, mas não há estrutura própria para o órgão, o que só ocorre em Rio Preto. Se precisamos de um engenheiro ou de um veículo, pegamos da Secretaria da Cidade ou da Assistência Social, diz o coordenador do órgão em Votuporanga, Josuel Domingues. A coordenadoria é requisito do Estado para que o prefeito decrete estado de calamidade pública.
Mesmo em Rio Preto, uma cidade com mais de 400 mil habitantes, a estrutura é insuficiente para atender a demanda. Segundo funcionários, que não quiseram ser identificados, seriam necessários mais dez servidores além dos 12 já existentes. Além disso, faltam veículos - a Defesa conta com duas Kombis e um Astra. A assessoria da Prefeitura não informou se há previsão de novos investimentos no órgão. De acordo com o vice-coordenador da Defesa Civil de Rio Preto, José Carlos Sé, a estrutura mínima para o órgão são um veículo próprio e um engenheiro exclusivo.
A cultura da Defesa Civil, com investimento em prevenção de riscos e em planos de ação em situações emergenciais, ainda engatinha no Estado, diz o secretário executivo adjunto da Defesa Civil no Estado, Cláudio Alberto Péttine, que também coordena o órgão em Urupês. Segundo ele, ainda neste semestre o município deve contar com um veículo próprio.
FERNANDÓPOLIS
Não foi fácil descobrir se em Fernandópolis existe ou não a Defesa Civil. Muita gente afirmou categoricamente que não existe inclusive um membro do Corpo de Bombeiros e um funcionário municipal.
Já a diretora de comunicação da administração, jornalista Tatiana Brandini, garantiu que o comitê de Defesa Civil de Fernandópolis existe, sim, e é presidido pelo advogado Carlos Sugui, que acumula os cargos de presidente da Associação Comercial e ouvidor geral do município.
Sugui, porém, não foi localizado pela reportagem: ele estava em São Paulo, numa reunião, com o celular desligado.