Administração nega que cidade tenha pontos de risco

20 de Agosto de 2025

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Administração nega que cidade tenha pontos de risco
Assessoria do prefeito Vilar refuta matéria do “Diário da Região”, segundo a qual 500 moradores estariam em área de risco

A assessoria de imprensa do prefeito de Fernandópolis, Luiz Vilar de Siqueira, negou a existência de áreas de risco na cidade. Essas áreas seriam as zonas sujeitas a alagamentos ou desbarrancamentos.
A polêmica surgiu com a publicação, na última quinta-feira, de reportagem do “Diário da Região”, de São José do Rio Preto, segundo a qual na região noroeste paulista haveria 10,2 mil pessoas vivendo em áreas de risco – 500 delas em Fernandópolis.
De acordo com Karina Alves, da assessoria de Vilar, “não existe nenhum ponto crítico em Fernandópolis e nenhuma família em situação de risco”. A jornalista explicou que existe um programa chamado “Aluguel Social”, através do qual a prefeitura pagaria o aluguel de vítimas de fenômenos telúricos. “Não há qualquer registro de solicitação nesse sentido”, garantiu Karina.
Depois da publicação da reportagem, muitas pessoas ligaram para a prefeitura, querendo saber “onde ficava a área de risco de Fernandópolis”. Segundo a jornalista, deve ter havido algum equívoco na apuração da matéria. “Entramos em contato até mesmo com a Defesa Civil de São Paulo, e não obtivemos qualquer notícia. Nada consta sobre Fernandópolis”, declarou.
“CONFUSÃO”
Para Tatiana Brandini, diretora de comunicação da prefeitura, deve ter havido uma confusão do repórter: “Ele falou diretamente com o ‘seu’ Luiz (Vilar), que lhe informou que a única área na cidade onde poderia haver algum desabamento seria em frente ao Recanto Tamburi, mas o problema já foi solucionado com as novas e maiores galerias. Não sei de onde saiu esse número de 500 pessoas ‘em risco’”, disse.
Tatiana explicou que o “Aluguel Social” só foi acionado em Fernandópolis em alguns casos de destelhamento provocado por ventanias e em situações de risco de violência, como pessoas que foram ameaçadas por desafetos.

Falta Defesa Civil em 46 cidades

A Defesa Civil é ausente ou capenga em praticamente todos os municípios do noroeste paulista. De 74 municípios da região, 46 não contam com o órgão. Um deles é Bady Bassitt. “O custo é alto para montar um órgão desses, e o governo estadual não ajuda”, afirma o prefeito Edmur Pradela. Outras 27 cidades têm coordenadorias municipais de Defesa Civil, mas não há estrutura própria para o órgão, o que só ocorre em Rio Preto. “Se precisamos de um engenheiro ou de um veículo, pegamos da Secretaria da Cidade ou da Assistência Social”, diz o coordenador do órgão em Votuporanga, Josuel Domingues. A coordenadoria é requisito do Estado para que o prefeito decrete estado de calamidade pública.

Mesmo em Rio Preto, uma cidade com mais de 400 mil habitantes, a estrutura é insuficiente para atender a demanda. Segundo funcionários, que não quiseram ser identificados, seriam necessários mais dez servidores além dos 12 já existentes. Além disso, faltam veículos - a Defesa conta com duas Kombis e um Astra. A assessoria da Prefeitura não informou se há previsão de novos investimentos no órgão. De acordo com o vice-coordenador da Defesa Civil de Rio Preto, José Carlos Sé, a estrutura mínima para o órgão são um veículo próprio e um engenheiro exclusivo.

“A cultura da Defesa Civil, com investimento em prevenção de riscos e em planos de ação em situações emergenciais, ainda engatinha no Estado”, diz o secretário executivo adjunto da Defesa Civil no Estado, Cláudio Alberto Péttine, que também coordena o órgão em Urupês. Segundo ele, ainda neste semestre o município deve contar com um veículo próprio.

FERNANDÓPOLIS

Não foi fácil descobrir se em Fernandópolis existe ou não a Defesa Civil. Muita gente afirmou categoricamente que não existe – inclusive um membro do Corpo de Bombeiros e um funcionário municipal.
Já a diretora de comunicação da administração, jornalista Tatiana Brandini, garantiu que o comitê de Defesa Civil de Fernandópolis existe, sim, e é presidido pelo advogado Carlos Sugui, que acumula os cargos de presidente da Associação Comercial e ouvidor geral do município.
Sugui, porém, não foi localizado pela reportagem: ele estava em São Paulo, numa reunião, com o celular desligado.