De novo, tem picareta na praça. Apesar da lei

20 de Agosto de 2025

Compartilhe -

De novo, tem picareta na praça. Apesar da lei
Sandra (nome fictício) é contato publicitário de uma agência de Fernandópolis. Esta semana, ela foi surpreendida pela declaração de uma cliente: quando Sandra a procurou para negociar anúncios, a comerciante explicou que não poderia fazê-lo, pois gastara a verba publicitária do mês na “compra” do “título” de “melhor do ano”.
Esse esquema não é novo. Há décadas, aparecem periodicamente em Fernandópolis alguns espertalhões que se intitulam promotores do prêmio “melhores do ano”, ou alguma coisa similar. Para ser “eleito”, porém, o comerciante, industrial ou profissional liberal precisa comprar um pacote que inclui ingressos para um jantar solene, fotos e outras coisas que, somadas, nada mais constituem do que a compra dos “votos”.
Anos atrás, o então vereador Alaor Pereira se sentiu incomodado com a armação e propôs uma lei que proibisse a ação dessas empresas na cidade. Segundo Alaor, na época ele foi procurado por um grupo de empresários da cidade, que reclamava das “pesquisas mentirosas”. Na ocasião, segundo esses empresários, o “pacote” custava R$600. Por esse valor, qualquer um poderia ser “o melhor do ano”. Houve até o caso de um empresário que comprou um mega-pacote e abiscoitou vários títulos de “melhor do ano”, em diferentes categorias.
Em 2007, aprovado o projeto de Alaor, a então prefeita Ana Bim sancionou a Lei 3.229, que está em vigor. “A lei existe; o que acontece é que não há fiscalização da prefeitura. Assim, essas ‘pesquisas’ continuam sendo feitas”, disse Alaor Pereira.
A assessoria da prefeitura de Fernandópolis informou à reportagem que a fiscalização só pode acontecer através de denúncias. Dessa forma, prosseguem as “eleições” do melhor sapateiro, melhor advogado, melhor barbeiro, melhor vereador, melhor revista...