Sandra (nome fictício) é contato publicitário de uma agência de Fernandópolis. Esta semana, ela foi surpreendida pela declaração de uma cliente: quando Sandra a procurou para negociar anúncios, a comerciante explicou que não poderia fazê-lo, pois gastara a verba publicitária do mês na compra do título de melhor do ano.
Esse esquema não é novo. Há décadas, aparecem periodicamente em Fernandópolis alguns espertalhões que se intitulam promotores do prêmio melhores do ano, ou alguma coisa similar. Para ser eleito, porém, o comerciante, industrial ou profissional liberal precisa comprar um pacote que inclui ingressos para um jantar solene, fotos e outras coisas que, somadas, nada mais constituem do que a compra dos votos.
Anos atrás, o então vereador Alaor Pereira se sentiu incomodado com a armação e propôs uma lei que proibisse a ação dessas empresas na cidade. Segundo Alaor, na época ele foi procurado por um grupo de empresários da cidade, que reclamava das pesquisas mentirosas. Na ocasião, segundo esses empresários, o pacote custava R$600. Por esse valor, qualquer um poderia ser o melhor do ano. Houve até o caso de um empresário que comprou um mega-pacote e abiscoitou vários títulos de melhor do ano, em diferentes categorias.
Em 2007, aprovado o projeto de Alaor, a então prefeita Ana Bim sancionou a Lei 3.229, que está em vigor. A lei existe; o que acontece é que não há fiscalização da prefeitura. Assim, essas pesquisas continuam sendo feitas, disse Alaor Pereira.
A assessoria da prefeitura de Fernandópolis informou à reportagem que a fiscalização só pode acontecer através de denúncias. Dessa forma, prosseguem as eleições do melhor sapateiro, melhor advogado, melhor barbeiro, melhor vereador, melhor revista...