Um fantasma chamado Andropausa

20 de Agosto de 2025

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Um fantasma chamado Andropausa
Por muitos anos, as terapias de reposição hormonal focaram principalmente o tratamento de mulheres durante a menopausa. Recentemente, os terapeutas voltaram seus olhos para o tratamento que consiste na reposição de hormônios para prevenir e tratar os sintomas da andropausa, o grande fantasma masculino.
O urologista Sandro Rogério Serafim concedeu entrevista ao Jornal Cidadão, explicou detalhadamente os efeitos da andropausa e alertou sobre os riscos que causa o uso de “bombas”.

CIDADÃO: O que é a Andropausa?
SANDRO: Andropausa seria o correspondente à menopausa na mulher, só que as coisas não acontecem bem assim. Enquanto na mulher a falta do hormônio, que vem com a idade, traz sintomas importantes (calor, diminuição da lubrificação, irritabilidade, etc.). No homem nem sempre é assim, pode o homem ter baixa de hormônio e ele não sentir nada. No meio médico hoje o que termo que usamos é DAEM (Distúrbio Androgênico do Envelhecimento Masculino). Sendo assim, nem todos os sintomas que podem surgir com o envelhecimento no homem devem ser atribuídos à diminuição do hormônio masculino (testosterona, que é produzida em mais de 95% pelos testículos).
CIDADÃO: Quais são as causas, sintomas e tratamentos da Andropausa?
SANDRO: Primeiro, o próprio envelhecimento - e com isso uma diminuição natural da produção do hormônio; perda de funcionalidade dos testículos por doenças prévias (traumas, caxumba, uso de anabolizantes, drogas, quimioterapia, etc.), estresse, entre outras causas. Entre os sintomas – embora a grande maioria dos homens não sinta absolutamente nada – estão a perda da libido (interesse pelo sexo); disfunção erétil (impotência); perda de massa muscular, osteoporose e desânimo. Com relação ao tratamento, vale alertar sobre essa moda que está se criando, de tratar qualquer baixa de hormônio. É sabido que nem todo paciente que tem hormônio baixo necessita de tratamento; só aqueles que tenham sintomas que foram causados por esta diminuição da testosterona. O tratamento pode ser feito por via transdérmica (gel aplicado à pele - não tão em moda no Brasil, por falta de medicamento padronizado); via oral ( a ingestão oral do medicamento, não é tão eficaz, pois a maioria dele é excretado sem ser aproveitado) e via injetável (intra-muscular), que é a forma mais eficaz atualmente, tendo agora uma apresentação que pode ser feita a cada três meses.
CIDADÂO: O que é reposição hormonal?
SANDRO: Reposição hormonal é o tratamento para a andropausa. Vale aqui ressaltar a necessidade de um acompanhamento sério, visto que uma reposição mal feita pode levar a problemas sérios de fígado, alterações sanguíneas, alterações de colesterol e também no desenvolvimento do câncer de próstata nas pessoas propensas a esta doença.
CIDADÂO: Quais os efeitos colaterais dos remédios usados para a disfunção erétil?
SANDRO: A disfunção erétil (impotência), atinge aproximadamente 50% dos homens na idade de 40-70 anos de idade e, está começando a ser mais freqüente em homens mais jovens. Com isso, a busca pelo tratamento é cada vez mais frequente. Sabe-se que em 70% das vezes o fator psicológico está associado, principalmente nos mais jovens.
Com a facilidade de acesso a medicamentos que vão estimular a ereção, começam a vir os medos sobre os efeitos colaterais e risco de se fazer uso destas. Não devem usar essas medicações pacientes que façam uso de medicamentos a base de nitrato (Sustrate, por exemplo) ou pessoas que não agüentem fazer esforço físico. Os efeitos colaterais que não devem assustar são principalmente: rubor facial (rosto ficar vermelho), cefaléia, congestão nasal, dor lombar.
CIDADÃO: O que você tem a falar sobre a AIDS em homens que já estão na terceira idade?
SANDRO: A prevenção da AIDS na terceira idade é importante, assim como em todas as idades, visto que em grande escala se perdeu a responsabilidade com o preservativo.
Nessa faixa de idade temos considerações importantes: 1º: são pessoas que não se habituaram ao uso de preservativo, visto que em sua época de jovem não havia risco tão graves; 2º: Com o uso de medicamentos que estimulam a ereção esses homens estão procurando mais a vida sexual, e muitas vezes fora de casa, e assim se expondo mais ao risco, pois normalmente ficam incomodados com o preservativo; 3º: Ao ter relação fora, e se contaminar estes pacientes trazem por fim o vírus da AIDS para suas parceiras, dentro de casa. 4º: Hoje a compra destes medicamentos é bem mais acessível, podendo ser comprado por até R$ 8, não sendo mais tão necessária a compra de produtos de origem desconhecida. Gostaria de encerrar esclarecendo a importância de um seguimento rigoroso para pacientes portadores de distúrbios hormonais e de ereção. Se automedicar nesses casos pode "custar" muito caro ao paciente, e o tratamento inadequado trazer malefícios irreversíveis. Gostaria de alertar aos jovens que fazem uso das "bombas" para ficarem mais musculosos. Normalmente esse tipo de produto é à base de testosterona, se o uso for continuado, pode atrofiar os testículos e até levar ao câncer.