Energia elétrica insuficiente pode fechar frigorífico

20 de Agosto de 2025

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Energia elétrica insuficiente pode fechar frigorífico
O fornecimento insuficiente de energia elétrica pela empresa Elektro pode provocar a paralisação das atividades do Frigorífico Boifrig.
A notícia correu como um rastilho de pólvora durante a semana em Fernandópolis. O Boifrig iniciou suas atividades no dia 2 de junho, sob o comando de um grupo empresarial iraniano comandado por Mir Mohammad Hashemi.
Os iranianos arrendaram a planta frigorífica do Mozaquatro, que está em processo de recuperação judicial. Desde outubro de 2006, quando a “Operação Grandes Lagos” desencadeada pela Polícia Federal prendeu o empresário Alfeu Mozaquatro, sob a acusação de sonegação, a planta frigorífica de Fernandópolis vem passando por períodos de desativação ou de arrendamentos que não tiveram continuidade.
O advento dos empresários do Irã foi saudado pela comunidade, já que a empresa era uma das maiores empregadoras de Fernandópolis. Autoridades compareceram em peso à cerimônia que marcou o reinício das atividades. Na ocasião – há apenas 52 dias – havia a previsão de que o abate poderia chegar a 750 cabeças por dia.
SUBESTAÇÃO
Isso, entretanto, não aconteceu. O alimentador do frigorífico não passa energia suficiente para o abate de mais do que 70 cabeças/dia. “Quando as máquinas estão em operação, falta energia para as câmaras frias”, revelou uma fonte ligada à empresa.
Essa mesma fonte disse que a alternativa de usar geradores movidos a óleo diesel é inviável economicamente.
Na noite de quinta-feira, durante reunião da Associação de Amigos na ACIF, o advogado Antonio Carlos Cantarela, administrador da recuperação judicial, afirmou que “os iranianos vieram para o Brasil para produzir carne de exportação. Eles têm compromissos no exterior e não estão conseguindo cumprir os prazos”.
Segundo o consultor institucional da Elektro, Nilton Azambuja Ferreira, do escritório de Votuporanga, não falta energia elétrica para Fernandópolis. O executivo garante que, nos horários de pico, o município só consome 75% da energia disponível.
Para Azambuja, o problema está no alimentador. Em Fernandópolis, há uma subestação elétrica construída há 40 anos – na época do prefeito Leonildo Alvizi – com cinco “linhões”. Um desses linhões ou alimentadores serve o frigorífico, e será necessária a instalação de cabo com bitola larga, num processo denominado “recondutoramento”.
Essa ação demanda inclusive a substituição de postes, “porque haverá maior esforço mecânico”, explicou Azambuja. Ele disse que o projeto já foi elaborado, inclusive com um traçado diferente do atual.
“A necessidade do frigorífico é de 1440 KVA, e no momento a empresa recebe apenas 500 KVA”, alegou.
PREFEITO
Em meio ao conflito de interesses suscitado – a Elektro quer prazo até outubro para a execução do projeto, enquanto que o grupo iraniano não aceita que a obra ultrapasse agosto – está o prefeito de Fernandópolis, Luiz Vilar de Siqueira, que se transformou numa espécie de mediador no caso.
Vilar foi a Votuporanga e a Campinas, onde está a central da Elektro para o interior, e tenta apressar a adequação. Ex-eletricitário, o prefeito explicou que a solução técnica está correta – apenas o prazo exigido não atende às necessidades da empresa. “Em Campinas, consegui a promessa de que o serviço seria concluído em agosto”, disse.
Ele acabou fazendo uma crítica velada à forma de atuar da Elektro: “No tempo da Cesp, nós fazíamos planejamento preventivo, projetávamos o futuro e criávamos as condições antes que a necessidade surgisse. Agora, primeiro aparece a necessidade e só depois buscam a solução”, analisou.
A questão foi tema na reunião da Associação de Amigos, da qual participaram o deputado federal Julio Semeghini e o administrador do Boifrig, Fazel Badie. As lideranças buscam mecanismos de pressão para manter a empresa em funcionamento, única forma de garantir os empregos que o frigorífico gera na cidade.