Um infarto agudo do miocárdio causou a morte do pintor fernandopolense Bira Torricelli nesta terça-feira, 13. Por volta das 17h, o artista, que estava em casa, se sentiu mal e reclamou de dores na região do esterno. Minutos depois, ele caiu. Seus pais chamaram o resgate. Na Santa Casa, para onde foi levado, foi constatada a morte.
Valdir Silva nome verdadeiro de Bira nasceu em São Paulo, no dia 7 de janeiro de 1956. Ele passou a infância em Macedônia. Na adolescência, a família se mudou para Fernandópolis. E foi nesta cidade, na década de 70, que ele começou a desenhar e pintar profissionalmente.
Seus trabalhos tiveram experimentos em diversos estilos, como o figurativista, e se fixaram nos últimos anos no moderno-contemporâneo. Algumas das figuras de sua obra são recorrentes, como o sertão, o sol escaldante e os pequenos povoados nordestinos, motivos que lembram a estética do Cinema Novo, em especial os filmes de Glauber Rocha.
Outra fixação de Bira era a deusa Atena vendada e segurando uma balança, como o símbolo da Justiça. Em muitos quadros, a barra que sustenta os pesos da balança é substituída por ferramentas de lavradores, como enxadas e machados, numa nítida mensagem social.
Através das décadas, seu trabalho foi exposto em várias cidades do país e até do exterior. Em 2008, oito quadros do pintor fizeram parte de uma mostra virtual da Saatchi Galery, de Londres, denominada London Contemporary Art. A mostra foi alvo de uma reportagem do canal de TV da BBC, exibida posteriormente no Brasil pela Band News. Uma galeria de Berlim, na Alemanha, também expôs quadros do artista.
Bira Torricelli foi um dos nomes mais importantes do movimento artístico de Fernandópolis, especialmente nos anos 70, época das Semanas Universitárias, organizadora de antológicos salões de arte. Ao lado de pintores e escultores como Tito Montenegro, Onivaldo Loverde e João Lima, Bira marcou época na cultural local e regional.
Corintiano, solteiro, fã de artistas como Zeca Baleiro e Lenine, freqüentador assíduo da Agência Caiçara, seu ponto de encontro com os amigos, Bira Torricelli deixa um vazio que dificilmente poderá ser preenchido com tanto talento, como afirmou no velório a diretora de Cultura de Fernandópolis, Iraci Pinotti.