Valter Luís de Almeida, o Peteca, tem 52 anos, é casado com Neuza Elidia Borges de Almeida e tem dois filhos: o publicitário Valter Jr. e o bacharel em Direito Bruno Luís. Peteca nasceu em Fernandópolis, e apesar de algumas grandes oportunidades surgidas no curso da vida, nunca saiu daqui. Ele é desses cidadãos que efetivamente têm orgulho de sua terra tanto que, em sua empresa, os funcionários e até ele próprio usam uma camiseta com a bandeira de Fernandópolis estampada na frente.
CIDADÃO: Qual é a origem do seu apelido?
PETECA: Ele vem da infância, foi uma coisa que nasceu durante jogos de futebol. Quando eu tinha 5 ou 6 anos, me apelidaram de Peleca. Só que o apelido anoiteceu Peleca e amanheceu Peteca. Isso acabou se transformando numa marca. Todos me chamam de Peteca, exceto meus pais. Minha mãe me chama de Valter.
CIDADÃO: Você morava em qual bairro?
PETECA: Sempre morei na região central da cidade. Meu pai trabalhou por muitos anos na Coferauto, depois chegou a ser dono da Almeidacar, e hoje mora em Rio Preto.
CIDADÃO: Como foi que começou a sua carreira na área de publicidade visual?
PETECA: Iniciei nessa atividade aos 11 anos, com o mestre Stabile. Trabalhei com ele por muitos anos, e depois por conta própria, ali pelos 16, 17 anos. Montei a empresa Peteca e posteriormente comprei a Dip Painéis. Fui sócio durante algum tempo do José Ângelo. Voltando à Peteca, procurei inovar, montei uma estrutura de equipamentos da era da informática e montamos essa empresa, que tem destaque até interestadual. Na verdade, hoje são duas empresas: o Peteca antigo, que trabalha com uniformes escolares, em frente ao Hospital das Clínicas, e o Peteca JR, situado em frente ao Ponto Socorro da Santa Casa. Essa área tem quase 1700 m2 de produção de lonas, adesivos, faixas, banners etc.
CIDADÃO: Quem são os seus grandes clientes em potencial?
PETECA: Há uma variedade grande. A feira do bordado de Ibitinga, por exemplo, toda sua programação visual é feita por nós. Produzimos em Fernandópolis. Trabalhamos de Araraquara a Rondonópolis, no MT. Temos grandes clientes em Minas e Goiás; temos também o Planeta Expô, que fazemos todos os anos, uma parte da festa de Barretos, enfim, há clientes em Catanduva, Araçatuba, Jaboticabal, Itápolis, Mineiros, em Goiás, Iturama, em Minas, Três Lagoas, Andradina. Temos uma equipe de vendas muito forte. A empresa Peteca emprega hoje 18 funcionários, com máquinas industriais top de linha em nível mundial. É um equipamento de última geração.
CIDADÃO: Na época de eleições, há uma procura muito grande pelo tipo de serviço que você oferece. Se um candidato à Câmara Federal ou ao Senado procurá-lo hoje, que tipo de produto você tem condições de oferecer?
PETECA: Tudo o que é parte visual. Nosso trabalho é focado nisso. Tivemos uma grande experiência em Rondônia, em 1986. Fui contratado por um candidato a deputado constituinte para executar a campanha visual no Estado. Trabalhei para esse deputado, três candidatos ao Senado, 32 candidatos a deputado estadual, e nisso tudo ia o governador. Hoje, estamos preparados para atender, na parte visual, pedidos de banners, lonas, adesivos plotados, personalização de veículos, o chamado furadinho...
CIDADÃO: O que é o furadinho?
PETECA: É aquele cartaz translúcido que se põe no vidro traseiro do carro. Tem uma saída muito grande. Estamos preparados para atender a qualquer demanda em nível regional. As agências de publicidade nos trazem um volume muito grande de serviços. Nosso forte é o visual, com grande produção. São 2 mil m2 de produção diária, entre lonas, adesivos e furadinhos.
CIDADÃO: Você teve essa experiência em Rondônia ainda jovem, antes dos 30 anos. Chegou a morar lá?
PETECA: Mais ou menos. No começo, eu tinha uma regalia, que era uma passagem aérea mensal. Eu ficava 23 dias lá e sete em Fernandópolis isso em 86. Afinal, eu ainda tinha minha empresa aqui. Depois, optei por voltar para Fernandópolis, porque meus dois filhos eram pequenos, e havia a Peteca em pleno funcionamento. Poderia ter ficado no norte, oportunidades não faltaram. Enfim, eu praticamente nunca saí de Fernandópolis. Valeu para minha carreira profissional, adquiri muita bagagem. Só para você ter uma idéia, nas eleições de Fernandópolis, eu faço material de campanha para todos os candidatos, sem despertar ciúmes. O pessoal acaba aceitando isso devido à qualidade do serviço, à rapidez e principalmente pelo fato de que os grupos políticos sabem que eu encaro a atividade com muito profissionalismo. No fim, fica uma coisa até gostosa, democrática.
CIDADÃO: O Peteca está institucionalizado, é café com leite (risos).
PETECA: Nós não atropelamos ninguém! O pessoal chega lá, e vê que existe respeito com todos os candidatos indistintamente. Nós não damos exclusividade a ninguém, até por uma questão de respeito. Temos hoje grandes nomes na política regional, e já trabalhamos para praticamente todos eles. Os que estão chegando agora também começam a nos procurar, porque sabem do potencial da empresa. E digo mais: hoje, nem Rio Preto tem o potencial de Fernandópolis, no quesito propaganda visual. Araçatuba, Presidente Prudente, a mesma coisa. Em termos regionais, você só encontra essa potencialidade em grandes centros como Bauru, Ribeirão Preto e Campo Grande.
CIDADÃO: Você acabou virando um executivo da sua empresa. E se hoje, de repente, você precisar meter a mão na massa e pintar à mão um letreiro, você faz?
PETECA: Ah, faço, não tem problema! Na realidade, nunca fui um grande letrista (risos). Eu sonhava que um dia apareceria alguma coisa para suprir aquela deficiência. Quando surgiu o computador, eu comprei de cara, o bicho ficou um ano parado. Até hoje, não opero computador. Às vezes me perguntam: Você é dono de uma empresa desse porte e não opera computador? Eu respondo: Tenho meus dois filhos e a esposa, eles fazem isso. Na realidade, a coisa é muito simples. A Peteca tem três lemas: Pé no chão, degrau a degrau; O cliente tem sempre razão; e Qualidade e rapidez no serviço. Estou numa cidade da qual saíram grandes profissionais na minha área. O Stabile, profissional espetacular; o Ibraim, o Malagoli; o J. Silva, que hoje é referência nacional. Tem um rapaz, acho que o nome dele é Nelson, autor do maior out-door do mundo, foi afixado no prédio do Holiday Inn, no Anhembi, em São Paulo. Ele é de Fernandópolis. Por alguma razão, sempre produzimos grandes profissionais na área. O nosso delegado de polícia, doutor Diomar, era pintor. O Mauro Caldeira, o Zezão da Dip, todos grandes profissionais. A cidade é fadada a produzir excelente material humano. Da minha parte, aprendi com o grande mestre Stabile.
CIDADÃO: Agora, vamos falar de futebol. Você foi presidente do Brasilândia Esporte Clube, não é?
PETECA: Sim, por duas gestões. No total, fiquei oito anos no BEC, ocupando algum cargo na diretoria. O Dr. Waldemar (Rocha) me entregou a chave do clube e disse: Agora é a sua vez. Preciso descansar. Na realidade, era ele quem cuidava de tudo. Na época, o Estádio Sergio Buosi era modesto, e o BEC havia sido vice-campeão amador por onze vezes. O clube mais velho da cidade nunca fora campeão! No meu primeiro ano de mandato, fomos campeões municipais. Naqueles oito anos (incluídas as gestões do Nilmar Mioto, que me sucedeu), fomos campeões mais duas vezes. Construímos os vestiários, arrumamos o gramado, fizemos os alambrados e as arquibancadas. O Nilmar Mioto foi o grande nome do Brasilândia, hoje está em Pontes e Lacerda, no Mato Grosso.
CIDADÃO: Você torce para qual time grande?
PETECA: Sou santista, estou no paraíso! Sempre fui santista.
CIDADÃO: O que você, como fernandopolense e bairrista, tem a dizer aos seus conterrâneos, nesse momento que a cidade vive?
PETECA: Sou filho da terra e gosto demais dela. Não consigo viver fora daqui. Brigo por Fernandópolis. Faço muita coisa que não aparece, como os adesivos Eu amo Fernandópolis. Meus funcionários trabalham com a bandeira de Fernandópolis no peito. Esse é o uniforme da empresa Peteca. Nós literalmente vestimos a camisa da cidade. Acreditei na cidade, gerei e gero empregos. Não aceitei sequer o convite do meu pai para trabalhar com ele em Rio Preto, porque gosto daqui, quero ficar aqui e acredito que isso nunca vai mudar. Aos conterrâneos, quero dizer o seguinte: eu acredito sempre que Fernandópolis é líder regional, jamais deixei de acreditar. Há mostras disso, apesar do crescimento inegável de cidades como Jales e Votuporanga. Mas, se as Casas Bahia decidiram construir meio quarteirão em Fernandópolis, deve ter uma razão por trás. Eles têm as pesquisas deles. Somos centro de região e vamos crescer muito. A cidade é forte, temos o Shopping Center, as universidades. Perdemos algumas coisas, sim. Mas isso não impedirá que sejamos, no futuro, a maior cidade da região noroeste.