A mágica da reciclagem alia o lucro à preservação ambiental

20 de Agosto de 2025

Compartilhe -

A mágica da reciclagem alia o lucro à preservação ambiental
Nos anos 80, a garrafa descartável feita com polietileno tereftalato – ou PET, como é conhecida – surgiu como opção leve e barata para substituição das garrafas de vidro. Infelizmente, ninguém criou, junto com as embalagens, uma solução para o recolhimento e reutilização do produto - muito menos reciclagem.
O Brasil produz anualmente cerca de três bilhões de garrafas PET, um produto 100% reciclável, mas o volume de reciclagem atualmente beira os 50%. Isso resulta na prática que pelo menos um bilhão e meio de vasilhames de plástico não-biodegradável é descartado no meio ambiente a cada ano, o que significa algumas centenas de anos para absorção na natureza.
Em Fernandópolis o cenário é diferente. Além das associações de catadores e separadores de reciclável, existe uma empresa especializada na moagem das garrafas pets, que são transformadas em muitas matérias primas, como fio de poliéster e fibra têxtil, que preenchem edredons e bichos de pelúcia. Trata-se da Vale Reciclar, instalada no Parque Industrial da cidade, sob o comando de Susi e Valter Bego.
PROCESSO
A indústria, conhecida comercialmente como recuperadora de matéria prima, tem como objetivo a revalorização do produto tirado do meio ambiente. Na indústria, as garrafas de pet são lavadas, limpas de produtos orgânicos, descontaminadas, moídas, secas e colocadas de volta no mercado, através da venda para empresas que transformam o material em outros produtos.
Na Vale Reciclar, a prioridade na hora de moer é pelas cores transparente, verde e azul, que são utilizadas por fabricantes de cordas, fibras, fios, tintas e até pela indústria moveleira. O material moído pela empresa fernandopolense é vendido principalmente para a cidade de São Paulo, que concentra o maior pólo de recicláveis. Valter explica que o que não é aproveitado por eles é vendido para outras indústrias e que nada é desperdiçado. Mais de 90% é aproveitado, mesmo que não seja pela sua empresa.
O processo começa com os catadores de reciclagem, que andam pela cidade recolhendo o material. Na maioria das vezes a quantidade arrecadada é colocada no fundo da casa do próprio catador, que vende o produto para o sucateiro – ele tem a missão de separar todo o material (ferro, plástico, papel e vidro), desprezar o lixo, e separar os tipos de plásticos como PET e polietileno.
SUCATEIROS
Depois da seleção, o material é compactado e colocado em fardos de aproximadamente 100 quilos. Geralmente é o sucateiro que vende o pet para as indústrias recuperadoras de matéria prima, que moem o plástico.
A compactação do plástico é essencial no processo, pois se a garrafa estiver com ar, a máquina não consegue segurar o material para moer.
Dentro da empresa recuperadora existem vários processos antes da garrafa se transformar em minúsculos pedacinhos, como é vendida. O primeiro passo é retirar as tampas e os rótulos, que posteriormente também serão reaproveitados. Depois de completamente limpo, o produto é finalmente moído. Todos os processos são à base de muita água.
Quando a garrafa passa pela máquina de moagem, a água está completamente cristalina, ao contrário do início do processo, que o líquido chega a ficar marrom. O último passo se concentra na secagem do produto moído, que é ensacado em big bags de 500 quilos. Depois disso, os caminhões se encarregam de levar o trabalho fernandopolense para grandes cidades como São Paulo.
Atualmente a empresa trabalha com aproximadamente 14 colaboradores e recebe em seu pátio cerca de 250 toneladas de material reciclado. As indústrias de moagem mais próximas de Fernandópolis estão em Araçatuba, Birigui e Frutal, em Minas Gerais.