Basta uma rápida leitura da planilha da votação de 1º de outubro de 2006, na página referente aos deputados federais mais votados nas principais cidades da região noroeste paulista, para constatar que o quadro deverá ser bastante distinto em 2010.
Embora ainda faltem quase seis meses para as eleições e as convenções partidárias sequer aconteceram para definir os candidatos é sabido que os deputados federais Julio Semeghini (PSDB), Vadão Gomes (PP) e João Dado (PDT) tentarão a reeleição.
O que muda, substancialmente, é a perspectiva de cada um nessas cidades. Em Jales, por exemplo, Semeghini foi o mais votado em 2006, com 7.093 votos, ou 27,85% dos votos válidos. Vadão ficou em segundo lugar, com 3.888, e Dado não apareceu entre os três mais votados.
O panorama jalesense deve ser bastante alterado, já que o grupo de apoio a Semeghini enfraqueceu, e Vadão está fortalecido pela conquista do Hospital do Câncer. Além do mais, o prefeito Humberto Parini é do PT, está no segundo mandato e tem prestígio político.
Em contrapartida, Semeghini continua como favorito em Fernandópolis, onde também foi o mais votado em 2006, com 15.120 votos, ou 42,74% dos votos válidos. Vadão, ao contrário, provavelmente não terá sequer os 3.441 sufrágios de 2006 (9,73% do total válido), por conta da frustração popular que produziu no episódio da fracassada compra do Frigorífico Mozaquatro.
Na época, o parlamentar negociou em Juízo (no processo de recuperação judicial da empresa) a aquisição da planta frigorífica, veio a Fernandópolis e lotou o plenário do Palácio 22 de Maio, onde discursou em tom otimista para centenas de magarefes desempregados. Semanas depois, Vadão juntou documento ao processo no qual anunciava sua desistência da compra.
João Dado, por sua vez, é um nome em ascensão. Se, de um lado, foi o rei do voto em Votuporanga há quatro anos (19.615 sufrágios, ou 43,79% do total válido), em Jales ele teve votação pouco expressiva, e, em Fernandópolis, obteve míseros 95 votos.
Semeghini, que sempre foi bem votado em Votuporanga, terra de sua mulher, viu sua votação diminuir em 2006 com a performance de Dado, mas, ainda assim, teve nada desprezíveis 9.300 votos o equivalente a 20,76% dos votos votuporanguenses válidos.
O panorama de Dado deverá mudar em Fernandópolis, já que o seu partido, o PDT, tem duas vereadoras na Câmara Municipal. Além disso, o deputado já cooptou para o trabalho de campo alguns ex-cabos eleitorais de Julio Semeghini, que estão descontentes com o deputado tucano.
OUTROS
Uma diferença fundamental entre a eleição passada e a futura é o fator Santa Rosa: em 2006, o empresário José Fernandes Santa Rosa abiscoitou 7.473 votos em Fernandópolis boa parte deles do eleitorado de Semeghini.
Santa Rosa morreu no ano seguinte, mas, agora, o deputado tucano terá outra pedreira pela frente: Rodrigo Garcia, do DEM, um dos parlamentares a quem o prefeito de Fernandópolis, Luiz Vilar de Siqueira (também do DEM) prometeu apoio o outro é o próprio Semeghini.
Só o tempo dirá se Vilar dará mais ênfase à campanha do companheiro de partido ou ao conterrâneo. Um nome que correrá por fora é Dimas Ramalho, do PPS, partido em fase ascendente em Fernandópolis. A seu favor, Dimas tem um excelente cartel de serviços prestados como parlamentar. Contra, ele tem o fato de ser pouco conhecido na região.
O deputado petista Devanir Ribeiro, outro que tem trabalhado pela região noroeste, enfrentará dificuldades especiais em Fernandópolis por conta do racha entre os petistas da base os considerados autênticos - e a cúpula do PT de Fernandópolis, que anda aos beijos e abraços com a administração de Vilar.