Para quem não conhece, Gabriel Henrique Martins Costa é um jovem estudante do Colégio Anglo, de apenas 14 anos de idade (completará 15 no próximo dia 26 de maio) que recebeu, no último dia 10, uma Menção Honrosa na Olimpíada da Sociedade Brasileira de Física. O excesso de números nestas primeiras linhas é proposital: os números são o mundo predileto do garoto, apaixonado por lógica e por ciências exatas. Gabriel é o típico garotão de cuca legal, de cabeça feita e futuro pré-definido: quer fazer Engenharia Mecatrônica, uma carreira deveras promissora. Ele é filho de Edson Antonio Peçanha Costa e de Patrícia Helena Martins Costa. Seus avós paternos são Emilinha e Rubens Costa; os maternos, Carolina e Ubaldo Martins.
CIDADÃO: Você acaba de receber uma menção honrosa na Olimpíada da Sociedade Brasileira de Física. Como foi a sua participação? Qual foi o seu trabalho?
GABRIEL: A participação funciona assim: primeiro, a escola manda para os alunos o comunicado de que haverá determinada Olimpíada e pergunta quem tem interesse de participar. Eu sempre gostei de participar desses eventos já fui a Olimpíadas de Matemática, por exemplo. Então resolvi me escrever na de Física. A prova foi num sábado à tarde, aqui mesmo no Anglo. A primeira fase é só à base de múltipla escolha. Eram 20 questões. Eu e mais dois alunos passamos para a segunda fase, que fizemos no Colégio Seta, em São José do Rio Preto. Também foi num sábado. Nessa fase, era uma prova com muitas questões dissertativas, das quais você tinha que escolher oito e fazer. Ficamos aguardando o resultado. Uma noite, entrei no site da Olimpíada e vi que havia passado para a terceira e última fase. Aí, minha mãe e meu pai ficaram muito felizes. Enquanto isso, a organização manou um e-mail para o colégio dizendo que a última fase seria em São Carlos, no Instituto de Física da USP. A prova aconteceu no dia 14 de novembro. Como só eu havia passado, minha família me levou para São Carlos. Na verdade, a terceira fase foi dividida em duas etapas: de manhã uma prova prática e à tarde a prova escrita. A escrita foi mais difícil. Ficamos novamente aguardando o resultado. Este mês, chegou uma carta comunicando que eu ganhara uma menção honrosa e que deveria ir até São Carlos para receber o prêmio. Isso aconteceu no dia 10.
CIDADÃO: A Física é a sua matéria predileta?
GABRIEL: Gosto bastante da área de exatas, especialmente Física e Matemática. Também gosto um pouco de Química, enfim, meu negócio é ciência exata, mesmo.
CIDADÃO: O que você planeja para o futuro, em termos de carreira?
GABRIEL: Bem, quero estudar ou na USP de São Carlos ou na Politécnica, em São Paulo, para fazer o curso de Engenharia Mecatrônica. É uma área que mistura mecânica e eletrônica. É a chamada robótica, que é bastante promissora em termos de futuro.
CIDADÃO: Então você não vai seguir a carreira dos pais (farmácia e bioquímica)?
GABRIEL: Não, não sou muito chegado nessa área.
CIDADÃO: Dizem que seus pais eram muito estudiosos. Eles o estimulam nos estudos?
GABRIEL: Sem dúvida. Aliás, quando fui aprovado para a terceira fase da Olimpíada de Física, eles me deixaram bem à vontade para fazer ou não. Disseram que eu não era obrigado, já que teria que viajar mais de 300 quilômetros e tudo o mais. Mas, como sempre fui estimulado a estudar isso, eles fizeram a vida toda eu optei por continuar.
CIDADÃO: Você estuda numa escola onde o mantenedor é o seu avô (Ubaldo Martins). Ele lhe puxa as orelhas ou você é disciplinado?
GABRIEL: Não puxa, não, porque eu sou disciplinado. Já fui mais arteiro (risos), mas agora pus a cabeça no lugar.
CIDADÃO: Como é a sua rotina de estudos?
GABRIEL: Venho para a escola no período da manhã. Procuro prestar bastante atenção nas aulas, porque não gosto de estudar logo após o almoço. Depois de almoçar e descansar, dou uma revisada na matéria, vejo o que houve de mais importante, grifo. Depois de fazer as minhas atividades da parte da tarde, chego em casa, tomo banho, janto e dou mais uma estudada, sempre para manter as matérias atualizadas.
CIDADÃO: Como são as suas notas?
GABRIEL: Ah, são boas!
CIDADÃO: Fora dos estudos, quais são as suas atividades preferidas?
GABRIEL: Gosto de jogar futebol. Sou são-paulino. Antes, eu jogava na Casa de Portugal, Agora, jogo aqui na educação física do Anglo, no torneio de Futsal. Adoro praticar esportes e tenho muito interesse nas aulas de educação física. Outra coisa que gosto de fazer é sair com meus amigos, principalmente aos sábados. Gosto muito de cinema, tanto de ir ao cinema quanto de alugar fitas e ver em casa.
CIDADÃO: Você é do tipo que fica muito tempo em frente ao computador?
GABRIEL: Não digo que sou do tipo viciado, mas gosto muito de computador. Evito ficar quatro ou cinco horas na frente do computador, porque sei que não é legal. Eu dou uma maneirada.
CIDADÃO: Como é a sua relação com Fernandópolis? Em sua opinião, o que a cidade tem de melhor e de pior?
GABRIEL: Morei em São José do Rio Preto até os sete anos de idade. Então, quando mudei para cá, estranhei um pouco porque estava acostumado com cidade grande. Depois, percebi que havia uma baita vantagem em morar numa cidade mais tranqüila, como é Fernandópolis, porque eu podia andar de bicicleta, ir sozinho à casa dos amigos, enfim, lá era tudo longe. O que falta em Fernandópolis são opções de lazer. A gente acaba caindo na rotina de shopping-pizzaria-churrasco na casa de amigo. Não há muita opção. O lado bom é aquilo que eu já disse sobre a tranqüilidade que dá liberdade.
CIDADÃO: É evidente que você acompanha a campanha do Toque de Recolher, do doutor Pelarin. O que você acha desse trabalho?
GABRIEL: A gente acompanha, sim, até porque eu sou menor e tenho que me enquadrar nos horários (risos). O Conselho Tutelar não dá moleza, não. Mas quando a gente vê os resultados apreensões de menores com bebida alcoólica, drogas, etc a gente percebe que tem um sentido nisso tudo. Ouvi falar que diminuiu a criminalidade, isso é um grande resultado. Aliás, você não vê mais trombadinhas na rua. Acho que as medidas do Dr. Pelarin são muito boas. O jovem tem que ser jovem, não deve querer ser adulto logo.
CIDADÃO: Voltando à Olimpíada de Física: quem foram seus professores da área?
GABRIEL: No ano passado, meu professor era o Marcelo Miguelão. Esse ano são dois professores: o Quico e o Buda.
CIDADÃO: Dizem que é o professor que leva o aluno a gostar ou mesmo a detestar uma matéria. Você tem alguma espécie de ídolo, alguém que direcionou sua vocação?
GABRIEL: Na verdade, desde pequeno sempre gostei de Matemática. A dona Arlete, que me deu aula da 5ª à 8ª série, facilitou esse processo de gostar de Matemática. Quando comecei a ter aulas de Física, na 7ª série, passei a gostar também, porque gosto de tudo que tem lógica. E os professores do Anglo sempre incentivaram essa vocação. Aliás, o próprio Colégio Anglo dá total apoio, inclusive logístico, para a participação dos alunos em olimpíadas estudantis e outros eventos. A gente encontra um alicerce para crescer.
CIDADÃO: Para finalizar, pergunto ao são-paulino Gabriel: quem será o campeão paulista de 2010?
GABRIEL: (Com cara de fazer o quê) O Santos...mas vou torcer pro Santo André!