Gedeão ganhou uma casa. E ainda dizem que a justiça é cega

20 de Agosto de 2025

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Gedeão ganhou uma casa. E ainda dizem que a justiça é cega
Rua Hidelbrando R. Soares. Esse é o nome da rua onde está localizada a casa de Gedeão Pereira Filho. Com muito esforço e anos economizando sua aposentadoria, ele realizou o grande sonho: a casa própria. Para viabilizar seu projeto de vida, contou com grande ajuda dos seus, segundo ele, “anjos da guarda”. Entre eles estão juízes, promotores, servidores públicos, advogados e comerciantes.
Gedeão tem 30 anos e desde os sete trabalha como engraxate nas ruas da cidade. Há 13 anos, “bate ponto”, de segunda a sexta-feira, no Restaurante Paladar. Lucia Beppu, proprietária do empreendimento, destinou um cantinho só para Gedeão trabalhar. “Os clientes já acostumaram tanto que alguns deixam os sapatos aqui e entram no restaurante só de meias, depois que terminam de almoçar calçam os sapatos e vão embora”, conta Gedeão. Ele explica: “meus maiores fregueses do restaurante são os viajantes, por isso não vou ao Paladar nos finais de semana. Durante a semana, depois que termino de engraxar, ganho um “pratão” de comida. Gosto muito daquelas pessoas e devo muito a elas também”.
O engraxate conta, em poucos minutos, um pouco de sua história. Filho de pais separados, foi morar com a mãe e o padrasto. A convivência não era das melhores. Isso aumentava ainda mais a vontade de Gedeão morar sozinho.
Certo dia, sua mãe ganhou de um parente a metade de um terreno no Residencial Liana. Na mesma hora pensou no filho e ofereceu para que ele construísse sua casa lá. Como Gedeão precisava juntar mais dinheiro, resolveu esperar mais um pouco.
Em uma de suas conversas rotineiras com o juiz Evandro Pelarin, recebeu uma oferta: “Se o terreno estiver em seu nome, nós vamos te ajudar a realizar esse sonho”.
Foi aí que entraram em cena mais dois anjos: Rosa e Ourival Greco - ela advogada e ele construtor. Assim, ficou mais fácil e as coisas começaram a fluir.
Mais um tempo e outros anjos começaram a participar dessa empreitada. Agora era o juiz Heitor Miura que tomava a frente da “comissão da ajuda a Gedeão”. De porta em porta, o juiz começou a pedir ajuda aos colegas, que prontamente atenderam seus pedidos.
Assim, juntando as economias de Gedeão, as contribuições que vinham de todos os lados, a dedicação do construtor Ourival e a boa vontade de outras pessoas, a casa começou a tomar forma. Hoje está pronta e o morador já desfruta de seu conforto. A casa tem uma sala, dois quartos, um banheiro, uma cozinha e uma área de serviço. A mobília também chega aos poucos, através de doações.
Gedeão é categórico ao dizer que, mesmo morando sozinho, quis construir dois quartos: “minha casa está de portas abertas para minha mãe. Se um dia ela precisar, vou cuidar dela para sempre”.