O oftalmologista Jarbas Alves Teixeira é uma daquelas pessoas que nasceram determinadas ao sucesso. Natural de Pedregulhos, a terra do Quércia - enfatiza ele - cursou Medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro e se formou em 1970, ontem!. Desde aquela época, sua veia empreendedora pulsava forte. Prova disso é que há mais de treze anos ele ocupa o cargo de presidente da Unimed Fernandópolis e transformou a cooperativa local, que começou com uma escrivaninha velha e uma linha de telefone rateada entre os médicos cooperados, em uma das cooperativas que servem de exemplo para o restante do país. Casado com Sueli e pai de quatro filhos, não dispensa, nas poucas horas vagas, um bom bate-papo com os amigos e atualizar-se através de boas leituras. Leia a seguir o que este médico empreendedor falou com exclusividade para o CIDADÃO:
CIDADÃO - Quando e como surgiu a Unimed Fernandópolis?
Dr. JARBAS - Isso já tem aproximadamente uns 18 anos. A Unimed surgiu porque nas reuniões que aconteciam na Associação Paulista de Medicina, em São Paulo, nós conhecemos colegas de cidades maiores que já possuíam Unimed. Dessa forma, procuramos o presidente da APM de Fernandópolis, que na época era o Dr. Luis Eduardo Bertolini, que nos deu todo o apoio e dessa forma fomos desenvolvendo a idéia rapidamente. Formamos a Unimed Fernandópolis, com praticamente todos os médicos da cidade, exceto alguns que se recusaram a fazer parte. Nós começamos fazendo uma vaquinha para comprar uma linha de telefone, uma escrivaninha velha e montamos o escritório em uma casa cedida no fundo da casa do Dr. Theodosio. Aliás, ele foi escolhido, por sua idoneidade, para ser o primeiro presidente.
CIDADÃO - Atualmente, quantos clientes e quantos médicos cadastrados a Unimed Fernandópolis possui?
Dr. JARBAS - Nós estamos ultrapassando a casa dos 26 mil e provavelmente em dois meses chegaremos a 27 mil clientes. Já os médicos cooperados chegam ao número de 134 profissionais.
CIDADÃO - Quais são os benefícios e diferenciais mais relevantes que um usuário do plano de saúde Unimed possui?
Dr. JARBAS - Pela lei atual, aumentou-se muito o rol de atendimento, inclusive, todos nós estamos esperando um pequeno aumento na mensalidade, pois aumentou o número de serviços oferecidos e não está se cobrando nada mais por isso. Dessa forma, estamos vivendo num período de economia, cortando todos os gastos que podem ser cortados para que possamos manter os benefícios de nossos clientes. Isso deu uma vantagem muito grande aos nossos usuários, pois nós estamos cumprindo à risca toda essa legislação.
CIDADÃO - Algumas pessoas acreditam que é melhor fazer uma reserva em dinheiro para os casos de emergência do que pagar um plano de saúde. O que o senhor tem a dizer para elas?
Dr. JARBAS - Elas estão fazendo um mau negócio. O plano de saúde é aquela coisa que vamos dizer: os que entram dão a sobra para você dar o atendimento aos que estão há mais tempo e que envelheceram. Se ele for fazer a economia e vir o custo que hoje se tem em um hospital, com remédios, materiais, próteses e o próprio médico que cobra particular, esse dinheiro acaba rapidamente. E tem mais, geralmente não é só a pessoa, tem todos os familiares, que também estão sujeitos aos imprevistos.
CIDADÃO - Quais foram as alterações e inclusões de serviços relevantes que os planos de saúde tiveram nos últimos tempos?
Dr. JARBAS - Aproximadamente setenta novos serviços, entre eles exames sofisticados e de alto custo e até desconhecidos entre uma boa parcela de médicos.
CIDADÃO - Quais as parcerias que a Unimed Fernandópolis firmou nos últimos tempos? Há alguma coisa na área de responsabilidade social?
Dr. JARBAS - Nós temos uma grande parceria com o Juizado da Infância e Juventude. Temos um trabalho onde bancamos a internação de crianças e adolescentes em clínicas especializadas em tratamento de drogados. Já atingimos a marca de mais de quarenta internações, fora consultas e tantos outros serviços. E esse trabalho foi feito em conjunto com o Dr. Pelarin, que tem prestigiado e apoiado todas as iniciativas nesse sentido que a Unimed faz. Temos muitas outras parcerias, como por exemplo, com a ACIF, FEF e o próprio Asilo São Vicente de Paulo, onde anualmente fazemos eventos para diversão e um maior contato humano com os velhinhos. Inclusive também temos parcerias com a própria prefeitura. E para você ver um exemplo, nós estamos acertando os últimos detalhes para abrirmos a quarta farmácia Unimed, agora em parceria com a FEF, no próprio campus da Fundação. Ela seguirá o mesmo projeto arquitetônico da farmácia que temos aqui na sede do convênio.
CIDADÃO - Como o senhor vê o curso de Medicina da Unicastelo e como ele refletirá no cenário médico da cidade?
Dr. JARBAS - Existem vários aspectos. Primeiro que este é um curso que chama a atenção e isso em termos de educação e desenvolvimento é muito bom porque leva o nome de Fernandópolis a todas as regiões do Brasil. Claro que todo curso que é aberto começa com alguns problemas, mas felizmente a nossa faculdade rapidamente está superando esses problemas e está em ascensão, basta ver a procura pelo curso, que tem um grande número de candidatos por vaga. Isso para a parte estudantil e para a parte médica tem dado um impulso muito grande. Nós temos que nos preparar no sentido de dar condições de bom aprendizado a esses alunos.
CIDADÃO- O senhor acredita que boa parte desses alunos optará por permanecer e atuar em Fernandópolis?
Dr. JARBAS - Olha, isso é uma coisa certa. Principalmente porque tem muitos alunos que são da própria cidade. Eu mesmo possuo uma filha que está cursando Medicina. A tendência é que uma grande parcela desses alunos da cidade permaneça aqui e uma pequena parcela dos que são de fora também acabará ficando por aqui, principalmente pelo fato de que já está sendo organizado o programa de residência médica, o que significa que os alunos não precisarão sair para estudar em outra cidade.
CIDADÃO - Isso propicia que Fernandópolis se torne um pólo médico regional?
Dr. JARBAS - Com certeza, o curso de Medicina será a mola propulsora para que isso ocorra. Felizmente, pela iniciativa dos próprios médicos locais, estão sendo instalados a hemodinâmica, aparelho de ressonância magnética... Enfim, a própria iniciativa privada está lutando justamente para dar as condições que fatalmente darão vantagens competitivas ao município.
CIDADÃO - Como está o setor de internação e atendimento de consultas da Unimed na Santa Casa? Como está este relacionamento?
Dr. JARBAS Infelizmente, nós estamos recebendo há muito tempo várias reclamações de atendimento deficiente por falta de funcionários e não se fala nem em pronto-socorro, porque lá já é um problema, porque essa é uma área muito complicada em todos os hospitais. O que nós temos tentado é nos aproximar e há alguns meses fizemos reuniões com o que seria e hoje é o provedor, mas infelizmente esse diálogo foi interrompido e nós estamos sofrendo muito com o atendimento na Santa Casa: falta de funcionários e muitas vezes roupas de cama já sem condições de uso. Sem falar na dificuldade até de conferir as contas, que é um direito nosso, e ver o que está acontecendo. Este direito está sendo arrancado a fórceps e nós esperamos que isso mude, para o bem da cidade e não só para o bem da Unimed e dos contratos particulares, mas de todo o atendimento, principalmente do SUS, que também merece um tratamento humano, porque ninguém tem culpa de não ter condições de pagar um plano de saúde. Todo mundo sabe a dificuldade hoje que a população se encontra, porque os planos de saúde, com esses novos procedimentos, vão tender a aumentar.
CIDADÃO - Só para que nossos leitores entendam: a Unimed é um cliente da Santa Casa?
Dr. JARBAS - A Unimed é um grande cliente da Santa Casa e mesmo com todas essas ingratidões, ela paga em dia e, diga-se de passagem, um montante apreciável. Frequentemente, como aconteceu há pouco tempo, acontece de nós adiantarmos dinheiro para a Santa Casa e mesmo assim somos considerados não secundários, mas de terciários para baixo. Mas a Unimed costuma passar por cima disso e continua fazendo o melhor possível pelo bem dos pacientes, não só os conveniados da Unimed, porque é um dinheiro que entra, não atrasa e beneficia toda a instituição.
CIDADÃO - Por que os usuários do plano de saúde, inclusive da Unimed, precisam pagar consulta quando são atendidos no período noturno na Santa Casa? O convênio só cobre consultas durante o dia?
Dr. JARBAS - Olha, o convênio cobre 24 horas o atendimento gratuito. Isso é uma das mazelas que está aparecendo, como também cobrança de taxas indevidas. Reafirmo: todo contato que nós procuramos para sanar essas dificuldades - porque nós temos contrato com a Santa Casa, lá nós não entramos para dar ordens, vamos assim dizer - não fomos bem recebidos e fomos ignorados e na maioria das vezes nem respostas nos dão. Hoje a Unimed está dissociada do que está acontecendo lá dentro. Não estão cumprindo com o contrato. Isso está nos levando a tomar medidas mais drásticas para fazer valer nosso contrato.
CIDADÃO Só por curiosidade, o senhor se lembra de quanto custou para o convênio o paciente que mais utilizou os serviços do plano? E qual o tipo de paciente mais oneroso para uma empresa de plano de saúde?
Dr. JARBAS - Existem vários fatores: dentro desses, as próteses, que são caríssimas, certas intervenções cirúrgicas em cérebro e exames como ressonância magnética. Nós tivemos vários casos no último ano que nos custaram acima de R$ 150 mil. Inclusive chegamos, com efeito cumulativo, a ter paciente que gastou mais de R$ 250 mil. Veja que não é fácil administrar esse tipo de situação. Existem Unimeds em São Paulo e em cidades vizinhas a Fernandópolis que estão bem apertadas por conta dos novos procedimentos que os planos são obrigados a cobrir e quem paga a conta são os próprios cooperados.