O município de Fernandópolis, que enfrenta uma epidemia de dengue desde fevereiro, segundo reconhecimento oficial da Secretaria de Estado da Saúde, tem atualmente mais de oito novos casos detectados da doença por dia.
Nesta sexta-feira, o número de casos constatados chegava a 667, o que perfaz a média diária de 8,5 casos.
A Organização Mundial de Saúde considera a existência de epidemia quando o número de casos supera 0,3% da população. No caso de Fernandópolis, de 61 mil habitantes, o número-limite é 183. Porém, os 667 casos já detectados representam 1,1% da população mais do que o triplo do limite de epidemia.
SEGUNDA VEZ
Há alguns anos, a bancária aposentada Ioshiko Nobukuni contraiu dengue hemorrágica. Ela quase morreu, teve sequelas hepáticas e elegeu um inimigo a combater pelo resto da vida: o aedes aegipty, mosquito transmissor da dengue.
Ioshiko tem se dedicado a colher informações sobre as mais diversas formas de combate à moléstia. Ela dispara e-mails para todo o país, dando receitas de remédios, ungüentos e plantas como a citronela, que seriam repelentes do inseto, e até mesmo de armadilhas domésticas para a captura do aedes.
No mês passado, Ioshiko foi surpreendida pela notícia de que, pela segunda vez, estava infectada pela dengue. Logo ela, que se tornou catedrática no assunto, e que toma todas as medidas preventivas de que se tem conhecimento.
Só que, dessa vez, não caí de cama nem precisei de ajuda médica, exulta. Ela narra que, no mesmo dia em que foi constatada a doença, tomou o produto homeopático Proden. Os sintomas foram apenas cansaço e a queda das plaquetas, conta. Ioshiko garante que, apenas doze horas depois de ingerir o medicamento, sua contagem de plaquetas no sangue voltou ao normal.
A aposentada não perde tempo: respondeu a todos os 346 e-mails recebidos de diversos cantos do país, com pedidos de informações sobre a dengue, contando a própria experiência e passando suas receitas. Já foi entrevistada por publicações como o Diário de Maringá e A Tribuna de Santos. Ioshiko, definitivamente, não desistiu de seu combate ao aedes.
FAMÍLIA INTEIRA
Só escaparam o Rafael e as cachorras, afirma o sempre bem-humorado José Antonio Alves da Silva, o Zecão, professor aposentado e band-leader do conjunto Zeca Poesia & Seresta.
Rafael é o filho do meio. O caçula, André, mora em São Paulo. Zecão, a filha Ana Carolina, a mulher Elaine e o futuro genro Eduardo caíram vítimas da dengue.
Em fevereiro, durante uma viagem de retorno a Fernandópolis, Zecão sentiu os primeiros sintomas da doença. Tive febre, coceiras, muito mal-estar, dores generalizadas. Perdi 4,5 quilos, porque fiquei inapetente. Até água era difícil de tomar, porque ficava amarga. A dengue deve ser uma espécie de mini-hepatite, porque maltrata demais o fígado, comparou.
Por dez dias, ele sofreu as agruras da moléstia. Depois foi a vez de Eduardo e Elaine. A jornalista Ana Carolina foi a última vítima, já em março. Seu caso foi o mais sério: Ana teve que ser internada por quatro dias na Santa Casa de Fernandópolis.