Ely Martins Jacob completa em agosto 79 anos. Sua vitalidade é incrível. Quando sua história de vida vai sendo narrada, as surpresas são inevitáveis. Órfã de pai aos 5 meses e de mãe aos 14 anos, passou boa parte de sua juventude na cidade de Votuporanga, na casa de uns tios. Lá, conheceu o advogado Fernando Jacob, que em 1953 tornou-se seu marido: Naquela época não existia Fórum em Fernandópolis, então as audiências eram realizadas em Votuporanga. Ainda bem, porque assim eu conheci o meu marido.
Dona Ely dedicou sua vida ao marido e aos filhos 5 homens e uma mulher. Fernando Filho, Carlos Henrique, Murilo, Luis Eduardo, Renato e Eliana nasceram em Fernandópolis e apenas os dois últimos no hospital os outros nasceram em casa, na avenida Expedicionários Brasileiros. A coragem e determinação de Ely são detectadas em alguns relevantes detalhes. Murilo, o terceiro filho, nasceu na madrugada, e antes que o marido Fernando conseguisse encontrar os médicos Waltrudes Baraldi e Alberto Senra, ela mesma fez o parto, sozinha. Quando o Fernando chegou com o dr. Alberto eu já estava com meu filho nos braços, já tinha colocado de cabeça para baixo, dado uns tapinhas no bumbum dele e colocado o dedo na garganta. Levei uma bronca, mas não tinha como esperar, o Murilo queria nascer, conta ela sorridente.
Enquanto Dona Ely cuidava dos filhos, o marido Fernando trabalhava e fazia política. Foi vereador e candidato a prefeito. Os comícios eram feitos em um palanque improvisado em frente à residência da família. Os filhos faziam uma festa. Ali mesmo, se divertiam, ora participando dos comícios do pai, ora assistindo ao pouso de alguns pequenos aviões, que usavam a larga avenida como pista, já que naquela época não havia aeroporto na cidade.
O tempo foi passando e os filhos crescendo. Os cinco homens seguiram a carreira do pai formaram-se em Direito na cidade de São José do Rio Preto. Eliana optou por Letras e cursou a UNESP, também em Rio Preto.
Em 1990, veio o primeiro grande golpe da vida de dona Ely: ela perdeu o marido Fernando. Seis anos depois, o filho Carlos Henrique faleceu por conta de uma pancreatite e em 2001 Murilo também se foi, devido a um câncer. Infelizmente, a família ficou menor, mas o amor continuou grande.
A vida também reservou surpresas muito boas para dona Ely. Os filhos construíram carreiras sólidas. Fernando Filho é um renomado advogado em São Paulo; Luis Eduardo é Procurador de Justiça em Cuiabá, Renato é desembargador em Belo Horizonte e Eliana tem seu nome entre as melhores professoras de Português da cidade.
Hoje dona Ely passa os dias assistindo aos seus programas favoritos na TV, lendo, fazendo hidroginástica e viajando. Os filhos mandam as passagens aéreas e ela passa parte dos meses do ano nas três capitais em que os filhos vivem.