Grupo acha costela de 1,2 m de um titanossauro, reconhecido como um dos maiores dinossauros do Brasil
A região noroeste do Estado de São Paulo já foi habitat de dinossauros. As primeiras descobertas ocorreram em 2008 por pesquisadores da Fundação Educacional de Fernandópolis (FEF) na região de Auriflama SP. Os sinais de que dinossauros habitaram a região surgiram com o avanço de pesquisas iniciadas em 2004, quando foram localizados fósseis de crocodilos pré-históricos.
O grupo de pesquisadores da FEF encontrou em 2008 dentes de dinossauros carnívoros, genericamente chamados de terópodes. Pouco tempo depois foram encontrados no mesmo afloramento de rochas em Auriflama, restos ósseos de um dinossauro herbívoro gigantesco conhecido como titanossauro.
De acordo com o pesquisador e biólogo Carlos Eduardo Maia de Oliveira, da FEF, um dos ossos encontrados é uma costela medindo 1,2 m de comprimento. Levando-se em consideração o comprimento desta costela, podemos imaginar o tamanho do dinossauro, disse Oliveira.
O titanossauro era um enorme dinossauro herbívoro que podia alcançar 12 metros de comprimento e 6 metros de altura, sendo reconhecido como um dos maiores dinossauros brasileiros.
Os ossos desse dinossauro estão preservados na Fundação Educacional de Fernandópolis que possui autorização do Departamento Nacional de Produção Mineral para depositar e pesquisar fósseis.
Em breve, o restante do esqueleto preservado do titanossauro poderá ser removido do local e será objeto de pesquisa e publicação em revista científica, acrescentou o biólogo. Ele ressalta que, além de contar com o apoio da direção da FEF e também dos proprietários das fazendas onde os fósseis foram encontrados, o grupo desenvolve esforços para a captação de recursos junto a órgãos de fomento e incentivo à pesquisa para a aquisição de aparelhagem especializada que possibilite a remoção segura do dinossauro da rocha, uma vez que se trata de um trabalho minucioso e de difícil execução.
CROCODILOS PRÉ-HISTÓRICOS
As primeiras descobertas paleontológicas na região ocorreram em 2004, quando pesquisadores da FEF encontraram fósseis de crocodilos pré-históricos chamado de Baurusuchus pachecoi (lê-se baurussucus pachecoi) que habitaram a região há mais de 80 milhões de anos no período geológico denominado de Cretáceo.
Em 2005, os pesquisadores encontraram um crânio medindo 43 cm de comprimento bem preservado deste crocodilo. Em 2006 foram encontrados vários ninhos com ovos dos crocodilos fósseis que foi tema de uma tese de doutorado apresentada na Unesp de Rio Claro pelo professor Carlos Eduardo Maia de Oliveira.
Os resultados dessas pesquisas já foram apresentados em quatro países na Europa e América do Norte em eventos científicos internacionais realizados nas cidades de Dublin (Irlanda), Glasgow (Escócia) e Cleveland (Estados Unidos) e no ano passado em Bristol (Inglaterra). No Brasil, o trabalho foi apresentado em congressos científicos realizados em cidades como Rio de Janeiro, Aracaju, Serra Negra e Rio Claro.
Os pesquisadores aguardam para breve a publicação de artigo científico em uma das principais revistas do mundo na área paleontológica, a Palaeontology, uma publicação inglesa de prestígio internacional com qualificação A (categoria máxima que uma revista científica pode obter nos meios acadêmicos).
GRUPO DE PESQUISA
A pesquisa vem sendo conduzida pelos pesquisadores da FEF Carlos Eduardo Maia de Oliveira, professor de Paleontologia do curso de Biologia, e José Alberto Felipe Basílio, professor de Geologia. Também estão envolvidos no trabalho os pesquisadores Michael J. Benton, professor titular de Paleontologia da Universidade de Bristol na Inglaterra e consultor científico da rede de televisão BBC de Londres, Marco Brandalise de Andrade, aluno de doutorado da Universidade de Bristol, Rodrigo Miloni Santucci, professor da Universidade de Brasília (UnB) e o paleontólogo João Tadeu Arruda, que realizou extraordinárias descobertas fósseis na região de General Salgado.
Participam também os biólogos Héliton Sitton, Luis Roberto Silva e Ariane Gabas Martins, alunos egressos do curso de Biologia da FEF. Para mim é uma honra colaborar com o curso no qual me formei bióloga, disse Ariane.