Festas mais curtas. E sem portões abertos

20 de Agosto de 2025

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Festas mais curtas. E sem portões abertos
O jornalista Deonel Rosa Junior, na última edição do “Jornal de Jales”, conseguiu a proeza de sintetizar em poucas linhas toda a realidade das festas de rodeio que acontecem na região noroeste paulista. Pela importância do tema, vale a transcrição ipsis literis da coluna Contexto, do JJ.


UMA NO CRAVO,
outra na ferradura, eis como pode ser definida a decisão da administração municipal em diminuir para cinco dias o período de realização da 41ª Feira Agrícola Comercial Industrial e Pecuária, ao mesmo tempo em que abre os portões do evento para que todos participem sem pagar um centavo.


HÁ APROXIMADAMENTE
15 anos ou mais, o Jornal de Jales defende o enxugamento da feira, de 10 para cinco dias, com um argumento tão óbvio quanto a luz do dia: ser humano algum agüenta o ritmo puxado de uma realização desta natureza tanto do ponto de vista físico quanto financeiro.


A TÍTULO DE ILUSTRAÇÃO,
o J.J., em texto publicado há dois anos, lembrou que até o carnaval, considerado o maior espetáculo da terra, não passa de quatro noites, com a exceção óbvia da Bahia, onde as pessoas não nascem —estréiam. Mas, mesmo lá, o show não é para os nativos e sim para turistas de todas as partes do Brasil e do mundo, que têm capacidade financeira de suportar uma semana de farra.


VAI DAÍ,
salvo melhor juízo, não passa de mania de grandeza a pretensão de uma cidade de 50 mil habitantes, como Jales, se dar ao luxo de realizar um evento caríssimo, com o envolvimento escancarado ou disfarçado do poder público. E, ao final de 10 dias, para quem mora na cidade, tanto esforço vira conta de soma próxima de zero. A parte do leão fica com artistas, peões de rodeio e prestadores de serviços.


SE ACERTA
em reduzir o tempo de duração da Facip, a Prefeitura erra em abrir os portões, dando um gigantesco passo atrás em relação ao que foi feito no ano passado, cujo resultado final todos sabem: metade do lucro líquido para o Hospital de Câncer de Barretos, prestes a instalar unidade em Jales.


FACIP
de portões abertos é populismo fora de moda, é puro pão e circo. O que o povo precisa ter de graça é educação e saúde de qualidade. Qualquer cidadezinha no entorno de Jales realiza seus rodeios com cobrança de ingressos na boca do caixa, sem choro nem vela.


ALIÁS, ESTE FILME
não é novo. Na segunda metade da década de 90, houve episódio semelhante. Em 1995, o então prefeito José Carlos Guisso (PSDB) nomeou seus companheiros Pedro Laert Pupim e Durval Rossafa para tocar a Facip em novo formato, com cobrança de ingressos. Eles o fizeram com competência, montando uma grade de shows com o que havia de melhor no Brasil. Mas, o custo político foi alto.


NO ANO SEGUINTE,
para ganhar a eleição municipal, os companheiros do candidato professor Rato passaram a campanha inteira prometendo, demagogicamente, “devolver a Facip ao povo”. Pedro Pupim, o candidato contra Rato, teve apenas 33% dos votos. Foi nesta época que começou o processo de destruição da Facip. Houve um ano em que os novos mandatários chegaram até a mudar a data da Facip, transferindo-a de abril para setembro. Por isso, não há outro adjetivo para qualificar o que está para acontecer novamente: retrocesso!