Cleiton Pereira de Lima, 17, é mais um dos meninos de vida humilde que vive em um bairro da periferia da cidade. No Ipanema, ele divide a casa com o pai e mais dois irmãos. Já o sonho, ele alimenta sozinho. A paixão pelos desenhos começou em 2002, quando descobriu seu dom.
Infelizmente Cleiton não contou com a compreensão da avó e do pai - por isso, passou muito tempo desenhando escondido. Costumava competir com um dos primos para ver quem desenhava melhor, mas um dia a avó descobriu e queimou tudo o que o menino havia produzido.
Passado algum tempo, já com o consentimento da família, Cleiton começou a desenhar personagens das histórias dos desenhos da TV. Os japoneses são seus preferidos e os traços, perfeitos.
Diferente dos adolescentes de sua idade, ele passa o dia ajudando nas tarefas domésticas. Por estar desempregado lava, passa e cozinha enquanto o pai e os irmãos trabalham fora de casa. A maioria dos desenhos é feita à noite e de madrugada. Todos datados e com a hora assinalada. Tenho costume de colocar hora e data porque cada um tem um pouco de mim, do que sinto naquele momento, então faço isso para não me esquecer dessas coisas, conta ele.
O desenho é uma espécie de remédio para Cleiton. O jovem admite que o ato de desenhar o acalma e que cada risco é como se fosse um calmante. Várias pessoas que conheço tomam calmantes para ficar bem, eu desenho. Acho que esse é o melhor remédio. O desenho é minha vida, acrescenta.
Agora Cleiton está se aperfeiçoando em pintar rostos. Sempre que pode escolhe alguém, pega papel e lápis e vai arriscando. A semelhança é incrível, não tem como negar.
Como todo garoto de sua idade, sua cabeça está cheia de sonhos. O maior deles é colocar os desenhos na tela e sair por aí vendendo suas ideias. Seu talento? Só o tempo vai dizer o seu tamanho!