Na UNATI- Universidade Aberta à Terceira Idade, todo dia é dia de fazer amigos. Isso mesmo. Entre uma atividade e outra, os laços vão se fortalecendo e quando um deles precisa, pronto! É o suficiente para que os demais larguem o que estão fazendo e encontrem uma maneira de ajudar. Pode ser em forma de visita, de telefonema, abraço, palavras de consolo, tudo vale.
Um grupo deles estava reunido no final do mês de novembro na sede da UNATI preparando as apresentações de final de ano, quando pararam para contar um pouco da história de cada um. Foi uma surpresa. Por mais diferentes que sejam, o propósito de freqüentar a universidade é o mesmo: fugir da solidão.
O bancário aposentado Gilberto Guilherme Cristante, que é vizinho da UNATI, diz que nunca pensou em ser ator, mas que hoje faz parte do grupo VÁ...IDADE. Depois de sofrer um infarto em 2004, começou a frequentar a entidade para não ficar em casa pensando na doença. Atualmente está em cartaz com a peça A RECEITA, com direção de Fábio Sanches.
Sebastião Pereira dos Santos é marido de Judite Moraes da Silva. Os dois são freqüentadores da UNATI. Ele atuou na peça Se o Anacleto soubesse e venceu a timidez. Hoje faz até palestras quando é convidado e os amigos garantem que sua leitura melhorou 100%. Já Judite superou um AVC, a diabetes descontrolada e hoje também participa do teatro. Toda sorridente conta que estava com a boca torta por conta do AVC e mesmo assim não deixou de se apresentar. Nessas horas os amigos foram fundamentais. Eles nem riram de mim, lembra ela, toda feliz.
A professora aposentada Marta Marlene Dinardi Pim faz aulas de alongamento e foi uma das primeiras a se matricular nas aulas de ginástica. Já fez teatro, aulas de fotografia e trabalha como voluntária. Ela também encontrou forças lá para superar as operações do marido, que colocou duas próteses de fêmur e ficou acamado durante muito tempo.
Dona Aldina Barbara Faustino, que mora no sitio do Lajeado, tem 77 anos e freqüenta a UNATI pelo menos por dois dias da semana. Faz parte da turma da costura e do artesanato, e nem se importa com a distância. Ali ela se realiza.
Já Neusa Francisca de Jesus diz que a UNATI a ajudou a levantar sua auto-estima, que estava muito baixa. No ano de 1996 descobriu que estava com câncer de mama e precisou retirar uma delas. Dois anos depois fez a cirurgia de reconstrução. Conta também que no começo freqüentava a UNATI de Santa Fé do Sul e que lá concluiu o curso de massoterapia. Uma amiga e eu saíamos daqui da cidade para ir a Santa Fé participar do curso. Lutei muito para que a universidade viesse para cá, conta ela.
Neusa também revela que nunca tinha assistido a uma peça de teatro e que hoje contracena com os amigos e faz até papéis de homens. Nos palcos ela já foi bêbado, rei, soldado e ladrão.
Com muita alegria estampada no rosto, ela conta que certa vez, quando precisou ser operada, adiou por um dia a cirurgia. A operação estava marcada para o dia 23 de agosto, mas coincidia com o dia da apresentação do seu grupo de teatro. Ela não teve dúvidas e pediu para o médico mudar a data. Quando ficou sabendo do motivo, o profissional remarcou para o dia seguinte. Neusa então se apresentou, saiu de cena, viajou a Barretos e foi cuidar da saúde.
Maria Aparecida e Antonio Pivaro formam mais um casal que freqüenta a entidade. Lá eles participam do grupo de seresteiros, da ginástica e oficina da memória. Nas atividades e convívio com os amigos eles encontram forças para superar a perda de uma filha.
Um caso parecido com o do casal acima é o de Maria Aparecida Barros, que participa do Psicodrama e ajuda na cozinha. Ela recebeu a noticia do infarto e da morte do filho dentro da UNATI. Foi um choque, ela se afastou por quatro dias e depois retornou às aulas, pois garante que está ali sua fonte de força.
Elza Gregolin também encontra na UNATI a força da superação. Há um mês perdeu seu marido, que estava com câncer. De lá prá cá freqüenta a entidade para não ficar em casa sozinha. Revela que durante os dois anos que o marido ficou doente passou seus dias no hospital e que agora busca aprendizado e novos amigos.
A fotógrafa Ormy Angeluci já é velha conhecida dos palcos. Atuante do grupo Vá...Idade, já participou de várias peças e atualmente está empenhada em um belo projeto: a construção e revitalização do jardim da UNATI, que será usado também para meditação, reflexão e aulas de yoga.
Na UNATI é possível encontrar até miss. Vilma Munhoz Teixeira é a atual Miss Regional da Terceira Idade. Ela se mudou há quatro anos para Fernandópolis e um dia, quando conhecia a cidade, passou em frente à sede da UNATI e resolveu parar. Nunca mais saiu de lá e diz que começou a viver de verdade depois que conheceu a universidade. Brincando, diz que até aprendeu a pescar com os novos amigos que conquistou.
Flor de Liz Colombano, filha de um pioneiro de Fernandópolis o saudoso Corinto Carneiro - também se matriculou na universidade em busca de novas amizades. Hoje ela participa das aulas de artesanato, do grupo de seresteiros e do coral.
Sueli Stegun é daquelas pessoas especiais. Como dizem por aí, é pau prá toda obra. Mesmo tendo superado um câncer de mama, ela encontra forças para participar de quase todas as atividades oferecidas pela UNATI. Quando é preciso, ela se transforma em maquiadora, iluminadora, coreógrafa, atriz, contadora de histórias um verdadeiro coringa. Quando estava em tratamento em Barretos chegou a se vestir de palhaço e visitar as alas para levar alegria às pessoas que estavam em busca de tratamento tal como ela.