Lazara do Prado Rodrigues, 88 anos. Os últimos quinze sem ir ao médico

20 de Agosto de 2025

Compartilhe -

Lazara do Prado Rodrigues, 88 anos. Os últimos quinze sem ir ao médico
Época de Natal, de nascimento, renovação dos votos. Enfim, de vida nova e bola prá frente. E não tem como falar de vidas novas sem citar Dona Lazara, que em seus incríveis e lúcidos 88 anos já “colocou” no mundo, como parteira, mais de 150 crianças na região de Jales onde morava antes de se mudar para Fernandópolis, há exatos 34 anos.

Com uma família numerosa- 11 filhos (três falecidos), 48 netos, 72 bisnetos e 20 tataranetos- e sem esquecer o nome de cada um deles, ela vive no Jardim Paulista, em uma casa simples, apenas na companhia de Deus e dos familiares que passam para dar um beijo e fazer um agrado na anciã.

Dona Lazara conta que durante muito tempo morou num sitio, e que o marido formava roça - Francisco faleceu faz 17 anos. “Ele ia viajar e trazia os baianos para trabalhar com a gente. Eu cozinhava para os peões e socava arroz no pilão. Minha vida era cuidar dos filhos (nascia quase um por ano), cozinhar e ajudar as grávidas”, relata ela, que carrega o orgulho de nenhuma mãe ou criança ter morrido em seus braços.

Na época em que era parteira, muitas vezes só conhecia as mulheres na hora do parto e quando precisava ficava na casa quantos dias fossem necessários até a criança nascer.
Hoje leva uma vida sossegada, lava, passa, cozinha e confessa não gostar de ter ninguém em casa fazendo o serviço por ela. Sai de casa apenas para ir à Igreja Cristã do Brasil, que freqüenta faz 45 anos e que agora depende da carona dos netos para chegar ao culto, pois as pernas já não agüentam mais a distância.

Outro motivo que faz de Dona Lazara uma pessoa diferente, especial, é o fato de não precisar ir ao médico há mais de 15 anos. Ela não adoece, e quanto mais o tempo passa, mais aprende a viver.

Os raros momentos em que o sorriso se esconde do rosto é quando fala dos filhos que morreram e da saudade que tem das terras em que morava: “Lá eu era feliz, aqui quase não tive felicidade”.

Essa matéria foi uma sugestão de um leitor que mandou um e-mail para o Fale Conosco, do site www.cidadaonet.com.br