Ex-estudante da FEF reabilita povos indígenas na Amazônia

20 de Agosto de 2025

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Ex-estudante da FEF reabilita povos indígenas na Amazônia
Concluir uma faculdade, conseguir um bom emprego e ter um bom retorno do investimento feito no curso é o sonho de todo universitário. Diferente da maioria, Vagner Amauri Silva de Carvalho, 26, egresso do curso de Fisioterapia da Fundação Educacional de Fernandópolis (FEF) optou por desenvolver um trabalho voluntário com povos indígenas na Amazônia.

A ideia de trabalhar entre os índios surgiu quando ele ainda estava na faculdade. No final do curso, Vagner, conhecido como “Indião”, propôs um desafio para seus companheiros de classe: fazer um estágio com a Missão Jocum (Jovens Com Uma Missão) entre os índios, na Amazônia. O desafio foi aceito por 16 alunos. Foram 23 dias na selva Amazônica, entre os povos ribeirinhos (índios e caboclos que vivem às margens dos rios).

Lá, as condições de vida são precárias, não há saneamento básico, saúde nem higiene. Sem banheiros e sem condições de tratar a água que bebem, as crianças ficam expostas a diversos tipos de males e doenças. As casas são pequenas choupanas que abrigam as famílias compostas de muitos membros – uma vez que um homem pode ter várias mulheres.

Um dos aspectos mais chocantes da cultura é o infanticídio. Crianças que nascem com algum tipo de defeito físico, acabam sendo enterradas vivas, pois a tradição ensina que um espírito maligno rouba a alma delas, por isso devem ser mortas.

No final do estágio, alguns não suportaram viajar dois dias de ônibus para chegar a Fernandópolis; deram um jeito de comprar uma passagem aérea e “encurtar a distância”.
O restante veio embalado pelo chacoalhar do ônibus, compartilhando as experiências vividas que, com certeza, marcaram para sempre a vida de cada universitário.

Diferente dos demais colegas, Indião voltou para casa, mas com vontade de ficar. Durante o curto período de conclusão do curso que lhe restava, ele alimentou o sonho de regressar e poder ajudar àqueles povos que “tão pouco têm da vida”.
Após concluir o curso, Vagner não pensou duas vezes. No dia da colação de grau suas malas já estavam prontas para partir, no dia seguinte, para Porto Velho, em busca da concretização do seu sonho.

E como diz o ditado, “atrás de um grande homem sempre há uma grande mulher”. Por falta de uma, Indião tinha duas: Simone, a esposa, e a filha Sophia. Com sua família constituída e o “canudo” nas mãos, ele podia partir para Rondônia e dar início à sua profissão. Porém sua esposa também tinha um sonho, que era o de ser missionária.

Através da ajuda da Base da Jocum de Porto Velho, Vagner passou a atuar não só como fisioterapeuta, mas como missionário – ao lado de Simone. O projeto do casal é montar uma clínica de fisioterapia para oferecer qualidade de vida aos povos indígenas através de atendimento gratuito.

Para concretização desse sonho, eles precisam de no mínimo R$ 65 mil. Para tanto, voltaram a Fernandópolis para divulgar o projeto – denominado Jocum Fisio – e conseguir parceiros para dar início ao trabalho. No próximo mês eles retornarão para Rondônia para cuidar dos povos indígenas e Ribeirinhos da Amazônia. Até lá, aceitam convites para dar palestras na cidade e região.