O que seria de nós se não fossem os nossos anjos da guarda aqui da terra? Pensando nessa pergunta e imaginando uma resposta, podemos começar a olhar ao nosso redor. Eles se apresentam de várias formas, tamanhos e cores, mas sempre estão lá quando alguém precisa deles.
Na Rua Manoel Ramos, na altura do número 70, em Fernandópolis, é possível encontrar dois deles: Ilda e Milton Moraes. Um casal, de vida simples, que doa o tempo e o trabalho para cuidar de Antonio Francisco, 58, e Gersina Francisca de Jesus, 75.
Tudo começou a mudar na vida deles quando Antonio, que era comerciante e proprietário de uma mercearia num bairro da cidade, teve que ir ao antigo postão de saúde para uma consulta médica. Segundo a família ele estava dentro da circular quando um dos funcionários da empresa de transportes deu um chute em suas pernas. Antonio se desequilibrou e caiu na rua, batendo a cabeça em uma pedra e as costas na sarjeta.
De lá prá cá as crises emocionais foram constantes e ele já não podia mais viver sozinho. Sua esposa o abandonou e para que ele não ficasse sem cuidados, a irmã Ilda e o cunhado Milton decidiram levar o doente para casa.
Os problemas se agravaram e Antonio foi perdendo os movimentos até precisar amputar uma das pernas. Hoje ele movimenta apenas os braços e fica deitado o tempo todo.
Vendo o sofrimento do filho, dona Gersina também adoeceu e mais uma vez os anjos da guarda entraram em ação. Ilda colocou uma cama no quarto de Antonio e atualmente cuida dos dois.
Milton, que é vigilante noturno, passa algumas noites fora de casa, mas durante o dia ajuda a esposa Ilda nos serviços de casa. Quando é preciso também dá banho no cunhado. Além disso, dois netos ficam com eles durante o dia para a mãe trabalhar.
Eles também enfrentam a falta de dinheiro para custear os remédios, que muitas vezes não são entregues pelo governo.
O Natal que se aproxima não será diferente dos outros: sobrará amor e confiança em Deus. Dois ingredientes que sustentam a força do casal. Ilda se emociona ao dizer que em datas especiais como essas a família se reúne, mas fazer festa fica difícil. Eles passam as noites de Natal e Ano Novo sentados na calçada, olhando o céu, admirando os fogos e sonhando com dias melhores.