Evandro Pelarin nasceu em Jales, mas viveu toda sua infância e juventude em Cassilândia (MS). Começou a trabalhar cedo - aos dez anos, já ajudava o pai no comércio de peças de trator.
Para os que pensam que Pelarin era um garoto retraído, ele mesmo revela: Vou confessar: nunca fui um garoto bagunceiro, mas também não fui santo. Certa vez levei para casa uma advertência da professora, por escrito, e minha mãe me bateu muito. Outra vez meus pais ficaram muito bravos porque cheguei à nosa casa no camburão da polícia, porque eu e um colega estávamos brincando com uma espingarda de chumbo. Meus pais então disseram que não queriam ter um filho que lhes causasse vergonha. Aquilo me marcou muito. Se não fosse a firmeza dos meus pais proibindo, restringindo, não sei se teria a mesma sorte, afirmou.
Aos 14 anos, Evandro foi para São José do Rio Preto estudar num cursinho, e passou a morar sozinho em uma pensão. Este período lhe trouxe uma precoce maturidade, que muito iria lhe valer no futuro. Sobre suas costas pesava a responsabilidade de ter que passar em uma faculdade pública, pois seus pais já haviam avisado que não lhe pagariam um curso de nível superior.
Sua mãe queria que ele cursasse Medicina, mas Pelarin achou que não teria capacidade para passar, então optou por fazer a faculdade de Direito. Escolhi Direito porque havia feito um teste vocacional que apontou que Humanas era minha área. Mas após um ano de faculdade, voltei para casa e disse aos meus pais que não queria mais estudar; mas apenas trabalhar no comércio com meu pai. Então minha mãe me disse: A vida não é só fazer o que você quer, é muito mais que isso. É o que você quer e o que você não quer também. Então voltei para a faculdade e a conclui.
Após o término do curso, Evandro voltou para Cassilândia e ficou por oito meses trabalhando com o pai, até que sua mãe sugeriu que prestasse concurso para juiz. Ele, então, se mudou para São Paulo e passou a batalhar por esse sonho. Trabalhava em três serviços diferentes, levantava todos os dias às 5h, estudava no ônibus, nas horas vagas, aos finais de semana. Depois de um ano e meio na capital, Pelarin conseguiu passar no concurso. Sua intenção era escolher o município de Jales para atuar, mas o candidato classificado duas posições à sua frente, em 11º, escolheu essa cidade e Evandro acabou optando por Fernandópolis.
Chegou aqui como juiz substituto, mas acabou se tornando titular de Estrela D´Oeste e ficou lá por sete anos e meio. Em 4 de fevereiro de 2005 foi transferido para Fernandópolis. Em pouco tempo, Pelarin ganhou popularidade ao implantar o Toque de Recolher. Em 2007, foi manchete de vários veículos de comunicação ao autorizar um adolescente de 13 anos a trabalhar. Nesse período, foi rotulado pela imprensa de juiz linha dura.
Este ano, Evandro venceu mais uma batalha quando o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu que o Toque de Recolher que vinha sendo alvo de algumas críticas - poderia ser mantido nos municípios onde já havia sido adotado e que a medida ficaria a cargo dos magistrados.
Pelarin diz ter uma grande dívida para com a magistratura, por lhe ter permitido conhecer tantas pessoas e ter criado grandes amigos. A magistratura me cutucou a ter que entender o ser humano nesse difícil exercício de julgar e isso me tornou uma pessoa melhor. Aprendi que devemos ouvir sempre e levar em consideração o que as pessoas pedem. Outra coisa que aprendi é que não devemos nos sentir especiais. A pessoa não deve se colocar em posição especial e não se tratar de forma diferente - é o segredo para se conquistar amizade e respeito.
Atualmente, Evandro tem concentrado seus esforços em outro difícil exercício: o de ser pai. O juiz e a esposa Fabiana têm dois filhos Laura, de três anos e Davi, de onze meses. O maior desafio do casal é criar e educar os filhos. Não sou de ficar planejando muitas coisas para a vida. Apenas quero ver o crescimento dos meus filhos e estou me preparando para o desafio da educação. Essa é minha grande tarefa como pessoa, concluiu Evandro Pelarin.