Faturamento das MPEs tem primeira alta em 12 meses

20 de Agosto de 2025

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Faturamento das MPEs tem primeira alta em 12 meses
Em outubro, as micro e pequenas empresas paulistas (MPEs) apresentaram variação positiva de 0,5% no faturamento, na comparação com outubro de 2008. Trata-se da primeira alta no faturamento, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, desde o início da crise financeira internacional, em setembro do ano passado.

O resultado foi positivo e foi puxado pelo comércio, que registrou no período uma alta de 6,1%. Já os setores de serviços (-6,4%) e indústria (-5,1%) registraram queda nas receitas.

De acordo com os resultados obtidos até outubro, projeta-se que as MPEs devem fechar 2009 com uma queda de faturamento da ordem de 4,5% sobre 2008.

Esse resultado incorpora a recuperação das vendas verificada nos últimos meses e as perspectivas positivas de vendas para o Natal. “Projeta-se que as vendas das MPEs, em dezembro de 2009, superem as de dezembro de 2008 em cerca de 10%”, analisa Ricardo Tortorella, diretor-superintendente do Sebrae-SP.

Para o resultado anual, a tendência é de perda de receita, uma vez que o primeiro semestre apresentou resultados fracos. As MPEs iniciaram 2009 com queda de 16,5% na receita, na comparação de janeiro/2009 com janeiro/2008.

“O desempenho por setores indica que o comércio vem puxando a retomada do segmento ao longo do ano”, acrescenta Pedro João Gonçalves, consultor do Sebrae-SP e coordenador da pesquisa.

A crise restringiu a oferta de crédito. Assim, as atividades que vendem bens de maior valor unitário e que são mais dependentes de vendas financiadas foram mais afetadas, por exemplo, a indústria e os serviços prestados às empresas.

Como o poder aquisitivo da população permaneceu relativamente estável, as atividades que vendem bens de menor valor unitário tendem a “puxar” a recuperação. Entre tais atividades estão o comércio e os serviços prestados ao consumidor final.


Comparação mês a mês

Na comparação de outubro de 2009 com o mês anterior, as MPEs tiveram aumento de 4,6% no faturamento, em relação a setembro. Por setores, os resultados foram mais positivos para o setor de serviços (+9,4%), seguido pelo comércio (+3,5%) e pela indústria (+1,9%).


Para Tortorella, apesar das dificuldades enfrentadas em 2009, deve ser destacado o otimismo das micro e pequenas empresas: “As expectativas dos empresários são de recuperação do faturamento nos próximos meses. Se essas perspectivas se confirmarem, as micro e pequenas empresas deverão contribuir para o crescimento da economia em 2010”.

“Os negócios de micro e pequeno porte são parte relevante da economia, representando 98% dos estabelecimentos e cerca de dois terços das ocupações do setor privado paulista”, completa Tortorella.


Cenário econômico

Em 2009, o impacto da crise financeira internacional no Brasil foi menor que nas chamadas economias avançadas, como os EUA e os países da Europa Ocidental, onde são projetadas quedas expressivas no produto interno bruto (PIB).

O desempenho da economia brasileira vem sendo sustentado pelo crescimento do mercado interno, devido à manutenção do poder aquisitivo da população. O controle da inflação colabora para esse fato. Nesse quadro, dado o perfil de seu universo, as MPEs deverão acompanhar a tendência geral da economia brasileira.

É provável que os setores mais ligados ao mercado interno e cujo consumo dependa mais da renda do que do crédito continuem “puxando” a retomada, como os de comércio e serviços prestados ao consumidor. “As atividades industriais, os fornecedores que dependem fortemente da indústria e as atividades ligadas à exportação tendem a apresentar uma trajetória de recuperação mais lenta”, explica Gonçalves.

A pesquisa Indicadores Sebrae-SP é realizada pelo Sebrae-SP, com a colaboração da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). São entrevistadas, mensalmente, 2.700 micro e pequenas empresas da indústria de transformação, do comércio e serviços.

O estudo completo está disponível no portal do Sebrae-SP (www.sebraesp.com.br), na página Conhecendo as MPEs.